São Paulo, domingo, 13 de julho de 2008

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MERCADO ABERTO

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

China ameaça Brasil no mercado angolano

A disputa entre Brasil e China por mercados em Angola deve esquentar no segundo semestre. O Brasil tem perdido espaço para os chineses em uma queda-de-braço cujo início remete aos primeiros passos da reconstrução do país, em 2002, após quase 30 anos de uma guerra civil que teve impactos devastadores para a população e para a economia.
Brasil e China ocupam postos consideráveis nas relações comerciais com o país africano como mostra estudo elaborado pela Apex-Brasil.
A China ocupa o segundo lugar entre os destinos das exportações angolanas, com participação de 34,7%, atrás dos EUA (37,2%). As principais importações vêm dos seguintes países: EUA (15,4%), Portugal (15,1%) e Coréia do Sul (10,3%). A China aparece em quarto, com 8,9%, seguida de perto pelo Brasil, com 8,3%. Angola teve importações mundiais de US$ 10,1 bilhões e exportações de US$ 31,5 bilhões em 2006.
Entre 2004 e 2006, a participação do Brasil nas importações angolanas subiu de 3,5% para 8,3%. Em 2006, porém, a China ultrapassou, quando atingiu participação de 8,9%. Os números correspondem a US$ 894 milhões de exportações chinesas contra US$ 836 milhões de exportações brasileiras ao mercado de Angola.
Em outubro, a Apex-Brasil enviará ao país uma delegação com 70 empresas para "intensificar a presença em Angola", segundo Maurício Manfre, responsável pelo projeto de Angola na unidade de imagem e acesso a mercados da Apex.
Para a missão, a Apex está buscando parcerias com entidades de capacitação como Sebrae, Senai, Sesc e outras. A idéia é garantir mais espaço aos produtos e serviços brasileiros. Os chineses, nos últimos anos, entraram mais agressivamente com investimentos no país.
Segundo Manfre, os produtos brasileiros possuem uma aceitação maior entre a população angolana do que as mercadorias vindas da China. Nesse quesito, os maiores competidores do Brasil são os europeus. "O povo angolano se identifica com a moda e o estilo de vida brasileiros. Eles assistem às novelas da Globo e da Record e por isso têm uma simpatia."
Entre a nova classe média que surge no país, o filão é dos brasileiros. Já os produtos chineses de baixa qualidade e baixo preço têm aceitação nas camadas mais pobres da população. "Mas o Brasil quer competir com produtos de maior valor agregado, provenientes da Europa, como cosméticos, produtos de limpeza, alimentos, confecções e também máquinas e equipamentos", diz.
O Brasil foi um dos primeiros países a atuarem na reconstrução de Angola depois da guerra. Construtoras como Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez têm investimentos milionários.
"A China é hoje uma grande fornecedora de serviços de infra-estrutura e está atuando na construção não só de prédios, mas também de rodovias."

PARCELADO
O Banco do Brasil vai financiar a aquisição de conversores para TV digital em até 48 meses. Segundo o banco, com R$ 10,21 por mês, em 48 parcelas, será possível adquirir um equipamento no valor de R$ 250. A contratação poderá ser feita nos estabelecimentos afiliados à rede Visa, na internet ou nas agências do banco. A operação será automatizada, e a liberação do valor, para quem já possui limite estabelecido, será automática.

PODEROSO CHELSEA
Com a crise no mercado imobiliário nos EUA, os bilionários russos começam a ocupar as mansões vazias. O "Wall Street Journal" diz que Roman Abramovich, dono do Chelsea, pagou US$ 36,4 milhões por uma propriedade que equivale a cerca de 113 campos de futebol. Dmitry Rybolovlev, sócio de indústria de fertilizantes russa, negocia com Donald Trump uma casa de US$ 100 milhões em Palm Beach.

NUCLEAR
De acordo com pesquisa realizada no início deste mês na Alemanha, pela Infratest Dimap, a opinião pública está dividida com relação ao uso de energia nuclear. Cerca de 51% dos entrevistados acreditam que a Alemanha deve manter a política nuclear atual, ou seja, o desligamento progressivo de usinas nucleares do país até 2021, segundo acordo de coalizão entre o governo e o partido verde. Em dezembro do ano passado, esse número estava em 58%.

CONCORRÊNCIA RADICAL
A América Latina sediará, pela primeira vez, uma etapa da competição de executivos Intelligent Sport -organizada na região pela Lito Times de Serviços-, em novembro, em Florianópolis, com esportes radicais, provas estratégicas e cognitivas. Os melhores times brasileiros irão para a final mundial, que pode opor filial e matriz de uma mesma empresa. "É uma chance de filiais mostrarem competências", diz José Campos, diretor da Lito. A etapa brasileira terá nomes como Braskem, Santander e Booz Allen.

NO ESPELHO
Amalia Sina, conhecida pela carreira executiva que deixou há pouco mais de um ano para ser empresária, vai ampliar sua linha de cosméticos. A Sina Cosméticos lança, neste mês, em Las Vegas, 80 produtos da nova linha. Sina, que teve cargos como presidente da Philip Morris do Brasil, da Walita do Brasil e outros, começou com produção de 25 quilos por item e hoje produz quatro toneladas por mês de cada produto. Sua estratégia é lançar antes no exterior, como fez com a própria empresa, que nasceu na Itália. "Quando você ganha pedigree lá fora, o Brasil aceita mais." A extensão da linha será lançada no Brasil no segundo semestre. Seus produtos hoje estão em países como EUA e Alemanha.

MIRA
APREENSÃO DE CDS E DVDS PIRATAS AUMENTA 60% NO PRIMEIRO SEMESTRE

As apreensões de CDs e DVDs piratas aumentaram 60% no primeiro semestre comparado aos mesmos meses de 2007, segundo a APCM (Associação Antipirataria de Cinema e Música). Neste ano, 22 milhões de mídias piratas foram recolhidas, contra 14 milhões em 2007. No período deste ano, foram apreendidos 802 drives de CDs, 3.789 drives de DVDs e 955 unidades de equipamentos como mouses, impressoras e scanners. De acordo com a associação, no primeiro semestre, 119 pessoas foram condenadas pelo crime de pirataria.

com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI



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