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Justiça volta a adiar decisão sobre a Varig
Trabalhadores do Grupo Varig têm até amanhã para cumprir exigências e, depois disso, 72 horas para depositar US$ 75 mi
Consórcio formado por TAP, Air Canada e fundo de investimento Brooksfield começa a negociar proposta de compra com a empresa
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de homologar ontem
a proposta de compra da Varig
apresentada pelos funcionários, a Justiça impôs a condição
de que o consórcio NV (que representa os trabalhadores da
Varig) mostre a origem dos recursos até as 12h de amanhã.
A decisão do juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial, responsável pelo processo
de recuperação da empresa,
mantém a situação da Varig em
suspenso. A companhia tem
audiência marcada hoje na
Corte de Falências de Nova
York e precisa convencer o juiz
Robert Drain a estender o prazo de uma liminar que protege
os aviões da Varig de arresto
pelas empresas de leasing.
A Varig esperava receber antes da audiência os US$ 75 milhões de antecipação previstos
no edital de venda. Segundo o
juiz Ayoub, o comprador tem a
obrigação de depositar essa antecipação até 72 horas depois
da homologação final da proposta. Na última sexta-feira, a
Boeing ganhou na Justiça americana o direito de retomar sete
aeronaves a partir de hoje.
Além do imbróglio na Justiça
americana, a Varig precisará
voltar a negociar com a BR Distribuidora. A companhia tem
garantido o fornecimento de
combustível até hoje. Segundo
o presidente do Conselho de
Administração da Varig, Humberto Rodrigues, a companhia
aérea tem recebíveis de compra
de passagens com cartão de
crédito a oferecer.
O agravamento da crise da
Varig pôde ser medido nos últimos dias pelo cancelamento de
vôos. Somente ontem, 20 vôos
foram cancelados. A companhia atribuiu os cancelamentos
a uma operação de adequação
da frota à demanda.
Apesar de a proposta do TGV
ter sido a vencedora do leilão,
um consórcio formado por
TAP, Air Canada e pelo fundo
Brooksfield iniciou conversas
com a Varig. O presidente da
TAP, Fernando Pinto, que já foi
presidente da Varig, veio ao
Brasil para iniciar as negociações com a empresa.
O fundo de investimento canadense Brooksfield é controlador do Brascan, escolhido como administrador dos FIPs
(Fundos de Investimento e
Participação), o principal instrumento desenhado no plano
de recuperação da Varig para
reorganizar a estrutura da empresa. Com perfil de investimento mais conservador, o
fundo tem recursos para investir no país. Somente em fundos
de empresas de capital fechado,
o Brooksfield dispõe de US$ 1
bilhão para aplicar no Brasil.
Segundo fontes do setor, o fundo teria procurado a OceanAir
para fazer uma proposta de
participação no consórcio.
O consultor Paulo Sampaio
lembra que a Air Canada já injetou recursos na US Airways,
que faz parte do Star Alliance, o
mesmo acordo comercial do
qual a Varig faz parte.
Segundo Ayoub, qualquer
proposta direta de compra seria considerada ilegal porque o
leilão teve uma proposta vencedora. Assim, uma das hipóteses
é que o consórcio se alie ao
TGV. Mas o juiz destacou que
"não está vedada" a possibilidade de um novo leilão caso o
TGV não consiga esclarecer os
pontos solicitados pela Justiça.
Além da origem dos recursos,
o juiz questiona o uso de debêntures da nova Varig Operações para o pagamento de R$
500 milhões. Ele diz que será
necessária "a substituição das
debêntures ofertadas pelas hipóteses contempladas no edital
e, alternativamente, qualquer
solução que atenda as obrigações extraconcursais".
O presidente da Varig, Marcelo Bottini, elogiou a decisão
de Ayoub. "O juiz está sendo
cauteloso e responsável, como
deve ser ao tratar do destino de
uma grande empresa como a
Varig, que gera mais de 50 mil
empregos diretos e indiretos
no Brasil e no exterior e traz
mais de US$ 1,5 bilhão de divisas anualmente para o país."
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