São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 2009

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Balanços nos EUA devem piorar no 2º tri

Previsão de queda de 35,5% nos resultados põe em xeque expectativa de recuperação na economia americana

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

O início da safra de balanços corporativos do segundo trimestre nos EUA mais resultados negativos de vendas no comércio e corte de salários colocaram de novo em xeque a expectativa de recuperação da economia norte-americana.
Enquanto crescem as dúvidas sobre se os EUA precisarão de novos pacotes de estímulo, as cinco centenas de empresas listadas no índice S&P 500 da Bolsa de Nova York -e que representam a maior parte das grandes americanas- devem ter resultados 35,5% piores (média de lucros menores e prejuízos maiores) no segundo trimestre ante igual período de 2008, prevê análise corporativa da Thompson Reuters.
No primeiro trimestre, os resultados dessas mesmas empresas haviam encolhido 33%.
Ao todo, as maiores redes comerciais dos EUA apresentaram vendas 6,7% menores em junho sobre o mesmo mês de 2008, segundo estatísticas do banco Goldman Sachs.
No mercado de trabalho, triplicou (para 15% do total de empregados) o número de pessoas que foram obrigadas a aceitar cortes no salário nos últimos 12 meses, diz a SHRM, maior associação de empresas de recursos humanos do mundo.
Somados ao desemprego crescente, esses fatores podem ter impacto negativo sobre o consumo das famílias, que sustenta cerca de 70% do PIB.
São essas mesmas famílias que permanecem endividadas na proporção de mais de 130% sobre o total de sua renda disponível -um recorde e o dobro do último pico de 1980. Até 2008, o consumo das famílias cresceu 18,5% durante sete anos ininterruptos. Com a crise, encolheu apenas 2%.
Isso mostra que há grande margem para novas contrações de demanda em um ambiente de desemprego, corte de salários e aperto no crédito.
Na semana passada, o índice de confiança entre os consumidores medido pela Universidade de Michigan caiu de 70,8 pontos para 64,6. "As pessoas começam a achar que talvez tenha havido desconexão entre o que aconteceu no mercado financeiro e o que vem ocorrendo na vida real", diz Doreen Mogavero, da corretora Mogavero, Lee & Co., de Nova York.

Bolsa
Interrompendo forte sequência de altas, o índice Dow Jones voltou a refletir o sentimento negativo. Nos últimos 30 dias, acumula queda de 7%, o maior retrocesso desde o fundo do poço da crise, em março.
Entre as commodities, o petróleo também reflete o sentimento de que o pior ainda não passou. O preço caiu 10% na semana passada, para US$ 59,98 -menor valor em dois meses.
Para Robert Carnell, economista do banco ING, os resultados negativos das empresas nos próximos dias podem estar posicionando o mercado "na beira de uma grande e aguardada correção". Depois da surpresa em junho, quando foram registradas 145 mil demissões além do previsto, analistas esperam novos problemas com o aumento compulsório, no dia 24, do valor da hora mínima paga nos EUA. "Em recessões como essa, as empresas não têm como elevar preços para repassar custos", diz John Silvia, economista do banco Wells Fargo.



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