São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 2006

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Mercado Aberto

Guilherme Barros

Para Delfim, Brasil vive crise anunciada

O Brasil vive hoje uma situação de equilíbrio fiscal precário, e uma crise será inevitável no próximo governo se não houver uma reforma da Previdência, independentemente de quem ganhar as eleições.
A afirmação é do deputado Delfim Netto (PMDB-SP), ao comentar como o Brasil estaria preparado para enfrentar a nova onda de turbulência que abala o mundo nas últimas semanas. Ontem, o mercado financeiro viveu mais um dia de estresse provocado pelas incertezas nos Estados Unidos.
Delfim diz que a origem da crise é externa, mas, no Brasil, a sociedade começa também a constatar que os fundamentos da economia não estão tão sólidos como parecem.
"As pessoas estão tomando consciência de que existe uma tremenda contradição entre essa crença de que os fundamentos estão perfeitos e a indústria está em frangalhos", diz. "Não adianta essa conversa mole de que os fundamentos estão sólidos, quando a agricultura está quebrando e a indústria sofre uma enormidade."
Segundo Delfim, quando se fala que os fundamentos estão perfeitos, o que se quer dizer, na verdade, é que as instituições financeiras estão com seus lucros assegurados. "O Brasil é mesmo um país fantástico. O setor financeiro vive uma situação perfeita, e o produtor de parafusos está quebrado."
Para Delfim, o grande problema do país, hoje, é a Previdência Social. Nos últimos anos, enquanto a receita do INSS cresceu a taxas de 2% ao ano, a despesa aumentou a um ritmo de 4% anual. "O Brasil vive uma crise anunciada", diz.
O pior, segundo Delfim, é que esse assunto, a reforma da Previdência, não deverá ser debatido na campanha. "Os dois candidatos mais fortes não vão ousar falar no assunto, embora quem ganhar a eleição vá ter que pensar seriamente no que terá de ser feito", diz.
Para Delfim, não há como empurrar o problema da Previdência com a barriga por muito tempo. "Se as mudanças não forem feitas, a crise vai explodir na cara do próximo presidente na metade do mandato."
Apesar de dizer que não possui bola de cristal, Delfim diz que dificilmente Lula deixará de ser reeleito, como apontam as pesquisas. "Por mais que as pessoas fiquem tristes, todos temos de reconhecer que houve uma melhoria da população mais pobre do país, que tem a maioria dos votos."
Delfim espera que Lula se desgarre do PT e forme uma coalizão de partidos de centro-esquerda para governar e promova as reformas. Caso contrário, a crise pode ser inevitável.

ECOLOGIA NA SACOLA
A marca de sapatos e acessórios Capodarte fechou uma parceria com a Tetra Pak para criar uma nova linha de papelaria da rede -de sacolas aos catálogos e outros materiais impressos. A grife passa a usar exclusivamente papel obtido a partir da reciclagem de embalagens longa-vida, processado com a tecnologia da Tetra Pak. "A parceria marca uma nova etapa na companhia. O papel reciclado tornou-se atraente para empresas de moda", diz Fernando von Zuben, diretor de ambiente da Tetra Pak. "Contratamos uma estilista que também é ilustradora e preparamos a linha em comemoração aos nossos 15 anos", diz Fernando Tchalian, da Capodarte.

"CAÇA-SOMBRERO"
Depois de seis anos no Brasil, a empresa britânica Michael Page, de recrutamento de executivos, irá ampliar sua atuação pela América Latina. Neste mês, será aberto um escritório no México, que ficará subordinado ao Brasil. Segundo Patrick Hollard, diretor da Michael Page no país e na América Latina, o mercado mexicano é um dos maiores da região e apresenta forte demanda por executivos, principalmente na área financeira."Começamos nesse segmento no Brasil e vamos fazer o mesmo nos países latinos", diz. A maior parte dos negócios da empresa está na Inglaterra (51,4%) e na Europa continental (30,3%). A América Latina tem 3,49% dos negócios do grupo e cresceu 55% entre 2004 e 2005. Entre as principais companhias atendidas pela organização no mercado brasileiro estão a Braskem, a Perdigão, a Sadia e a Toyota. No Brasil, a empresa colocou mais de 2.500 executivos (mil deles no ano passado) em grandes organizações.

PULANDO FOGUEIRA
O Ecad acaba de lançar sua campanha para as festas juninas deste ano, com expectativa de superar a distribuição de direitos autorais de cerca de R$ 2 milhões realizada no ano passado. Escolas, igrejas e clubes já estão recebendo informação sobre os procedimentos.

EM MANUTENÇÃO
A Associação Brasileira de Manutenção vai apresentar a pesquisa "Mapa da Manutenção Biênio 2005/2006" em congresso internacional do setor, na Suíça, na próxima semana. O estudo, inédito, mostra que os gastos em manutenção somarão R$ 57 bilhões este ano, cerca de 4,3% do PIB do país. Para a sondagem foram ouvidas empresas de grande porte como Petrobras e Embraer, entre outras.

MAIS COR
O presidente da Abihpec (Associação Brasileira de Cosméticos), João Carlos Basilio da Silva, acaba de ser eleito presidente do Conselho de Associações da Indústria Cosmética Latino-americana (Casic).

CONSIGNADO
As prefeituras de São Paulo e do Rio (PSDB-PFL), adotaram o crédito com desconto em folha de pagamento, um dos programas do governo Lula. Os dois prefeitos apóiam o tabelamento de 2,9% ao mês e afirmam em portaria que alterações estarão condicionadas a orientação do INSS.

EM NITERÓI
O grupo Pão de Açúcar vai abrir o seu primeiro supermercado em Niterói. A empresa comprou um terreno de R$ 7 milhões onde abrigava a antiga garagem da CTC (Companhia de Transportes Coletivos).

SUBSCRIÇÃO
Cerca de 97% dos empregados da Arcelor Brasil, Acesita e outras empresas ligadas à Arcelor Internacional aderiram ao programa internacional de venda de ações para empregados. A participação brasileira gerou receita de 16,688 milhões, 22,5% do resultado global. No mundo, as subscrições dos empregados elevaram para 1,4% a participação no capital da empresa.

Cachaça sobe em pódio de revista inglesa

A cachaça 51, que ficou conhecida por seu slogan "uma boa idéia", entrou no ranking da revista especializada inglesa "Drinks International" (veja quadro ao lado). No Brasil, a 51 detém 33% do mercado de pingas e pode ser consumida em países como Alemanha, EUA, Japão e Chile. Cerca de 5% do que a empresa produz é destinado ao mercado externo.

BRASIL EM FOCO
A coletânea "Crise e Oportunidade -O Brasil e o Cenário Internacional" (Ed. Lazuli, 328 págs.), organizada por Antonio Corrêa de Lacerda será lançada no dia 19. O livro está dividido em quatro partes: investimento direto estrangeiro, fluxos de capitais, macroeconomia e competitividade e comércio exterior, que discutem o Brasil na globalização, riscos e desafios.


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