São Paulo, sexta-feira, 13 de agosto de 2004

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RETOMADA

Presidente recebe informação de que resultado do 1º semestre ficará em ao menos 4,5%; governo eleva projeção para o ano

Lula já festeja crescimento de até 5% do PIB

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil cresceu entre 4,5% e 5% no primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2003, de acordo com informação já antecipada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O número exato deverá ser divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) até o final deste mês. A data provável é 27 de agosto, sexta-feira, segundo apurou a Folha com membros da cúpula do governo.
Se o PIB ficar em 4,5%, será o melhor resultado de um primeiro semestre desde 2000 -que havia registrado 4,7%. Se atingir 5%, o PIB terá tido o maior crescimento para o período em nove anos.
Ao saber do número do primeiro semestre, Lula e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, passaram a trabalhar com um cenário de crescimento do PIB para 2004 maior do que o já previsto.
Oficialmente, o governo fala em crescimento de 3,5% do PIB -a soma de todas as riquezas produzidas no país ao longo de um ano. Reservadamente, autoridades do governo já falavam numa taxa superior a essa, próxima de 4%.
Mas agora essas autoridades passaram a trabalhar com um cenário de crescimento entre 4% e 4,5% em 2004 na comparação com o ano passado. Em 2003, a economia encolheu 0,2%.
Quando soube do resultado do PIB no primeiro semestre, o presidente Lula demonstrou satisfação. Segundo auxiliares, ele exibe um bom humor que não se via desde quando venceu a eleição presidencial, em outubro de 2002.
Como 2004 vinha sendo um ano difícil, a divulgação recente de uma série de indicadores positivos (aumento da produção industrial e geração de empregos, por exemplo) é vista pelo presidente como uma nova fase de governo.
Para Lula, o tempo das vacas magras (notícias ruins na economia) acabou. Ontem, ele gravou pronunciamento de rádio e TV para capitalizar o bom momento econômico. O discurso vai ao ar hoje. Lula não deverá citar o dado do PIB, porque não é oficial, mas mostrará confiança na recuperação econômica.

Eleições municipais
A divulgação de um crescimento do PIB acima do esperado no final do mês de agosto cai como uma luva nos planos do governo e do PT de vitaminar as candidaturas petistas e de partidos aliados nas eleições municipais de 3 de outubro. Ao mesmo tempo em que a economia apresentou sinais de recuperação, a popularidade do governo e de Lula melhorou e o desempenho de candidatos petistas também, segundo atestaram pesquisas recentes.
Na visão do presidente, ele está colhendo agora os frutos do duro ajuste fiscal (corte no Orçamento da União) e da rigidez monetária (juros altos) de 2003, seu primeiro ano de gestão.
A preocupação do presidente agora é aprovar, ainda neste ano, projetos no Congresso que a equipe econômica julga suficientes para confirmar em 2005 um bom desempenho do PIB.
Já há avaliações na cúpula do governo de que a aprovação da nova Lei de Falências e das regras da PPP (Parceria Público-Privada) criarão atmosfera propícia para se esperar um crescimento do PIB da ordem de 5% em 2005.
Sem isso, a avaliação é que o crescimento será menor, entre 4% e 4,5%. Como é mais fácil crescer em 2004, pois em 2003 houve retração, Lula avalia que, se não pode flexibilizar demais o ajuste fiscal nem a política monetária, precisará aprovar projetos importantes no Congresso para manter o ritmo nos próximos anos.


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