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São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2003

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VAREJO

Preços sobem acima do IPCA, o que garante aumento nas receitas do setor

Venda do comércio recua pela 5ª vez

JULIANA RANGEL
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Os varejistas estão vendendo menos do que no ano passado, mas vêm reajustando os preços de seus produtos acima da média do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o índice oficial de inflação.
A pesquisa mensal do comércio, divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostrou uma queda de 3,82% no volume de vendas em abril, diante do mesmo mês de 2002. Em contrapartida, a receita nominal dos comerciantes cresceu 18,44%.
No acumulado dos últimos 12 meses, o volume de vendas recuou 2,07%, ao passo que a receita nominal (sem descontar a inflação) do varejo subiu 10,64%.
O recuo nas vendas registrado em abril foi a quinta queda consecutiva do índice. Em março, o recuo havia sido de 11,35%.
O segmento com o maior peso na queda foi o de móveis e eletrodomésticos, que recuou 16,63% e contribuiu com 1,75 ponto percentual para a formação da taxa. O técnico da área de comércio e serviços do IBGE Nilo Lopes explicou que este segmento é muito influenciado pela taxa de juros.
"Por serem mais caros, esses produtos geralmente são vendidos por meio de financiamentos. Quando os juros estão muito altos, este é o segmento que mais sofre", justificou.
Até então, a maior contribuição individual para a formação do índice vinha das vendas dos hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo. Em abril, o setor teve um peso de 0,49 ponto percentual sobre a taxa total, com queda de 1,05% no volume das vendas.
O levantamento também apontou queda de 23,3% nas vendas de veículos, motos e peças automobilísticas. Mas o grupo não entra na composição do indicador.
"Não temos como garantir que essas vendas são feitas apenas para o varejo, já que muitas empresas e órgãos públicos compram esse tipo de produto no atacado", explicou Lopes.
Para o técnico, o resultado da pesquisa reflete o desaquecimento econômico e a queda na renda dos consumidores: "A pesquisa mostra que as pessoas estão comprando menos em razão de todo esse quadro de desemprego, salário médio real em queda e taxa de juro elevada que dificulta as compras a prazo", comentou.
Segundo o IBGE, as vendas caíram em 24 dos 27 Estados avaliados. Os maiores impactos para a formação da taxa nacional vieram de São Paulo e Rio de Janeiro, onde as vendas tiveram queda de 3,89% e 5,52%, respectivamente.


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