São Paulo, sexta-feira, 13 de julho de 2007

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Mantega e tucano discutem inclusão e "falta de sorte"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A disputa entre a "herança maldita" que os petistas alegam ter recebido do governo tucano e "falta de sorte" do PSDB, que enfrentou pelo menos quatro crises internacionais durante os oito anos de mandato, reapareceu ontem durante audiência pública do ministro Guido Mantega (Fazenda) na Comissão de Finanças da Câmara dos Deputados.
Provocado pelo ex-líder do PSDB, Arnaldo Madeira (SP), o ministro tentou negar o continuísmo entre os dois governos, especialmente na política econômica, mas teve que dar o braço a torcer: mudou desde os anos 70 e agora aceita alguns dos instrumentos que antes considerava neoliberais.
"Não concordo com o modelo do PSDB, que caminhou para o liberalismo. A estratégia era diferente, e não me venha com a história de que tivemos sorte, e vocês, azar na economia mundial", disse.
Mantega não só criticou o uso do termo continuísmo sobre sua gestão como falou de uma alegada ausência de programas sociais para comprovar o neoliberalismo tucano. "Não tinham programa social. O Bolsa Família não existia."
Madeira não poupou ironias ao rebater a afirmação. "Não sei de liberalismo que aumente impostos e gastos públicos, como fizemos no governo Fernando Henrique. O Bolsa Escola, o Vale Gás e o Vale Alimentação tinham 11 milhões de pessoas cadastradas. Se eu quisesse, poderia dizer que o governo Lula incluiu menos gente que o governo Fernando Henrique", disse o deputado tucano.
Apesar da troca de farpas, o ministro petista admitiu que o governo tucano deixou realizações importantes na economia. Mantega citou a Lei de Responsabilidade Fiscal -que estabelece parâmetros para a evolução das contas públicas e punição para maus gestores públicos- e o fortalecimento de algumas instituições.
Além de pontuar diferenças teóricas com os oposicionistas, Mantega usou a audiência pública para cunhar e anunciar novo termo a seu respeito. Tido como desenvolvimentista, o principal nome da equipe econômica do governo adicionou o termo "social" ao adjetivo. "Sou um social-desenvolvimentista, e não um neoliberal."

Meta de inflação
Em mais um capítulo para defender a meta de inflação de 4,5% fixada para 2009, Mantega também distribuiu ontem documento para mostrar que não houve aumento nas taxas de juros nem na expectativa de inflação após a decisão do governo, no fim de junho.
Os seis gráficos do material mostram que os juros previstos pelo mercado para janeiro de 2010 caíram depois do anúncio da meta de 4,5% e subiram no início de julho, quanto foi divulgado o resultado da produção industrial de maio.
Em outro gráfico, o Ministério da Fazenda tenta mostrar que a expectativa de inflação do mercado vinha subindo desde maio -sendo, então, um movimento sem ligação com a meta anunciada.


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