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Reforma é chave para a produtividade, diz economista do Bird
Segundo Vinod Thomas, economias de Brasil, China e Índia dependem de mudanças para desempenho "forte e sustentado"
Especialista apresentará avaliação durante o 19º Fórum Nacional de Altos Estudos, que começa amanhã, no Rio de Janeiro
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Ganhos de produtividade resultantes de reformas socioeconômicas são "a chave" para
desempenho "forte e sustentado" das economias do Brasil, da
China e da Índia. É o diagnóstico que o diretor de Avaliação
Geral do Banco Mundial, Vinod
Thomas, apresentará no 19º
Fórum Nacional de Altos Estudos, que começa amanhã. Nos
três países, a produtividade
cresceu com abertura comercial e do setor financeiro e desregulamentação da indústria.
O problema é que o Brasil ficou para trás nos ganhos de
produtividade -maior produção por trabalhador, considerando o avanço educacional da
força de trabalho e a modernização da produção-, desde os
anos 80, por causa da instabilidade macroeconômica.
De 1978 a 2004, a alta produtividade da Índia contribuiu
com 30% do crescimento do
PIB médio de 5,4% ao ano. Na
China, onde a produtividade foi
sempre maior, seu peso era de
41%, e crescimento médio de
9,3%. De 2003 a 2005, a Índia
aumentou seu crescimento
médio para 8,1% na esteira do
aumento do peso da produtividade no PIB -43,5%.
Já o Brasil viveu um período
de fortes ganhos de produtividade nos anos 60 e 70, com
contribuição de 29% e 37% do
crescimento econômico, respectivamente. E o resultado foram altas taxas de crescimento
-5,9% e 8,5% na média anual.
Nos anos 80 e 90, o cenário se
inverteu e a produtividade contribuiu negativamente, reduzindo o potencial de crescimento do país. Resultado, segundo o estudo de Thomas, da
instabilidade macroeconômica
-o país vivia o período de hiperinflação e de crise fiscal. Nessas décadas, o PIB brasileiro
subiu só 3% e 1,8% em média.
Sem citar números, Thomas,
que foi diretor do Bird no Brasil
de 2001 a 2005, afirma que a
produtividade voltou a crescer
somente em meados dos anos
90 no país, com as reformas e a
estabilização introduzidas pelo
Plano Real. O novo cenário assegurou crescimento um pouco
maior de 2000 a 2005 -3%, em
média, mas bem abaixo do da
China e da Índia.
No estudo, Thomas mostra
que, em 82% dos países com expansão do PIB superior a 5% ao
ano, a contribuição da produtividade é maior do que 30%. Aí
está o desafio do Brasil, diz o estudo. Como ponto em comum,
Thomas cita a desigualdade na
distribuição de renda no Brasil,
na Índia e na China -"uma restrição comum, que prejudica as
perspectivas de crescimento".
Ele avalia que um dos pilares
do sucesso chinês, e um modelo
a ser seguido, é a aposta em inovação. "Para se tornarem competitivos, os outros países devem igualar ou ultrapassar os
investimentos em tecnologia e
inovação." Na visão de Thomas,
o Brasil "está indo bem" em
pesquisa, desenvolvimento humano e infra-estrutura de telecomunicações e tecnologia da
informação, apesar da necessidade de "maior ênfase na economia do conhecimento".
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