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DINHEIRO CURTO
Vendas a prazo mais longo no Natal resultam, cinco meses depois, em 3,27 milhões de cheques devolvidos
Cheques sem fundos têm recorde em maio
ALESSANDRA MILANEZ
DA REPORTAGEM LOCAL
O número de cheques devolvidos por falta de fundos em maio
foi o maior desde 1991, quando a
Serasa começou a fazer esse cálculo. Em todo o país, foram 3,27 milhões de cheques devolvidos no
mês passado -ou 17,6 a cada
1.000 compensados, também um
recorde.
Em relação ao mesmo mês do
ano passado, a alta foi de 18,1%, de
acordo com a pesquisa. O índice
de maio superou até mesmo o registrado em março -16,7 cheques sem fundos a cada 1.000
compensados-, mês em que tradicionalmente ocorre o pico de
inadimplência do início do ano.
Na comparação com abril deste
ano, a alta foi de 8,6%. No acumulado do ano, houve aumento de
7,5% em relação aos primeiros
cinco meses do ano passado.
Para Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa,
o desaquecimento da economia, o
aumento do desemprego e o alongamento dos prazos de pagamento no último Natal causaram a alta
no número de cheques sem fundos. "O ano passado inteiro foi
um ano "patinando". O modo que
os varejistas encontraram para
vender foi alongar o prazo", diz.
Segundo ele, isso afetou o desempenho de outras datas importantes para o varejo, como o Dia
das Mães e o Dia dos Namorados.
"O consumidor deixou de comprar por não querer se endividar
mais. Foi uma política boa para a
época, mas da qual agora estamos
colhendo os resultados."
As vendas no último final de semana antes do Dia dos Namorados ficaram apenas 0,9% acima
do mesmo período do ano passado, de acordo com o levantamento da Serasa.
Na semana do Dia das Mães, as
vendas tiveram alta de 4,8% em
relação ao mesmo período de
2002, indicou a Serasa. Almeida
ressalta, porém, que 2002 teve um
péssimo Dia das Mães em termos
de vendas. Assim, o crescimento
de 4,8% pode ser considerado fraco, já que se deu sobre números
muito baixos.
Apesar dos maus resultados, o
economista destaca que pode haver um fator positivo: segurar as
compras agora significa que o
consumidor está tentando acertar
suas contas, não fazendo novas
dívidas.
Almeida diz que neste mês os
números devem se manter elevados. Ele não prevê, porém, um
novo recorde. "A situação deve
começar a melhorar no segundo
semestre, quando o consumidor
se livra das contas do Natal e o desempenho é tradicionalmente
melhor", afirma.
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