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FINANÇAS
Kahneman vê erro em impulso
Nobel sugere ignorar mercado para investir
DA REPORTAGEM LOCAL
Na hora de tomar decisões sobre investimentos, a ignorância
sobre as tendências de mercado
pode ser a melhor conselheira.
A provocação é do ganhador do
prêmio Nobel de economia em
2002, o psicólogo americano Daniel Kahneman, 69. "Até tenho
um analista que cuida das minhas
finanças pessoais. Explico mais
ou menos o tipo de investimento
que quero, mas não me interesso
por saber qual investimento está
na moda. Não quero ser tentado e
tomar decisões por impulso."
Kahneman é considerado um
dos fundadores da área de "finanças comportamentais", cadeira
que tenta desvendar os mecanismos psicológicos que norteiam os
humores do mercado.
Para ele, a racionalidade das decisões tomadas por investidores é
contestável. Na verdade, as engrenagens dos sistemas econômicos
mundiais são movidas por idéias
pouco objetivas e instintos que
beiram a irracionalidade.
Essa teoria foi baseada em experimentos realizados nas duas últimas décadas. Nos testes, grupos
de pessoas eram observados durante simulações de compra ou
venda de mercadorias. Os grupos
analisados não conseguiam tomar decisões com base em prognósticos de longo prazo.
"Assim é o mercado. Ele é regulado por considerações de curto
prazo", disse Kahneman, ontem,
durante entrevista coletiva em
São Paulo. O psicólogo visitou o
Brasil para proferir palestras a
convite do BankBoston.
Segundo ele, o estudo das finanças comportamentais pode ajudar a alcançar o equilíbrio no orçamento doméstico, por exemplo. "Nos EUA, os consumidores
gastam muito e têm dificuldade
para poupar. Ao conhecer melhor
como as pessoas lidam com dinheiro, os fundos de pensão, por
exemplo, podem criar formas para estimular seus clientes a economizar."
(CÍNTIA CARDOSO)
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