|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para analistas, Copom não vai cortar os juros
DA REPORTAGEM LOCAL
As turbulências dos últimos dias impedirão, na avaliação de
analistas, que o Banco Central reduza as taxas de juros na próxima
reunião do Copom (Comitê de
Política Monetária). O comitê se
reúne nos próximos dias 18 e 19.
Nas últimas semanas, o consenso era de que os juros cairiam, já
que a inflação começava a ceder.
Ontem, o IBGE revelou que a inflação medida pelo IPCA (taxa
considerada pelo BC para monitorar a inflação) em maio, de
0,21%, foi até menor do que a projetada pelo mercado.
A boa notícia, no entanto, veio
no mesmo dia em que o dólar
chegou ao segundo maior valor já
registrado desde o início do Real.
Como não é possível saber se a alta registrada nos últimos dias é
temporária ou definitiva, o BC deve ser cauteloso e manter as taxas.
Há quem fale até em elevação dos
juros. A taxa básica definida pelo
BC está em 18,5% ao ano desde
março, o que coloca o Brasil entre
os países que têm as maiores taxas
de juros reais do mundo.
"O BC deu sinais de que queria
cortar juros, mas com câmbio a
R$ 2,80, as chances de corte são
muito reduzidas", diz Dawber
Gontijo, estrategista-chefe do
HSBC Investment Bank.
Os mercados futuros já sinalizam um maior pessimismo. Ontem, os contratos de mercados futuros projetavam juros de 22,34%
para janeiro de 2003. Na quarta-feira da semana passada, a projeção era de 19,03%.
Fernando Ferreira, da Global
Invest, diz que o Copom não
aproveitou as oportunidades que
teve para cortar os juros. "Agora
ficou numa situação
péssima. Não reduziu a taxa antes, e, agora que a inflação começa
a cair, a alta do dólar impedirá a
redução dos juros."
A alta do dólar pode impedir
uma queda dos juros porque os
produtos importados ficam mais
caros em reais. O repasse desses
aumentos de preços dos importados pode elevar a inflação.
Oscilações temporárias do dólar
não causam mudança imediata
nos preços dos importados, mas
se elas persistem, os preços começam a ser reajustados.
O problema é que a reunião do
Copom acontece na próxima semana. Se os mercados não se acalmarem, não há como afirmar se
as altas do dólar serão revertidas.
Os analistas da LCA Consultores, por exemplo, dizem que isso
não deve ocorrer, e que o BC, portanto, não poderá baixar os juros.
"Ao contrário: agora a autoridade
monetária pode se dar por satisfeita se tiver condições objetivas e
discurso convincente para não
elevar os juros", afirma relatório
da consultoria. (MB)
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: FHC receita calmante a mercado nervoso Índice
|