São Paulo, domingo, 13 de maio de 2007

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Reforma é chave para a produtividade, diz economista do Bird

Segundo Vinod Thomas, economias de Brasil, China e Índia dependem de mudanças para desempenho "forte e sustentado"

Especialista apresentará avaliação durante o 19º Fórum Nacional de Altos Estudos, que começa amanhã, no Rio de Janeiro

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Ganhos de produtividade resultantes de reformas socioeconômicas são "a chave" para desempenho "forte e sustentado" das economias do Brasil, da China e da Índia. É o diagnóstico que o diretor de Avaliação Geral do Banco Mundial, Vinod Thomas, apresentará no 19º Fórum Nacional de Altos Estudos, que começa amanhã. Nos três países, a produtividade cresceu com abertura comercial e do setor financeiro e desregulamentação da indústria.
O problema é que o Brasil ficou para trás nos ganhos de produtividade -maior produção por trabalhador, considerando o avanço educacional da força de trabalho e a modernização da produção-, desde os anos 80, por causa da instabilidade macroeconômica.
De 1978 a 2004, a alta produtividade da Índia contribuiu com 30% do crescimento do PIB médio de 5,4% ao ano. Na China, onde a produtividade foi sempre maior, seu peso era de 41%, e crescimento médio de 9,3%. De 2003 a 2005, a Índia aumentou seu crescimento médio para 8,1% na esteira do aumento do peso da produtividade no PIB -43,5%.
Já o Brasil viveu um período de fortes ganhos de produtividade nos anos 60 e 70, com contribuição de 29% e 37% do crescimento econômico, respectivamente. E o resultado foram altas taxas de crescimento -5,9% e 8,5% na média anual.
Nos anos 80 e 90, o cenário se inverteu e a produtividade contribuiu negativamente, reduzindo o potencial de crescimento do país. Resultado, segundo o estudo de Thomas, da instabilidade macroeconômica -o país vivia o período de hiperinflação e de crise fiscal. Nessas décadas, o PIB brasileiro subiu só 3% e 1,8% em média.
Sem citar números, Thomas, que foi diretor do Bird no Brasil de 2001 a 2005, afirma que a produtividade voltou a crescer somente em meados dos anos 90 no país, com as reformas e a estabilização introduzidas pelo Plano Real. O novo cenário assegurou crescimento um pouco maior de 2000 a 2005 -3%, em média, mas bem abaixo do da China e da Índia.
No estudo, Thomas mostra que, em 82% dos países com expansão do PIB superior a 5% ao ano, a contribuição da produtividade é maior do que 30%. Aí está o desafio do Brasil, diz o estudo. Como ponto em comum, Thomas cita a desigualdade na distribuição de renda no Brasil, na Índia e na China -"uma restrição comum, que prejudica as perspectivas de crescimento".
Ele avalia que um dos pilares do sucesso chinês, e um modelo a ser seguido, é a aposta em inovação. "Para se tornarem competitivos, os outros países devem igualar ou ultrapassar os investimentos em tecnologia e inovação." Na visão de Thomas, o Brasil "está indo bem" em pesquisa, desenvolvimento humano e infra-estrutura de telecomunicações e tecnologia da informação, apesar da necessidade de "maior ênfase na economia do conhecimento".


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