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Mantega e tucano discutem inclusão e "falta de sorte"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A disputa entre a "herança
maldita" que os petistas alegam
ter recebido do governo tucano
e "falta de sorte" do PSDB, que
enfrentou pelo menos quatro
crises internacionais durante
os oito anos de mandato, reapareceu ontem durante audiência
pública do ministro Guido
Mantega (Fazenda) na Comissão de Finanças da Câmara dos
Deputados.
Provocado pelo ex-líder do
PSDB, Arnaldo Madeira (SP), o
ministro tentou negar o continuísmo entre os dois governos,
especialmente na política econômica, mas teve que dar o braço a torcer: mudou desde os
anos 70 e agora aceita alguns
dos instrumentos que antes
considerava neoliberais.
"Não concordo com o modelo do PSDB, que caminhou para
o liberalismo. A estratégia era
diferente, e não me venha com
a história de que tivemos sorte,
e vocês, azar na economia mundial", disse.
Mantega não só criticou o
uso do termo continuísmo sobre sua gestão como falou de
uma alegada ausência de programas sociais para comprovar
o neoliberalismo tucano. "Não
tinham programa social. O Bolsa Família não existia."
Madeira não poupou ironias
ao rebater a afirmação. "Não sei
de liberalismo que aumente
impostos e gastos públicos, como fizemos no governo Fernando Henrique. O Bolsa Escola, o Vale Gás e o Vale Alimentação tinham 11 milhões de pessoas cadastradas. Se eu quisesse, poderia dizer que o governo
Lula incluiu menos gente que o
governo Fernando Henrique",
disse o deputado tucano.
Apesar da troca de farpas, o
ministro petista admitiu que o
governo tucano deixou realizações importantes na economia.
Mantega citou a Lei de Responsabilidade Fiscal -que estabelece parâmetros para a evolução das contas públicas e punição para maus gestores públicos- e o fortalecimento de algumas instituições.
Além de pontuar diferenças
teóricas com os oposicionistas,
Mantega usou a audiência pública para cunhar e anunciar
novo termo a seu respeito. Tido
como desenvolvimentista, o
principal nome da equipe econômica do governo adicionou o
termo "social" ao adjetivo. "Sou
um social-desenvolvimentista,
e não um neoliberal."
Meta de inflação
Em mais um capítulo para
defender a meta de inflação de
4,5% fixada para 2009, Mantega também distribuiu ontem
documento para mostrar que
não houve aumento nas taxas
de juros nem na expectativa de
inflação após a decisão do governo, no fim de junho.
Os seis gráficos do material
mostram que os juros previstos
pelo mercado para janeiro de
2010 caíram depois do anúncio
da meta de 4,5% e subiram no
início de julho, quanto foi divulgado o resultado da produção industrial de maio.
Em outro gráfico, o Ministério da Fazenda tenta mostrar
que a expectativa de inflação do
mercado vinha subindo desde
maio -sendo, então, um movimento sem ligação com a meta
anunciada.
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