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Balanços nos EUA devem piorar no 2º tri
Previsão de queda de 35,5% nos resultados põe em xeque expectativa de recuperação na economia americana
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
O início da safra de balanços
corporativos do segundo trimestre nos EUA mais resultados negativos de vendas no comércio e corte de salários colocaram de novo em xeque a expectativa de recuperação da
economia norte-americana.
Enquanto crescem as dúvidas sobre se os EUA precisarão
de novos pacotes de estímulo,
as cinco centenas de empresas
listadas no índice S&P 500 da
Bolsa de Nova York -e que representam a maior parte das
grandes americanas- devem
ter resultados 35,5% piores
(média de lucros menores e
prejuízos maiores) no segundo
trimestre ante igual período de
2008, prevê análise corporativa
da Thompson Reuters.
No primeiro trimestre, os resultados dessas mesmas empresas haviam encolhido 33%.
Ao todo, as maiores redes comerciais dos EUA apresentaram vendas 6,7% menores em
junho sobre o mesmo mês de
2008, segundo estatísticas do
banco Goldman Sachs.
No mercado de trabalho, triplicou (para 15% do total de empregados) o número de pessoas
que foram obrigadas a aceitar
cortes no salário nos últimos 12
meses, diz a SHRM, maior associação de empresas de recursos
humanos do mundo.
Somados ao desemprego
crescente, esses fatores podem
ter impacto negativo sobre o
consumo das famílias, que sustenta cerca de 70% do PIB.
São essas mesmas famílias
que permanecem endividadas
na proporção de mais de 130%
sobre o total de sua renda disponível -um recorde e o dobro
do último pico de 1980. Até
2008, o consumo das famílias
cresceu 18,5% durante sete
anos ininterruptos. Com a crise, encolheu apenas 2%.
Isso mostra que há grande
margem para novas contrações
de demanda em um ambiente
de desemprego, corte de salários e aperto no crédito.
Na semana passada, o índice
de confiança entre os consumidores medido pela Universidade de Michigan caiu de 70,8
pontos para 64,6. "As pessoas
começam a achar que talvez tenha havido desconexão entre o
que aconteceu no mercado financeiro e o que vem ocorrendo na vida real", diz Doreen
Mogavero, da corretora Mogavero, Lee & Co., de Nova York.
Bolsa
Interrompendo forte sequência de altas, o índice Dow
Jones voltou a refletir o sentimento negativo. Nos últimos
30 dias, acumula queda de 7%,
o maior retrocesso desde o fundo do poço da crise, em março.
Entre as commodities, o petróleo também reflete o sentimento de que o pior ainda não
passou. O preço caiu 10% na semana passada, para US$ 59,98
-menor valor em dois meses.
Para Robert Carnell, economista do banco ING, os resultados negativos das empresas nos
próximos dias podem estar posicionando o mercado "na beira
de uma grande e aguardada
correção". Depois da surpresa
em junho, quando foram registradas 145 mil demissões além
do previsto, analistas esperam
novos problemas com o aumento compulsório, no dia 24,
do valor da hora mínima paga
nos EUA. "Em recessões como
essa, as empresas não têm como elevar preços para repassar
custos", diz John Silvia, economista do banco Wells Fargo.
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