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ELÉTRICAS
Eletrobrás aceita assumir dívida de R$ 320 milhões e se tornar acionista minoritária de um possível comprador
Governo tenta vender a Cemar novamente
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após tentar revender, por três
vezes, a concessão da distribuidora de energia Cemar (Companhia
Energética do Maranhão), o governo anunciou ontem que irá
tentar novamente, com um novo
atrativo: a Eletrobrás aceita converter parte do pagamento que teria a receber da Cemar em ações.
Ou seja, o governo acenou com
a possibilidade de virar acionista
minoritário da empresa, caso haja
um comprador. A Cemar deve R$
320 milhões à Eletrobrás (estatal).
O novo processo de venda deve
ser aberto na semana que vem,
com a prorrogação da intervenção da Aneel (Agência Nacional
de Energia Elétrica) na empresa
por mais 180 dias. Se, ao final do
processo, não for encontrado
comprador, o prazo poderá ser
prorrogado ou o governo decretará a caducidade da concessão e fará nova licitação.
Nessa hipótese, a dívida da empresa, de mais de R$ 600 milhões,
fica na massa falida, com possibilidade remota de recebimento pelos credores. A concessão do serviço é vendida separadamente. O
governo considera a distribuidora
um bom negócio, com receita
bruta de aproximadamente R$
570 milhões por ano.
Ontem, a ministra Dilma Rousseff (Minas e Energia) incentivou
os credores da empresa a fazerem
"deságio" (dar desconto) nas suas
dívidas para viabilizar a venda,
sob o risco de não receberem.
Ela descartou a reestatização da
Cemar. "A União não pretende
assumir a dívida de ninguém. Se
alguém está apostando que a
União vai arcar com a dívida, está
equivocado."
A Cemar, que atende aproximadamente 1 milhão de consumidores no Maranhão, foi privatizada
em junho de 2000, por aproximadamente US$ 289 milhões. A empresa foi comprada do governo
do Estado do Maranhão pelo grupo norte-americano PPL (Pensilvânia Power Light).
No ano passado, os investidores
privados decidiram vender a empresa, alegando prejuízos com o
racionamento (junho de 2001 a fevereiro de 2002), perdas com as
negociações feitas no MAE (Mercado Atacadista de Energia Elétrica) e a não-concessão de reajustes
extraordinários de tarifa.
A Aneel negou os reajustes alegando que a empresa tinha problemas de gestão e, em agosto de
2002, interveio na empresa.
Dilma reconheceu que o racionamento de energia e os problemas com o MAE atrapalharam a
empresa, mas disse que o maior
problema foi "uma política de endividamento aventureira".
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