São Paulo, terça-feira, 13 de agosto de 2002

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TANGO

Mas centro-esquerda brasileira é mais responsável, diz ex-ministro da Economia

Cavallo compara Brasil à Argentina

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

O ex-ministro argentino Domingo Cavallo acredita que a atual situação econômica brasileira é "idêntica" à da Argentina poucos meses antes de que fosse decretada a moratória da dívida externa, em dezembro do ano passado.
Mas, na entrevista à TV Azul, a primeira desde que deixou a prisão no começo de junho, Cavallo relativizou suas afirmações e não prognosticou que o Brasil terá o mesmo futuro da Argentina.
A data escolhida pelo ex-ministro para comparar a realidade brasileira com a de seu país foi a de agosto de 2001, quando a Argentina já enfrentava dificuldades para pagar a dívida pública e dava sinais de que não conseguiria evitar o calote -e o próprio Cavallo tentava uma renegociação forçada da dívida interna.

Depois da prisão
Segundo o ex-ministro, que esteve no cargo entre março e dezembro de 2001, o Brasil tem uma vantagem sobre a Argentina por possuir uma "centro-esquerda mais séria", sugerindo que os políticos brasileiros de oposição não levariam o país ao abismo para depois tomar o poder como, de acordo ele, teria acontecido no país vizinho.
Cavallo também afirmou que, na época, o país tinha o apoio do FMI (Fundo Monetário Internacional) mas errou ao não antecipar-se à moratória por meio de uma renegociação amigável da dívida externa.
Além disso, o ex-ministro se defendeu das críticas que sofre até hoje por ter criado o "corralito" (congelamento de parte dos depósitos bancários) em dezembro. Segundo ele, denúncias da oposição levaram à onda de saques no final do ano passado, o que o obrigou a tomar a medida. "Se dizia que os bancos lavavam dinheiro, que iriam falir. Obviamente, as pessoas se assustaram e começaram a sacar o dinheiro."
Depois de passar dois meses na prisão, acusado de envolvimento em contrabando de armas, Cavallo reapareceu mais magro e bronzeado e disse estar "disponível" para voltar a ocupar cargos públicos.

Paridade
O governador José Manuel de la Sota (Córdoba), pré-candidato à Presidência pelo Partido Justicialista (peronista), defendeu ontem a paridade entre o peso e o real.
"Quero uma moeda que esteja ligada à brasileira, pois isso nos garantiria o comércio. Que o real e o peso tenham a mesma cotação, e busquemos juntos cada vez mais mercados externos para Argentina e Brasil", disse
Ele não especificou em que cotação o câmbio dos dois países deveria atingir a paridade. O dólar fechou ontem negociado a R$ 3,15 no Brasil e a 3,65 pesos na Argentina.


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