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AJUDA
Projeto tenta suprir falta de financiamento privado
Mesmo com FMI, BNDES decide ampliar crédito para exportador
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
Mesmo com o novo acordo com
o FMI, o BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico
e Social) vai ampliar o crédito a financiamentos de curto prazo para ajudar exportadores brasileiros
enquanto durar a escassez de recursos no mercado privado.
A informação foi dada ontem à
Folha pelo diretor do banco para
a Área de Exportações, Isaac Zagury. Na semana passada, o ministro do Desenvolvimento, Sérgio Amaral, havia anunciado que
o BNDES ajudaria no crédito aos
exportadores.
Mas, logo que foi anunciado o
fechamento do acordo com o FMI
(Fundo Monetário Internacional)
na semana passada, o banco chegou a cogitar a suspensão da idéia,
na expectativa de que o acordo
gerasse um retorno imediato do
dinheiro. Em seguida, verificou-se que a retomada seria gradual.
De acordo com José Augusto da
Castro, da AEB (Associação de
Comércio Exterior do Brasil), a
volta das linhas deverá ocorrer no
prazo de 15 a 20 dias a partir do
anúncio do acordo com o FMI.
Além disso, segundo Castro, a
expectativa dos especialistas é de
que somente de 70% a 90% das linhas privadas sejam retomadas,
dadas as restrições de créditos
existentes no mercado internacional. Diante disso, o BNDES resolveu manter a ampliação do crédito à exportação.
Mais crédito
O Banco Central vai anunciar
nos próximos dias, mais provavelmente na semana que vem, a
abertura de linhas de crédito para
financiar as exportações brasileiras.
Segundo o diretor de Assuntos
Internacionais do BC, Beny Parnes, o financiamento será feito via
bancos comerciais privados. Ou
seja, o BC abrirá linhas de crédito
para as instituições financeiras,
que, por sua vez, oferecerão crédito para as empresas exportadoras.
De acordo com Parnes, as linhas
para os bancos privados serão leiloadas. "Vamos começar a dar liquidez aos bancos domésticos para as linhas de crédito de comércio exterior através de leilões.
Ainda estamos elaborando os
mecanismos de incentivo", disse
o diretor do BC.
Segundo Parnes, a idéia do BC é
atenuar o encolhimento da oferta
de linhas de crédito às exportações brasileiras, decorrente da crise no mercado financeiro. Diante
das incertezas que avaliam ser geradas pelo processo eleitoral no
Brasil, muitos bancos estrangeiros cortaram ou reduziram drasticamente a oferta de linhas de financiamento aos bancos locais,
que as repassam como crédito ao
comércio exterior.
Paralelamente à ação do BC, o
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) negocia com o BID (Banco
Interamericano de Desenvolvimento) e com o Banco Mundial a
criação de linhas crédito adicionais ao comércio exterior. Já está
acertado um empréstimo de US$
1 bilhão do BID para ampliar o financiamento do BNDES aos exportadores.
"Mas essa iniciativa do BNDES
poderá levar semanas. Nós, do
BC, vamos intervir no curto prazo
para dar linhas de comércio à exportação", disse Parnes no final
da manhã, em teleconferência
com analistas de Wall Street.
Segundo ele, os recursos que
vierem a ser gastos com as linhas
para o comércio exterior serão
contabilizados no limite de US$ 3
bilhões das reservas líquidas internacionais que o BC tem para
intervir no câmbio a cada prazo
de 30 dias.
Na semana passada, o presidente do BC, Armínio Fraga, disse
que, se a instituição gastasse US$
3 bilhões das reservas líquidas
com intervenções no câmbio
num prazo de 30 dias, o país teria
de voltar a dialogar com o FMI.
Parnes confirmou que isso precisará ser feito.
Ao anunciar a conclusão do
acordo com o FMI para a obtenção do pacote de ajuda ao país de
US$ 30 bilhões, Armínio disse estar confiante que o mercado reabrirá gradualmente as linhas de crédito para o Brasil.
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