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Argentinos decidem manter limite a produtos brasileiros
Pedido do Brasil, de fim das restrições à entrada de diversos itens, não foi aceito
O Brasil argumenta que, devido ao controle das compras, as exportações brasileiras crescem menos do que as de outros países
FLÁVIA MARREIRO
DE BUENOS AIRES
O governo da Argentina se
opôs ontem ao pedido do Brasil
para pôr fim às restrições que
limitam a entrada no país de
uma lista de produtos brasileiros -entre eles calçados, têxteis e eletrodomésticos.
"A sinalização que recebemos é que o governo gostaria de
continuar com os acordos de
restrição [que estabelece cotas
máximas de vendas brasileiras]", afirmou o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho,
após se reunir com o secretário
de Indústria argentino, Miguel
Peirano. A negociação será retomada em agosto, data da próximo encontro da Comissão de
Monitoramento de Comércio.
No caso dos sapatos, contou
Ramalho, o governo argentino
fez uma contraproposta ao setor brasileiro, presente à reunião: continuar com o sistema
de cotas, mas reajustar a quantidade máxima importada de
acordo com a evolução da economia argentina no período.
O governo brasileiro foi à
reunião munido de estatísticas
que mostram que o controle
das compras, pela Argentina,
fez com que as exportações do
Brasil ao país crescessem menos do que as de outras origens.
O mercado de sapatos tem o
panorama mais desfavorável ao
Brasil. Limitada até junho a
uma cota anual de 13,5 milhões
de pares, a venda de sapatos
brasileiros à Argentina cresceu
0,1% (4.000 pares mais) na
comparação entre os cinco primeiros meses de 2006 e o mesmo período de 2005.
Os calçados chineses, porém,
entraram com força no vizinho
no intervalo: 1,1 milhão de pares a mais -incremento de
91,4%. O Brasil, que em 2005
detinha 70% das importações
totais, agora detém 53%. Em
menor escala, a situação se repete para têxteis, onde a presença chinesa também aumentou, e para refrigeradores, fogões e máquinas de lavar.
"Não há justificativa para ter
restrição ao Brasil quando as
importações de outros países
estão crescendo de uma maneira acentuada", disse Ramalho.
Segundo ele, o pressuposto
dos acordos aceitos pela indústria brasileira era ajudar a indústria argentina e já foi cumprido. "No caso dos sapatos, a
recuperação argentina aconteceu. Mas essa questão do desvio
de comércio nos perturba muito, ao governo e aos exportadores brasileiros."
Ramalho argumentou que,
sem as limitações, a indústria
brasileira de sapatos tem competitividade para lutar pelo
mercado argentino com os chineses.
Segundo o secretário, se o setor aceitar a proposta argentina
de continuar com as cotas, o
país vizinho deverá controlar a
entrada de produtos de outros
países. O instrumento usado
seriam as licenças de importação concedidas pelo governo.
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