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RETOMADA
Presidente recebe informação de que resultado do 1º semestre ficará em ao menos 4,5%; governo eleva projeção para o ano
Lula já festeja crescimento de até 5% do PIB
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PIB (Produto Interno Bruto)
do Brasil cresceu entre 4,5% e 5%
no primeiro semestre deste ano
na comparação com o mesmo período de 2003, de acordo com informação já antecipada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O número exato deverá ser divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
até o final deste mês. A data provável é 27 de agosto, sexta-feira,
segundo apurou a Folha com
membros da cúpula do governo.
Se o PIB ficar em 4,5%, será o
melhor resultado de um primeiro
semestre desde 2000 -que havia
registrado 4,7%. Se atingir 5%, o
PIB terá tido o maior crescimento
para o período em nove anos.
Ao saber do número do primeiro semestre, Lula e o ministro da
Fazenda, Antonio Palocci Filho,
passaram a trabalhar com um cenário de crescimento do PIB para
2004 maior do que o já previsto.
Oficialmente, o governo fala em
crescimento de 3,5% do PIB -a
soma de todas as riquezas produzidas no país ao longo de um ano.
Reservadamente, autoridades do
governo já falavam numa taxa superior a essa, próxima de 4%.
Mas agora essas autoridades
passaram a trabalhar com um cenário de crescimento entre 4% e
4,5% em 2004 na comparação
com o ano passado. Em 2003, a
economia encolheu 0,2%.
Quando soube do resultado do
PIB no primeiro semestre, o presidente Lula demonstrou satisfação. Segundo auxiliares, ele exibe
um bom humor que não se via
desde quando venceu a eleição
presidencial, em outubro de 2002.
Como 2004 vinha sendo um ano
difícil, a divulgação recente de
uma série de indicadores positivos (aumento da produção industrial e geração de empregos, por
exemplo) é vista pelo presidente
como uma nova fase de governo.
Para Lula, o tempo das vacas
magras (notícias ruins na economia) acabou. Ontem, ele gravou
pronunciamento de rádio e TV
para capitalizar o bom momento
econômico. O discurso vai ao ar
hoje. Lula não deverá citar o dado
do PIB, porque não é oficial, mas
mostrará confiança na recuperação econômica.
Eleições municipais
A divulgação de um crescimento do PIB acima do esperado no
final do mês de agosto cai como
uma luva nos planos do governo e
do PT de vitaminar as candidaturas petistas e de partidos aliados
nas eleições municipais de 3 de
outubro. Ao mesmo tempo em
que a economia apresentou sinais
de recuperação, a popularidade
do governo e de Lula melhorou e
o desempenho de candidatos petistas também, segundo atestaram pesquisas recentes.
Na visão do presidente, ele está
colhendo agora os frutos do duro
ajuste fiscal (corte no Orçamento
da União) e da rigidez monetária
(juros altos) de 2003, seu primeiro
ano de gestão.
A preocupação do presidente
agora é aprovar, ainda neste ano,
projetos no Congresso que a equipe econômica julga suficientes
para confirmar em 2005 um bom
desempenho do PIB.
Já há avaliações na cúpula do
governo de que a aprovação da
nova Lei de Falências e das regras
da PPP (Parceria Público-Privada) criarão atmosfera propícia
para se esperar um crescimento
do PIB da ordem de 5% em 2005.
Sem isso, a avaliação é que o
crescimento será menor, entre 4%
e 4,5%. Como é mais fácil crescer
em 2004, pois em 2003 houve retração, Lula avalia que, se não pode flexibilizar demais o ajuste fiscal nem a política monetária, precisará aprovar projetos importantes no Congresso para manter o
ritmo nos próximos anos.
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