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VAREJO
Preços sobem acima do IPCA, o que garante aumento nas receitas do setor
Venda do comércio recua pela 5ª vez
JULIANA RANGEL
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Os varejistas estão vendendo
menos do que no ano passado,
mas vêm reajustando os preços de
seus produtos acima da média do
IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o índice oficial de
inflação.
A pesquisa mensal do comércio,
divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostrou uma queda de
3,82% no volume de vendas em
abril, diante do mesmo mês de
2002. Em contrapartida, a receita
nominal dos comerciantes cresceu 18,44%.
No acumulado dos últimos 12
meses, o volume de vendas recuou 2,07%, ao passo que a receita
nominal (sem descontar a inflação) do varejo subiu 10,64%.
O recuo nas vendas registrado
em abril foi a quinta queda consecutiva do índice. Em março, o recuo havia sido de 11,35%.
O segmento com o maior peso
na queda foi o de móveis e eletrodomésticos, que recuou 16,63% e
contribuiu com 1,75 ponto percentual para a formação da taxa.
O técnico da área de comércio e
serviços do IBGE Nilo Lopes explicou que este segmento é muito
influenciado pela taxa de juros.
"Por serem mais caros, esses
produtos geralmente são vendidos por meio de financiamentos.
Quando os juros estão muito altos, este é o segmento que mais
sofre", justificou.
Até então, a maior contribuição
individual para a formação do índice vinha das vendas dos hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo. Em abril, o setor teve um peso de 0,49 ponto percentual sobre
a taxa total, com queda de 1,05%
no volume das vendas.
O levantamento também apontou queda de 23,3% nas vendas de
veículos, motos e peças automobilísticas. Mas o grupo não entra
na composição do indicador.
"Não temos como garantir que
essas vendas são feitas apenas para o varejo, já que muitas empresas e órgãos públicos compram
esse tipo de produto no atacado",
explicou Lopes.
Para o técnico, o resultado da
pesquisa reflete o desaquecimento econômico e a queda na renda
dos consumidores: "A pesquisa
mostra que as pessoas estão comprando menos em razão de todo
esse quadro de desemprego, salário médio real em queda e taxa de
juro elevada que dificulta as compras a prazo", comentou.
Segundo o IBGE, as vendas caíram em 24 dos 27 Estados avaliados. Os maiores impactos para a
formação da taxa nacional vieram
de São Paulo e Rio de Janeiro, onde as vendas tiveram queda de
3,89% e 5,52%, respectivamente.
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