|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para Lula, proposta de reajuste de 16,7% não teve "seriedade"
Para o presidente, bastaria colocar no Orçamento o gasto extra com os aposentados, calculado em R$ 7 bi neste ano
Lula disse que, naquilo que depender dele, o veto do reajuste e a atitude da oposição não serão motivos para "acirrar" os debates
EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Dois dias após ter vetado o
reajuste de 16,67% para os aposentados e pensionistas do
INSS que ganham mais de um
salário mínimo, o presidente
Lula culpou ontem a oposição
pela impossibilidade orçamentária de conceder o reajuste.
Segundo o presidente, bastaria aos seus adversários terem
previsto tais gastos extras, calculados pelo governo em R$ 7
bilhões neste ano, na aprovação
do Orçamento de 2006. Para
Lula, a oposição não teve "seriedade" ao tratar do tema.
"Se a oposição tivesse o mínimo de seriedade no trato da
questão do salário, quando o
Orçamento foi votado, e foi votado com cinco meses de atraso, ela poderia ter colocado a
verba para dar o reajuste aos
aposentados. E eles não colocaram. Eles mantiveram exatamente aquilo que nós mandamos para o Congresso, que era
uma proposta do governo, um
acordo feito com as centrais
sindicais e os aposentados."
Lula falou sobre o veto ao
reajuste pela manhã, em Salvador (BA), em rápida entrevista
no hotel em que estava hospedado. Lula participou da cerimônia de abertura da Segunda
Conferência de Intelectuais da
África e da Diáspora.
Ao criticar a insistência da
oposição no reajuste de 16,67%
aos aposentados, aprovado no
Congresso numa operação articulada pela oposição e que contou com o apoio de grande parte da bancada governista, Lula
foi questionado se o atual comportamento de seus adversários lembra a estratégia dos petistas nos tempos de oposição
ao governo FHC (1995-2002).
Irritado, o presidente respondeu: "Não importa o que o
PT fazia, o que importa é o que
está acontecendo hoje. Este Orçamento poderia ter sido votado, eles [opositores] poderiam
ter tirado dinheiro da educação, tirado dinheiro do transporte, tirado dinheiro do superávit primário. Eles poderiam
ter tirado dinheiro do que eles
quisessem, mas que colocassem no Orçamento".
Na entrevista, no saguão do
hotel, Lula afirmou que, naquilo que depender dele, o veto do
reajuste e a atitude da oposição
não serão motivos para um
"acirramento" dos debates eleitorais a partir de agora. "Da minha parte, não. Da minha parte,
a campanha está começando e
nós vamos tratar como eu tratei as outras campanhas. Nós
temos é que mostrar ao povo as
coisas que estão acontecendo
no Brasil, as coisas que aconteceram. Quem quiser fazer acirramento que faça."
Lula não quis comentar as
críticas ao veto feitas anteontem pelo candidato tucano à
Presidência, Geraldo Alckmin
(SP). "Eu não vou comentar as
críticas. Eu vou comentar o
reajuste dos aposentados." E
completou: "E eu ajo com a responsabilidade de um presidente da República, que age como
se estivesse agindo com a sua
família. Ou seja, eu só posso
gastar aquilo que eu tenho. Eu
não posso inventar uma despesa para a Previdência, que seria
um rombo de R$ 12 bilhões [no
período de 12 meses]."
Texto Anterior: Paulo Nogueira Batista Jr.: Geometria comercial Próximo Texto: Frase Índice
|