São Paulo, terça-feira, 13 de agosto de 2002

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AJUDA

Projeto tenta suprir falta de financiamento privado

Mesmo com FMI, BNDES decide ampliar crédito para exportador

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Mesmo com o novo acordo com o FMI, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vai ampliar o crédito a financiamentos de curto prazo para ajudar exportadores brasileiros enquanto durar a escassez de recursos no mercado privado.
A informação foi dada ontem à Folha pelo diretor do banco para a Área de Exportações, Isaac Zagury. Na semana passada, o ministro do Desenvolvimento, Sérgio Amaral, havia anunciado que o BNDES ajudaria no crédito aos exportadores.
Mas, logo que foi anunciado o fechamento do acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) na semana passada, o banco chegou a cogitar a suspensão da idéia, na expectativa de que o acordo gerasse um retorno imediato do dinheiro. Em seguida, verificou-se que a retomada seria gradual.
De acordo com José Augusto da Castro, da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), a volta das linhas deverá ocorrer no prazo de 15 a 20 dias a partir do anúncio do acordo com o FMI.
Além disso, segundo Castro, a expectativa dos especialistas é de que somente de 70% a 90% das linhas privadas sejam retomadas, dadas as restrições de créditos existentes no mercado internacional. Diante disso, o BNDES resolveu manter a ampliação do crédito à exportação.

Mais crédito
O Banco Central vai anunciar nos próximos dias, mais provavelmente na semana que vem, a abertura de linhas de crédito para financiar as exportações brasileiras.
Segundo o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Beny Parnes, o financiamento será feito via bancos comerciais privados. Ou seja, o BC abrirá linhas de crédito para as instituições financeiras, que, por sua vez, oferecerão crédito para as empresas exportadoras.
De acordo com Parnes, as linhas para os bancos privados serão leiloadas. "Vamos começar a dar liquidez aos bancos domésticos para as linhas de crédito de comércio exterior através de leilões. Ainda estamos elaborando os mecanismos de incentivo", disse o diretor do BC.
Segundo Parnes, a idéia do BC é atenuar o encolhimento da oferta de linhas de crédito às exportações brasileiras, decorrente da crise no mercado financeiro. Diante das incertezas que avaliam ser geradas pelo processo eleitoral no Brasil, muitos bancos estrangeiros cortaram ou reduziram drasticamente a oferta de linhas de financiamento aos bancos locais, que as repassam como crédito ao comércio exterior.
Paralelamente à ação do BC, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) negocia com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e com o Banco Mundial a criação de linhas crédito adicionais ao comércio exterior. Já está acertado um empréstimo de US$ 1 bilhão do BID para ampliar o financiamento do BNDES aos exportadores.
"Mas essa iniciativa do BNDES poderá levar semanas. Nós, do BC, vamos intervir no curto prazo para dar linhas de comércio à exportação", disse Parnes no final da manhã, em teleconferência com analistas de Wall Street.
Segundo ele, os recursos que vierem a ser gastos com as linhas para o comércio exterior serão contabilizados no limite de US$ 3 bilhões das reservas líquidas internacionais que o BC tem para intervir no câmbio a cada prazo de 30 dias.
Na semana passada, o presidente do BC, Armínio Fraga, disse que, se a instituição gastasse US$ 3 bilhões das reservas líquidas com intervenções no câmbio num prazo de 30 dias, o país teria de voltar a dialogar com o FMI. Parnes confirmou que isso precisará ser feito.
Ao anunciar a conclusão do acordo com o FMI para a obtenção do pacote de ajuda ao país de US$ 30 bilhões, Armínio disse estar confiante que o mercado reabrirá gradualmente as linhas de crédito para o Brasil.


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