São Paulo, sexta-feira, 13 de julho de 2007

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Brasil questiona câmbio da China

A pedido dos EUA, país vai incluir discussão sobre desvalorização do yuan na pauta de encontros do G20

Mantega diz que secretário do Tesouro, Henry Paulson, "instigou" governo a elevar pressão para que moeda chinesa seja valorizada

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A pedido dos EUA, o Brasil vai incluir a discussão sobre a desvalorização da moeda chinesa na pauta dos encontros do G20, grupo de países emergentes criado para negociar reduções nos subsídios dados pelos países ricos. A China e o Brasil estão entre os principais integrantes do grupo.
De acordo com o ministro Guido Mantega (Fazenda), o câmbio chinês é "artificialmente desvalorizado" pela compra de dólares feita pelo banco central do país. Isso evita que o yuan, a moeda local, valorize-se e barateia as exportações chinesas para o resto do mundo.
"Se o governo [chinês] fizesse menos intervenção, as mercadorias custariam 30% a 40% mais. Seria o suficiente para elas perderem na competição com os produtos brasileiros. Então é isso que nós queremos corrigir", disse Mantega.
De acordo com o ministro, o secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, "instigou" o governo brasileiro a aumentar a pressão internacional sobre a China para que a moeda seja valorizada. Os dois se reuniram em Brasília na quarta.
Mantega também informou que, na próxima reunião do FMI, em outubro, o governo brasileiro se manifestará de "forma mais veemente" sobre a desvalorização do yuan.
O ministro aproveitou a audiência pública na Câmara dos Deputados para comparar o crescimento chinês ao brasileiro. Segundo Mantega, o país asiático alcança taxas de crescimento de 10% ao ano porque está fazendo a transição de uma economia agrícola para uma com perfil industrial, um processo pelo qual o Brasil passou no século passado.
"O Brasil é uma economia emergente madura, cuja taxa de crescimento boa é de 5% a 6%. Se crescermos 10%, quebramos a cara."
Mantega disse aos deputados que o governo optou por um aumento mais moderado do PIB, porém mais seguro. O ministro explicou que o Brasil precisa fazer investimentos em infra-estrutura e fez uma crítica direta à Argentina,que enfrenta um apagão elétrico.
"Não vai acontecer [no Brasil] o que está acontecendo na Argentina porque o nosso crescimento é mais equilibrado."

EUA e Mercosul
O subsecretário de Assuntos Políticos do Departamento de Estado, Nicholas Burns, deixou claro ontem em Brasília que os EUA querem derrubar barreiras comerciais com o Mercosul e aprofundar a relação com o Brasil na área econômica.
"Temos muito interesse em trabalhar de perto com o Mercosul e os países líderes do Mercosul para ver se conseguimos derrubar barreiras de comércio", disse Burns em breve entrevista na manhã de ontem.
De acordo com o norte-americano, os principais empresários do Brasil e dos Estados Unidos se reunirão nos próximos meses para verificar formas de derrubar limitações ao comércio entre os dois países. No ano passado, a balança bilateral girou US$ 39,2 bilhões, com um superávit do Brasil de US$ 9,87 bilhões.
(LEANDRA PERES, FERNANDO NAKAGAWA, IURI DANTAS e SHEILA D"AMORIM)


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