São Paulo, terça-feira, 13 de agosto de 2002

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MERCADO

Previsão de safra americana cai mais 9% com estiagem no Meio-oeste

Seca nos EUA pressiona preço da soja

DA REPORTAGEM LOCAL

Novo relatório sobre a safra americana, divulgado ontem pelo Usda (o Ministério da Agricultura dos EUA), diz que a seca no Meio-oeste do país afetou ainda mais que o esperado a safra da região. Por conta disso, os preços da soja no Brasil subiram 8,35% ontem.
De acordo com o Usda, a previsão de safra de soja no país encolheu 9%, passando para 71,5 milhões de toneladas em agosto, contra a previsão inicial de 78,68 milhões de toneladas. A seca no país está prejudicando a formação das plantas, que perdem produtividade. Após o anúncio da safra, a Bolsa de Chicago disparou e o contrato de soja com vencimento em agosto fechou em alta de 3,96%, a US$ 5,90 o bushel.
Com essa alta, e pegando carona na alta do dólar, o preço da soja no Brasil também disparou. No porto de Paranaguá, a saca de 60 kg fechou a R$ 39,73, tendo sido negociada a R$ 40 durante o dia. Já o indicador de soja Esalq/ BM&F subiu 8,35%, cotando a saca de 60 kg a R$ 36,86.
Segundo operadores, a situação está mais crítica do que se esperava. Para eles, o governo dos EUA estava "maquiando" os levantamentos de safra para evitar que a quebra americana incentivasse produtores de outros países a plantar mais. A "maquiagem" seria uma forma de os EUA amenizarem a situação dos preços para seus produtores na próxima safra.
Segundo a pesquisadora do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) Vânia Di Addario Guimarães, a alta do preço nos EUA vai realmente contribuir para aumentar a área plantada de soja no país. O perigo, lembra, é que muitos produtores de milho podem deixar de cultivar o produto e plantar soja em busca de maior rentabilidade.
"Os preços do milho ainda estão bons. É preciso aguardar o início das plantações para avaliar melhor a situação", disse. "Mas, pelo que vemos agora, realmente é provável que a área de milho caia em relação à de soja."
A seca nos EUA também afetou as safras de milho e trigo, que encolheram, respectivamente, 7% e 4% de acordo com o Usda.
(JOSÉ SERGIO OSSE)


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