São Paulo, quinta-feira, 13 de junho de 2002

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Para analistas, Copom não vai cortar os juros

DA REPORTAGEM LOCAL

As turbulências dos últimos dias impedirão, na avaliação de analistas, que o Banco Central reduza as taxas de juros na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). O comitê se reúne nos próximos dias 18 e 19.
Nas últimas semanas, o consenso era de que os juros cairiam, já que a inflação começava a ceder. Ontem, o IBGE revelou que a inflação medida pelo IPCA (taxa considerada pelo BC para monitorar a inflação) em maio, de 0,21%, foi até menor do que a projetada pelo mercado.
A boa notícia, no entanto, veio no mesmo dia em que o dólar chegou ao segundo maior valor já registrado desde o início do Real. Como não é possível saber se a alta registrada nos últimos dias é temporária ou definitiva, o BC deve ser cauteloso e manter as taxas. Há quem fale até em elevação dos juros. A taxa básica definida pelo BC está em 18,5% ao ano desde março, o que coloca o Brasil entre os países que têm as maiores taxas de juros reais do mundo.
"O BC deu sinais de que queria cortar juros, mas com câmbio a R$ 2,80, as chances de corte são muito reduzidas", diz Dawber Gontijo, estrategista-chefe do HSBC Investment Bank.
Os mercados futuros já sinalizam um maior pessimismo. Ontem, os contratos de mercados futuros projetavam juros de 22,34% para janeiro de 2003. Na quarta-feira da semana passada, a projeção era de 19,03%.
Fernando Ferreira, da Global Invest, diz que o Copom não aproveitou as oportunidades que teve para cortar os juros. "Agora ficou numa situação péssima. Não reduziu a taxa antes, e, agora que a inflação começa a cair, a alta do dólar impedirá a redução dos juros."
A alta do dólar pode impedir uma queda dos juros porque os produtos importados ficam mais caros em reais. O repasse desses aumentos de preços dos importados pode elevar a inflação.
Oscilações temporárias do dólar não causam mudança imediata nos preços dos importados, mas se elas persistem, os preços começam a ser reajustados.
O problema é que a reunião do Copom acontece na próxima semana. Se os mercados não se acalmarem, não há como afirmar se as altas do dólar serão revertidas.
Os analistas da LCA Consultores, por exemplo, dizem que isso não deve ocorrer, e que o BC, portanto, não poderá baixar os juros. "Ao contrário: agora a autoridade monetária pode se dar por satisfeita se tiver condições objetivas e discurso convincente para não elevar os juros", afirma relatório da consultoria. (MB)


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