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São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2003

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INDÚSTRIA

Entidade pede que governo estenda diminuição de imposto e corte mais a Selic para "acelerar recuperação de empregos"

Fiesp cobra mais redução do IPI e de juros

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) cobrou ontem do governo corte dos juros maior do que o 1,5 ponto percentual anunciado pelo Banco Central em julho e a extensão da diminuição de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) a outras cadeias produtivas que não apenas o setor automotivo.
A atuação do governo serviria, segundo a Fiesp, para reduzir os custos de ajuste dos estoques. Mais que isso: ""Funcionaria como um acelerador da recuperação de empregos", nas palavras da diretora da Fiesp Clarice Messer.
Não por acaso, a reivindicação ocorreu durante o anúncio mensal do nível de emprego na indústria em São Paulo. De acordo com a Fiesp, o índice no setor recuou 0,08% em julho, o que significa perda de 1.213 postos (leia ao lado), uma desaceleração ante os 4.564 fechados em junho.
A Fiesp argumenta que a desaceleração das demissões tem sido feita justamente à custa de ajustes (desova) nos estoques.
Para a entidade, a atuação governamental deveria ocorrer em três vertentes: política monetária (leia-se juros), estimulo à confiança entre investidores (via aprovação das reformas) e subsídios para a indústria, como o IPI menor e a desoneração de investimentos.
""Não há momento mais propício para uma redução substancial dos juros que agora", defendeu a diretora. ""Com as empresas ofertando muita mercadoria no mercado, o tal risco de inflação de demanda fica muito reduzido", completou. Era referência aos argumentos do BC (para redução gradual do juros) de que um aquecimento rápido da economia pode provocar escassez de produtos e estimular reajustes.
Clarice sustentou que, mesmo sem a atuação do governo, a retomada nas contratações da indústria deve ser iniciada a partir do final de setembro e início de outubro, por conta de fatores sazonais (maior demanda de final de ano). ""Mas não significa que o governo não possa fazer nada. Há um custo que está sendo carregado pela indústria, seja em menores investimentos, em empregos e diminuição da margem de lucros."
"O governo deveria promover uma desoneração dos investimentos e mesmo estender a redução do IPI para outros setores", afirmou Clarice.
Sobre os subsídios à produção, a representante da Fiesp admitiu ser improvável que o governo conceda a outros setores corte temporário de tributos, como os três pontos a menos no IPI para as montadoras, anunciado na semana passada e que terá vigência até o final de novembro. ""É mais factível uma desoneração dos investimentos que redução de IPI ao preço do produto final", afirmou.
Ainda segundo ela, uma eventual desoneração de investimentos permitiria a consolidação de investimentos privados no país. Não explicou de que forma seria feita essa eventual desoneração -se dependeria unicamente da reforma tributária ou de medidas isoladas do governo.
""Não temos ainda nenhum indicativo de investimentos maiores nos próximos meses", disse Clarice. ""Certamente, essa situação vai adentrar o primeiro semestre de 2004. Precisamos de medidas logo, porque projetos e investimentos demandam tempo de maturação", completou.


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