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Frentes de trabalho já foram propostas em várias épocas
ALESSANDRA KORMANN
do Banco de Dados
A criação de frentes de trabalho
urbanas para absorver desempregados excluídos do mercado por
crises econômicas não é novidade
e já foram muitas vezes propostas
por economistas e sindicatos.
Em 1933, nos Estados Unidos, na
época da Grande Depressão gerada pela quebra da Bolsa de Nova
York em 1929, o então presidente
Franklin Roosevelt criou o "New
Deal", um programa de intervenção do Estado na economia.
Baseado em investimentos públicos, o plano incluía medidas de
proteção social, transferência da
população das cidades para o campo e criação de frentes de trabalho.
No ano passado, o Reino Unido
também lançou o seu "New Deal",
formulado pelo governo trabalhista de Tony Blair para reduzir índices de desemprego, principalmente entre jovens. O programa já conseguiu a recolocação de mais de
100 mil pessoas. Um dos 28 projetos-piloto em teste do "New Deal"
britânico pretende até pagar a operação para retirada de tatuagens de
desempregados, desde que elas sejam o empecilho para a sua volta
ao mercado de trabalho.
No Brasil, desde a grande seca de
1958, as frentes de trabalho foram
utilizadas como instrumento de
auxílio aos flagelados do Nordeste.
Pagando salários irrisórios, porém às vezes a única fonte de renda
das vítimas da seca, as frentes de
trabalho foram sendo adotadas
nas épocas de estiagem mais intensa como uma medida paliativa. Os
projetos de combate à seca que trariam soluções mais duradouras,
como a transposição das águas do
rio São Francisco, até hoje não foram realizados.
Em 1990, o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo suspendeu um projeto da então prefeita
Luiza Erundina, que pretendia dar
emprego temporário em obras
municipais a mais de 8.000 desempregados. O programa, chamado
Frentes de Trabalho, foi considerado ilegal por fornecer emprego
sem concurso público e por causa
da proximidade das eleições estaduais daquele ano.
Em 1997, cidades paulistas como
São José dos Campos e Franca adotaram frentes de trabalho para ajudar desempregados e sem-teto. No
mesmo ano, o prefeito de São Paulo, Celso Pitta, tentou implantar
uma frente de trabalho para empregar moradores de rua nos serviços de limpeza urbana. Apesar
de mais de mil pessoas terem sido
cadastradas e aprovadas nos testes, apenas 450 chegaram a ser empregadas pelas quatro empresas
que cuidam da limpeza da cidade.
Agora, como tentativa de recuperar sua imagem, abalada pelo escândalo da máfia da propina, Pitta
transformou em lei um programa
de frentes de trabalho urbanas,
proposto pela Força Sindical.
Mais de 50 mil pessoas se cadastraram para concorrer às 10 mil vagas do chamado Programa de Incentivo ao Trabalho e Requalificação Profissional, para trabalhar em
conservação e limpeza das ruas. A
Prefeitura de São Paulo já recebeu
pedidos de informações de dez
municípios sobre o projeto.
O governador de São Paulo, Mário Covas, também anunciou o seu
programa de frentes de trabalho,
que pretende dar qualificação profissional a 50 mil pessoas nos próximos seis meses. O projeto ainda
deve ser enviado à Assembléia Legislativa.
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