São Paulo, quinta-feira, 13 de junho de 2002

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PERDAS E DANOS

Presidente afirma que "o que não pode é o paciente ficar todo prejudicado por um dia de nervosismo"

FHC receita calmante a mercado nervoso

WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem, em tom jocoso, que o nervosismo do mercado financeiro se resolve com calmante. Sua afirmação foi feita pela manhã, antes da alta do dólar, que fechou cotado a R$ 2,795.
"O mercado fica nervoso? Dá calmante, passa. O que não pode deixar é o paciente ficar todo ele prejudicado por aquele dia de nervosismo, tem que manter o equilíbrio das coisas", disse ele, ao discursar em cerimônia do Instituto Rio Branco, no Itamaraty.
Antes de comentar o nervosismo do mercado, o presidente dizia que o Mercosul sobreviverá à crise da Argentina, à discussão da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e às negociações de acordos comerciais com a União Européia. Segundo ele, o Mercosul não será construído em um ano nem em um dia em que o mercado fica nervoso.
"Agora, com a situação da Argentina, as cassandras [pessoas que profetizam desgraças" já estão vaticinando tragédia por não saberem colocar a realidade em perspectiva. E aí é preciso ver que o Mercosul tem laço histórico, cultural e político e é imune à especulação", disse.
FHC afirmou que o novo sistema cambial do governo Duhalde permite que se volte a sonhar com uma moeda única para o Mercosul. "Por que não insistir nisso, para manter viva a idéia de que temos interesses comuns?"
Para o presidente, a Alca e os acordos em discussão com a União Européia são muito importantes, mas o Mercosul é mais. Ele disse estar seguro de que, qualquer que seja o desenlace das negociações hemisféricas e inter-regionais, o Mercosul prevalecerá.
"A discussão da Alca não deve nunca fazer com que nós deixemos à margem a nossa vizinhança imediata e os mecanismos de integração com essa região da América do Sul", afirmou.
O presidente lembrou que houve muitas crises desde a criação do Mercosul e, entretanto, poucos acordos regionais tiveram tão rapidamente um efeito tão positivo sobre o comércio.
Segundo ele, as crises estão sempre presentes, mas é preciso ver o potencial de renovação que está embutido nessas situações.
FHC afirmou que hoje há condições mais maduras para um acordo do Mercosul com a comunidade andina. Disse que estará no Equador no final de julho, dando seguimento à criação de um espaço econômico sul-americano, inspirado no Mercosul.



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