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APLICAÇÕES
Pela primeira vez no ano, captação líquida fica no azul no acumulado em 12 meses; juros altos atraem investidor
Fundos de investimento voltam ao positivo
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os juros elevados praticados no
país atraíram os aplicadores de
volta para os fundos de investimentos. Levantamento da consultoria Thomson Invest Tracker
mostra que, pela primeira vez no
ano, a diferença entre aplicações e
saques nos fundos acumulada em
12 meses ficou positiva.
Considerando 12 meses encerrados no fim de julho, os fundos
tiveram captação líquida positiva
de R$ 15,9 bilhões. No acumulado
apenas em 2003, segundo dados
da Anbid (Associação Nacional
dos Bancos de Investimento), as
aplicações nos fundos superam os
saques em R$ 33,9 bilhões.
A captação deste ano ainda não
foi suficiente para tampar o rombo registrado em 2002. Os fundos
de investimento sofreram um
tombo recorde no ano passado
-os saques superaram as aplicações em R$ 60 bilhões.
A forte sangria de recursos dos
fundos em 2002 resultou da chamada marcação a mercado, um
novo tipo de contabilização dos
títulos que formam os fundos. A
nova regra foi imposta pelo governo no fim de maio. Com a
marcação a mercado, veio o medo
de perdas de rentabilidade, o que
levou muitos investidores a sacarem suas aplicações.
A entrada de recursos novos
neste ano ajudou a fazer com que
o patrimônio líquido dos fundos,
segundo a série histórica elaborada pelo site Fortuna, alcançasse
seu volume recorde. No último
dia 8, o patrimônio dos fundos
chegou aos R$ 367,6 bilhões.
"A indústria de fundos está voltando para o lugar de onde nunca
deveria ter saído. Tivemos alguns
aprendizados a um custo bastante
elevado", afirma Roberto Pitta,
diretor da Mellon Global Investments.
Juros elevados
A alta das taxas de juros foi fundamental para que investidores
decidissem voltar a aplicar em
fundos, especialmente os DI e os
de renda fixa. Essas aplicações seguem a oscilação dos juros.
Apesar de a taxa básica de juros
ter caído de 26% para 24,5%
anuais no mês passado, ainda segue em patamares historicamente
elevados. A rentabilidade dos fundos DI acumulada no ano está em
15,25%, e a dos fundos de renda fixa, em 14,59%.
A captação dos fundos de renda
fixa no ano chega aos R$ 19,2 bilhões. Os fundos DI -que têm
como parâmetro os juros praticados nas operações entre os bancos- registram captação positiva
de R$ 2,1 bilhões no período, segundo a Anbid.
Na outra ponta, quem mais perdeu recursos neste ano foram os
fundos de ações. Apesar de a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acumular a expressiva valorização de 20,7% no ano, o mercado acionário não tem encontrado forças para superar o atual patamar nas últimas semanas. A
captação dos fundos de ações está
negativa em R$ 1,15 bilhão no ano.
Outra aplicação que tem perdido investidores é a caderneta de
poupança, considerada a mais
conservadora. No ano passado,
após a marcação a mercado, a caderneta de poupança recebeu
muitos recursos de investidores
que fugiram dos fundos. Em junho do ano passado, a poupança
registrou captação recorde de
mais de R$ 5 bilhões. Hoje o movimento se inverteu.
No primeiro semestre, os saques feitos nas cadernetas de poupança superaram os depósitos em
R$ 10,5 bilhões.
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