São Paulo, quinta-feira, 13 de julho de 2006

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Para Lula, proposta de reajuste de 16,7% não teve "seriedade"

Para o presidente, bastaria colocar no Orçamento o gasto extra com os aposentados, calculado em R$ 7 bi neste ano

Lula disse que, naquilo que depender dele, o veto do reajuste e a atitude da oposição não serão motivos para "acirrar" os debates

EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Dois dias após ter vetado o reajuste de 16,67% para os aposentados e pensionistas do INSS que ganham mais de um salário mínimo, o presidente Lula culpou ontem a oposição pela impossibilidade orçamentária de conceder o reajuste.
Segundo o presidente, bastaria aos seus adversários terem previsto tais gastos extras, calculados pelo governo em R$ 7 bilhões neste ano, na aprovação do Orçamento de 2006. Para Lula, a oposição não teve "seriedade" ao tratar do tema.
"Se a oposição tivesse o mínimo de seriedade no trato da questão do salário, quando o Orçamento foi votado, e foi votado com cinco meses de atraso, ela poderia ter colocado a verba para dar o reajuste aos aposentados. E eles não colocaram. Eles mantiveram exatamente aquilo que nós mandamos para o Congresso, que era uma proposta do governo, um acordo feito com as centrais sindicais e os aposentados."
Lula falou sobre o veto ao reajuste pela manhã, em Salvador (BA), em rápida entrevista no hotel em que estava hospedado. Lula participou da cerimônia de abertura da Segunda Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora.
Ao criticar a insistência da oposição no reajuste de 16,67% aos aposentados, aprovado no Congresso numa operação articulada pela oposição e que contou com o apoio de grande parte da bancada governista, Lula foi questionado se o atual comportamento de seus adversários lembra a estratégia dos petistas nos tempos de oposição ao governo FHC (1995-2002).
Irritado, o presidente respondeu: "Não importa o que o PT fazia, o que importa é o que está acontecendo hoje. Este Orçamento poderia ter sido votado, eles [opositores] poderiam ter tirado dinheiro da educação, tirado dinheiro do transporte, tirado dinheiro do superávit primário. Eles poderiam ter tirado dinheiro do que eles quisessem, mas que colocassem no Orçamento".
Na entrevista, no saguão do hotel, Lula afirmou que, naquilo que depender dele, o veto do reajuste e a atitude da oposição não serão motivos para um "acirramento" dos debates eleitorais a partir de agora. "Da minha parte, não. Da minha parte, a campanha está começando e nós vamos tratar como eu tratei as outras campanhas. Nós temos é que mostrar ao povo as coisas que estão acontecendo no Brasil, as coisas que aconteceram. Quem quiser fazer acirramento que faça."
Lula não quis comentar as críticas ao veto feitas anteontem pelo candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin (SP). "Eu não vou comentar as críticas. Eu vou comentar o reajuste dos aposentados." E completou: "E eu ajo com a responsabilidade de um presidente da República, que age como se estivesse agindo com a sua família. Ou seja, eu só posso gastar aquilo que eu tenho. Eu não posso inventar uma despesa para a Previdência, que seria um rombo de R$ 12 bilhões [no período de 12 meses]."


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