São Paulo, quinta-feira, 13 de julho de 2006

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LUÍS NASSIF

Os parques tecnológicos de SP

A natureza dos parques tecnológicos é agregar, em um mesmo ambiente, pesquisadores e empresas

QUANDO TERMINOU o governo Fernando Henrique Cardoso, os melhores quadros tucanos ficaram disponíveis. Entre eles, talvez a equipe mais relevante foi a que montou as bases da nova política de ciência e tecnologia na gestão Ronaldo Sardenberg. Houvesse mais conhecimento de ponta, e de pessoas, o ex-governador Geraldo Alckmin teria indicado o "pai" dos fundos setoriais, Carlos Américo Pacheco, como titular da Secretaria de Ciência e Tecnologia de São Paulo. Perdeu a oportunidade de montar um sistema de inovação de padrão europeu.
Mesmo assim, no final do governo, Pacheco foi incumbido de estruturar o sistema de parques tecnológicos de São Paulo, idéia apadrinhada por Andrea Calabi, ex-secretário do Planejamento, quando montou o seu primeiro PPA (Plano Plurianual). Provavelmente os parques serão os ambientes em que se desenvolverão novas instituições de apoio a pesquisa e desenvolvimento que deverão surgir nos próximos anos.
A idéia dos parques tecnológicos começou a tomar corpo na Europa, ainda nos anos 70. Sua natureza é agregar, em um mesmo ambiente, pesquisadores e empresas, de maneira e transformar a pesquisa acadêmica em produtos e processos. O primeiro parque foi instalado em uma cidade de 129 mil habitantes, na Finlândia, e deu, como grande fruto, a Nokia.
Hoje em dia, o conceito de parque tecnológico é vitorioso. A Espanha tem 25, está criando mais 50. Israel tem 27 parques; Portugal, 13.
O fato de haver um decreto em São Paulo criando os parques tecnológicos fez com que a idéia deixasse de ser fluida. Para integrar sistema de parques tecnológicos, o projeto precisa ser de pessoa jurídica pública ou privada. O modelo de gestão tem que ser adequado aos objetivos pretendidos. Tem que ter um projeto urbano e imobiliário adequado para empresas inovadoras. Tem que dispor de um plano de negócios claro, identificando fontes de sustentação e no qual se pleiteia dinheiro público.
Cada projeto será apreciado pelo Conselho Estadual de Ciências e Tecnologia, que também dará apoio contratando consultores na área imobiliária, advogados e suporte à gestão local.
Inicialmente, serão montados cinco parques tecnológicos: em São José dos Campos (voltado para os setores aeronáutico, de defesa e espacial), São Carlos (ótica, instrumentação voltada para o agronegócio e materiais), Campinas (tecnologia da informação e biotecnologia) e Ribeirão Preto (voltado para saúde). A cidade de São Paulo tem um quadro mais complexo. A idéia é utilizar o parque tecnológico para uma reurbanização do entorno da USP.
Já se está em negociações com a prefeitura para um projeto de revitalização da área. O objetivo final será criar grandes ambientes de inovação nessas cinco cidades. E preparar terreno para candidatos potenciais, como Piracicaba (com a Esalq), Sorocaba e São José do Rio Preto.
Os parques serão os locais preferenciais para a teia de novas instituições, como organizações de homologação de processos para o setor aeronáutico, abrigando laboratórios de serviços tecnológicos de P&D pré-competitivo.

@ - Luisnassif uol.com.br


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