|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MERCADO TENSO
Países da região reconhecem que efeitos internos foram desastrosos, bem piores que os imaginados antes
Desvalorização da moeda fracassa na Ásia
de Tóquio
Depois de 11 meses do início da
crise monetária na Ásia, as economias da região estão exibindo efeitos ainda piores que os imaginados pelos governos e pelo FMI no
início do ano.
Destruídas pela fuga de capitais,
pela falta de crédito e por uma crise social crescente, Coréia do Sul,
Indonésia, Tailândia, Malásia e
Hong Kong anunciaram nos últimos dias que suas economias encolheram numa proporção assustadora.
E reconheceram que a estratégia
escolhida para sua recuperação
-alavancar as exportações com
um câmbio desvalorizado- não
está dando certo.
O exemplo mais marcante é o da
Coréia do Sul, onde até as estimativas anteriores, consideradas exageradamente pessimistas, revelaram-se exageradamente positivas.
O PIB (Produto Interno Bruto)
coreano encolheu 3,8% no primeiro trimestre de 1998 (comparado com o mesmo período do
ano passado), o pior resultado dos
últimos 18 anos.
Até o dia em que o índice foi divulgado, o FMI e o governo do
país projetavam para 1998 uma redução de 1% da economia. Estão
revendo o número. O instituto de
pesquisa da Samsung calcula que
o PIB coreano sofrerá redução de
5% no ano, e o desemprego vá
atingir 8%.
A balança comercial do país tem
apresentado superávits comerciais nos últimos sete meses, mas
as razões para esse resultado também não são saudáveis -resultam de uma queda de cerca de
40% nas importações, um efeito
da desaceleração do consumo doméstico. Mesmo as exportações
do país estão caindo. Em maio, ficaram 2,2% abaixo das apresentadas no mesmo mês do ano passado.
"Isso me preocupa porque a recuperação do país parece cada dia
mais difícil", disse Hong Ki-seok,
economista do Instituto Coreano
de Desenvolvimento, ligado ao
governo.
Para tentar elevar suas exportações, os coreanos reduziram ainda
mais os preços de seus produtos
eletrônicos. O resultado revelou-se irrisório para as exportações, mas devastador para a Tailândia, cujas vendas de eletrônicos
despencaram em janeiro justamente por causa da competição da
Coréia.
A economia da Malásia, a que
cresceu mais rápido nos últimos
dez anos em todo o mundo, teve
uma redução do PIB de -1,8% no
primeiro trimestre, o pior resultado desde 1980. O governo esperava crescer 1,7% em 1998 e já está
revendo suas contas.
Hong Kong esperava ter um
crescimento de 3,5% do PIB em
1998. No dia 29 passado, anunciou
que houve uma redução de 2%
nos três primeiros meses de 1998.
Foi a primeira vez que a economia
de Hong Kong encolheu nos últimos 13 anos. O secretário de Finanças da ilha, Donald Tsang, teve
de reconhecer que não faria mais
previsões para o ano. "Desisto",
disse ele.
Os sinais indicam que no segundo trimestre o desempenho de
Hong Kong irá ficar ainda pior.
O governo soltou um pacote para dar mais liquidez aos bancos
(reduzindo a pressão sobre as taxas de juro) e para incentivar o turismo, cujo movimento caiu 25%
no primeiro trimestre. Não adiantou muita coisa.
A crise em Hong Kong e o iene
fraco afetam até a economia de
Taiwan, imune desde o início da
turbulência na Ásia.
(MARCIO AITH)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|