São Paulo, sábado, 13 de junho de 1998

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Mão-de-obra pesa até 83% nos custos

da Sucursal do Rio

A mão-de-obra chega a pesar até 83% no custo de movimentação de contêiner em alguns portos públicos e nunca menos que 50%, aponta relatório do Ministério dos Transportes, com base em dados de 97.
São computados nesses custos os "elevados preços dos serviços de praticagem, reboque e de lancha", que auxiliam o navio a encostar no porto, considerados pelo ministério como um dos principais problemas na área.
Criados pela Lei de Modernização dos Portos para substituir os sindicatos na administração do fornecimento de trabalhadores avulso, os OGMOs (Órgãos Gestores de Mão-de-Obra) ainda não estão operando como o previsto, diz o vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), Márcio Fortes de Almeida.
Com a privatização das oito Companhias Docas do país, deverá haver uma redução de quase 8.500 postos de trabalho. Segundo o ministério, de 11 mil funcionários em dezembro de 96, as empresas, sob gestão privada, ficarão com 2.787.
Parte desses funcionários está sendo transferida para os OGMOs, que operam sob a tutela dos agentes portuários privados.
Mão-de-obra é uma das questões mais delicadas da modernização dos portos. O Ministério dos Transportes espera que a concorrência se encarregue de extinguir os monopólios da atividade portuária. "A estiva não pode continuar cobrando preços tão altos", disse Almeida.
"Há quatro ou cinco anos, os trabalhadores viraram a mesa ao ouvir falar de OGMO. Hoje, todos se sentam para negociar", diz.
Laurits Lachmann, sócio-diretor do Grupo Lachmann, especializado em transportes, diz que os sindicatos patronais nunca souberam negociar com os trabalhadores. "Estamos aprendendo."
Fortes, que é membro do conselho do OGMO no Rio, diz que a seleção de mão-de-obra ainda está sendo feita pelos sindicatos.
Segundo ele, a redução de quadros das Companhias Docas vai viabilizar financeiramente o treinamento da mão-de-obra pelos 23 OGMOs criados.
A Folha procurou, mas não obteve retorno, de nenhum representante do Sindicato dos Portuários do Rio. ISABEL CLEMENTE


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