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São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2003

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APLICAÇÕES

Pela primeira vez no ano, captação líquida fica no azul no acumulado em 12 meses; juros altos atraem investidor

Fundos de investimento voltam ao positivo

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os juros elevados praticados no país atraíram os aplicadores de volta para os fundos de investimentos. Levantamento da consultoria Thomson Invest Tracker mostra que, pela primeira vez no ano, a diferença entre aplicações e saques nos fundos acumulada em 12 meses ficou positiva.
Considerando 12 meses encerrados no fim de julho, os fundos tiveram captação líquida positiva de R$ 15,9 bilhões. No acumulado apenas em 2003, segundo dados da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento), as aplicações nos fundos superam os saques em R$ 33,9 bilhões.
A captação deste ano ainda não foi suficiente para tampar o rombo registrado em 2002. Os fundos de investimento sofreram um tombo recorde no ano passado -os saques superaram as aplicações em R$ 60 bilhões.
A forte sangria de recursos dos fundos em 2002 resultou da chamada marcação a mercado, um novo tipo de contabilização dos títulos que formam os fundos. A nova regra foi imposta pelo governo no fim de maio. Com a marcação a mercado, veio o medo de perdas de rentabilidade, o que levou muitos investidores a sacarem suas aplicações.
A entrada de recursos novos neste ano ajudou a fazer com que o patrimônio líquido dos fundos, segundo a série histórica elaborada pelo site Fortuna, alcançasse seu volume recorde. No último dia 8, o patrimônio dos fundos chegou aos R$ 367,6 bilhões.
"A indústria de fundos está voltando para o lugar de onde nunca deveria ter saído. Tivemos alguns aprendizados a um custo bastante elevado", afirma Roberto Pitta, diretor da Mellon Global Investments.

Juros elevados
A alta das taxas de juros foi fundamental para que investidores decidissem voltar a aplicar em fundos, especialmente os DI e os de renda fixa. Essas aplicações seguem a oscilação dos juros.
Apesar de a taxa básica de juros ter caído de 26% para 24,5% anuais no mês passado, ainda segue em patamares historicamente elevados. A rentabilidade dos fundos DI acumulada no ano está em 15,25%, e a dos fundos de renda fixa, em 14,59%.
A captação dos fundos de renda fixa no ano chega aos R$ 19,2 bilhões. Os fundos DI -que têm como parâmetro os juros praticados nas operações entre os bancos- registram captação positiva de R$ 2,1 bilhões no período, segundo a Anbid.
Na outra ponta, quem mais perdeu recursos neste ano foram os fundos de ações. Apesar de a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acumular a expressiva valorização de 20,7% no ano, o mercado acionário não tem encontrado forças para superar o atual patamar nas últimas semanas. A captação dos fundos de ações está negativa em R$ 1,15 bilhão no ano.
Outra aplicação que tem perdido investidores é a caderneta de poupança, considerada a mais conservadora. No ano passado, após a marcação a mercado, a caderneta de poupança recebeu muitos recursos de investidores que fugiram dos fundos. Em junho do ano passado, a poupança registrou captação recorde de mais de R$ 5 bilhões. Hoje o movimento se inverteu.
No primeiro semestre, os saques feitos nas cadernetas de poupança superaram os depósitos em R$ 10,5 bilhões.


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