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São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2003

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DINHEIRO CURTO

Vendas a prazo mais longo no Natal resultam, cinco meses depois, em 3,27 milhões de cheques devolvidos

Cheques sem fundos têm recorde em maio

ALESSANDRA MILANEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O número de cheques devolvidos por falta de fundos em maio foi o maior desde 1991, quando a Serasa começou a fazer esse cálculo. Em todo o país, foram 3,27 milhões de cheques devolvidos no mês passado -ou 17,6 a cada 1.000 compensados, também um recorde.
Em relação ao mesmo mês do ano passado, a alta foi de 18,1%, de acordo com a pesquisa. O índice de maio superou até mesmo o registrado em março -16,7 cheques sem fundos a cada 1.000 compensados-, mês em que tradicionalmente ocorre o pico de inadimplência do início do ano.
Na comparação com abril deste ano, a alta foi de 8,6%. No acumulado do ano, houve aumento de 7,5% em relação aos primeiros cinco meses do ano passado.
Para Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa, o desaquecimento da economia, o aumento do desemprego e o alongamento dos prazos de pagamento no último Natal causaram a alta no número de cheques sem fundos. "O ano passado inteiro foi um ano "patinando". O modo que os varejistas encontraram para vender foi alongar o prazo", diz.
Segundo ele, isso afetou o desempenho de outras datas importantes para o varejo, como o Dia das Mães e o Dia dos Namorados. "O consumidor deixou de comprar por não querer se endividar mais. Foi uma política boa para a época, mas da qual agora estamos colhendo os resultados."
As vendas no último final de semana antes do Dia dos Namorados ficaram apenas 0,9% acima do mesmo período do ano passado, de acordo com o levantamento da Serasa.
Na semana do Dia das Mães, as vendas tiveram alta de 4,8% em relação ao mesmo período de 2002, indicou a Serasa. Almeida ressalta, porém, que 2002 teve um péssimo Dia das Mães em termos de vendas. Assim, o crescimento de 4,8% pode ser considerado fraco, já que se deu sobre números muito baixos.
Apesar dos maus resultados, o economista destaca que pode haver um fator positivo: segurar as compras agora significa que o consumidor está tentando acertar suas contas, não fazendo novas dívidas.
Almeida diz que neste mês os números devem se manter elevados. Ele não prevê, porém, um novo recorde. "A situação deve começar a melhorar no segundo semestre, quando o consumidor se livra das contas do Natal e o desempenho é tradicionalmente melhor", afirma.


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