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PERDAS E DANOS
Presidente afirma que "o que não pode é o paciente ficar todo prejudicado por um dia de nervosismo"
FHC receita calmante a mercado nervoso
WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem, em
tom jocoso, que o nervosismo do
mercado financeiro se resolve
com calmante. Sua afirmação foi
feita pela manhã, antes da alta do
dólar, que fechou cotado a R$
2,795.
"O mercado fica nervoso? Dá
calmante, passa. O que não pode
deixar é o paciente ficar todo ele
prejudicado por aquele dia de
nervosismo, tem que manter o
equilíbrio das coisas", disse ele, ao
discursar em cerimônia do Instituto Rio Branco, no Itamaraty.
Antes de comentar o nervosismo do mercado, o presidente dizia que o Mercosul sobreviverá à
crise da Argentina, à discussão da
Alca (Área de Livre Comércio das
Américas) e às negociações de
acordos comerciais com a União
Européia. Segundo ele, o Mercosul não será construído em um
ano nem em um dia em que o
mercado fica nervoso.
"Agora, com a situação da Argentina, as cassandras [pessoas
que profetizam desgraças" já estão vaticinando tragédia por não
saberem colocar a realidade em
perspectiva. E aí é preciso ver que
o Mercosul tem laço histórico,
cultural e político e é imune à especulação", disse.
FHC afirmou que o novo sistema cambial do governo Duhalde
permite que se volte a sonhar com
uma moeda única para o Mercosul. "Por que não insistir nisso,
para manter viva a idéia de que temos interesses comuns?"
Para o presidente, a Alca e os
acordos em discussão com a
União Européia são muito importantes, mas o Mercosul é mais. Ele
disse estar seguro de que, qualquer que seja o desenlace das negociações hemisféricas e inter-regionais, o Mercosul prevalecerá.
"A discussão da Alca não deve
nunca fazer com que nós deixemos à margem a nossa vizinhança
imediata e os mecanismos de integração com essa região da América do Sul", afirmou.
O presidente lembrou que houve muitas crises desde a criação
do Mercosul e, entretanto, poucos
acordos regionais tiveram tão rapidamente um efeito tão positivo
sobre o comércio.
Segundo ele, as crises estão sempre presentes, mas é preciso ver o
potencial de renovação que está
embutido nessas situações.
FHC afirmou que hoje há condições mais maduras para um
acordo do Mercosul com a comunidade andina. Disse que estará
no Equador no final de julho,
dando seguimento à criação de
um espaço econômico sul-americano, inspirado no Mercosul.
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