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São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2003

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FINANÇAS

Kahneman vê erro em impulso

Nobel sugere ignorar mercado para investir

DA REPORTAGEM LOCAL

Na hora de tomar decisões sobre investimentos, a ignorância sobre as tendências de mercado pode ser a melhor conselheira.
A provocação é do ganhador do prêmio Nobel de economia em 2002, o psicólogo americano Daniel Kahneman, 69. "Até tenho um analista que cuida das minhas finanças pessoais. Explico mais ou menos o tipo de investimento que quero, mas não me interesso por saber qual investimento está na moda. Não quero ser tentado e tomar decisões por impulso."
Kahneman é considerado um dos fundadores da área de "finanças comportamentais", cadeira que tenta desvendar os mecanismos psicológicos que norteiam os humores do mercado.
Para ele, a racionalidade das decisões tomadas por investidores é contestável. Na verdade, as engrenagens dos sistemas econômicos mundiais são movidas por idéias pouco objetivas e instintos que beiram a irracionalidade.
Essa teoria foi baseada em experimentos realizados nas duas últimas décadas. Nos testes, grupos de pessoas eram observados durante simulações de compra ou venda de mercadorias. Os grupos analisados não conseguiam tomar decisões com base em prognósticos de longo prazo.
"Assim é o mercado. Ele é regulado por considerações de curto prazo", disse Kahneman, ontem, durante entrevista coletiva em São Paulo. O psicólogo visitou o Brasil para proferir palestras a convite do BankBoston.
Segundo ele, o estudo das finanças comportamentais pode ajudar a alcançar o equilíbrio no orçamento doméstico, por exemplo. "Nos EUA, os consumidores gastam muito e têm dificuldade para poupar. Ao conhecer melhor como as pessoas lidam com dinheiro, os fundos de pensão, por exemplo, podem criar formas para estimular seus clientes a economizar." (CÍNTIA CARDOSO)


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