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TANGO
Mas centro-esquerda brasileira é mais responsável, diz ex-ministro da Economia
Cavallo compara Brasil à Argentina
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
O ex-ministro argentino Domingo Cavallo acredita que a
atual situação econômica brasileira é "idêntica" à da Argentina
poucos meses antes de que fosse
decretada a moratória da dívida
externa, em dezembro do ano
passado.
Mas, na entrevista à TV Azul, a
primeira desde que deixou a prisão no começo de junho, Cavallo
relativizou suas afirmações e não
prognosticou que o Brasil terá o
mesmo futuro da Argentina.
A data escolhida pelo ex-ministro para comparar a realidade
brasileira com a de seu país foi a
de agosto de 2001, quando a Argentina já enfrentava dificuldades
para pagar a dívida pública e dava
sinais de que não conseguiria evitar o calote -e o próprio Cavallo
tentava uma renegociação forçada da dívida interna.
Depois da prisão
Segundo o ex-ministro, que esteve no cargo entre março e dezembro de 2001, o Brasil tem uma vantagem sobre a Argentina por
possuir uma "centro-esquerda
mais séria", sugerindo que os políticos brasileiros de oposição não
levariam o país ao abismo para
depois tomar o poder como, de
acordo ele, teria acontecido no
país vizinho.
Cavallo também afirmou que,
na época, o país tinha o apoio do
FMI (Fundo Monetário Internacional) mas errou ao não antecipar-se à moratória por meio de
uma renegociação amigável da dívida externa.
Além disso, o ex-ministro se defendeu das críticas que sofre até
hoje por ter criado o "corralito"
(congelamento de parte dos depósitos bancários) em dezembro.
Segundo ele, denúncias da oposição levaram à onda de saques no
final do ano passado, o que o obrigou a tomar a medida. "Se dizia
que os bancos lavavam dinheiro,
que iriam falir. Obviamente, as
pessoas se assustaram e começaram a sacar o dinheiro."
Depois de passar dois meses na
prisão, acusado de envolvimento
em contrabando de armas, Cavallo reapareceu mais magro e
bronzeado e disse estar "disponível" para voltar a ocupar cargos
públicos.
Paridade
O governador José Manuel de la
Sota (Córdoba), pré-candidato à
Presidência pelo Partido Justicialista (peronista), defendeu ontem
a paridade entre o peso e o real.
"Quero uma moeda que esteja
ligada à brasileira, pois isso nos
garantiria o comércio. Que o real
e o peso tenham a mesma cotação, e busquemos juntos cada vez
mais mercados externos para Argentina e Brasil", disse
Ele não especificou em que cotação o câmbio dos dois países deveria atingir a paridade. O dólar fechou ontem negociado a R$ 3,15 no Brasil e a 3,65 pesos na Argentina.
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