|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SETOR FINANCEIRO
Selic cai dez pontos, mas ganho das 4 maiores instituições sobe 11,4%
Bancos aumentam lucros
mesmo com queda de juros
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar do corte de dez pontos
percentuais na taxa básica de juros, a Selic, quatro dos maiores
bancos privados do país -Bradesco, Itaú, Unibanco e Santander Banespa- conseguiram aumentar seus lucros, suas receitas e
mantiveram praticamente intocada a rentabilidade média no primeiro semestre do ano.
O lucro líquido desses bancos
aumentou 11,4% de janeiro a junho em comparação com igual
período de 2003, totalizando R$
4,5 bilhões. A rentabilidade média
anualizada sofreu pequeno recuo:
de 23,6% sobre o patrimônio líquido, em junho do ano passado,
para 22,9% neste ano.
No entanto, com exceção do
Santander Banespa, os demais tiveram aumento de rentabilidade
no período. "O Banespa distorce a amostra, pois nos
dois últimos anos ele vinha se
reestruturando e estava com uma
rentabilidade fora do padrão", diz
Gustavo Pedreira, analista da
ABM Consulting, que fez o levantamento para a Folha.
No primeiro semestre de 2003, o
Santander Banespa obteve rentabilidade anualizada de 50,2%.
Neste ano, foi o banco mais rentável, com ganho de 32,8% sobre o
patrimônio líquido. Em segundo
lugar, veio o Itaú, com 28,5%.
Os resultados desses bancos superam o registrado por grandes
instituições internacionais, como
o holandês ABN Amro (24%) e o
americano Bank Of America
(23%) no ano passado. Esses dois
bancos foram campeões de rentabilidade numa amostra de oito
bancos europeus e americanos levantada pela ABM Consulting.
Outro levantamento feito nos
balanços semestrais de 14 bancos
brasileiros, pela EFC -Engenheiros Financeiros e Consultores-,
mostra que a rentabilidade média
do setor foi de 22,1%, superando a
registrada no primeiro semestre
de 2003 (de 21,8%). Os dados incluem instituições heterogêneas:
bancos de pequeno porte, de atacado e de varejo.
Estratégia
A reativação da economia permitiu aos quatro grandes bancos
aumentar suas operações no primeiro semestre do ano. Em conseqüência, suas receitas cresceram 38,2%, totalizando R$ 41,1 bilhões. "Tanto as operações com
títulos públicos como as operações de crédito cresceram no primeiro semestre", diz Pedreira.
Segundo o analista, mesmo com
a queda da Selic, os grandes bancos expandiram em 20% suas receitas com títulos e valores mobiliários no período. Para isso, tiveram que operar mais com papéis
do governo, ganhando no volume
-a carteira de títulos aumentou
22,4% no período.
"As operações com títulos públicos ainda são muito rentáveis,
pois a taxa de juro real do país ainda é a segunda maior do mundo
-só perde para a da Turquia",
diz Pedreira.
O novo gás da economia também permitiu aos grandes bancos
pôr em prática uma estratégia
voltada para a expansão das operações de crédito. O foco foram os
segmentos nos quais a rentabilidade é maior -como empréstimos às pessoas físicas e pequenas
e médias empresas-, o que ajudou a encorpar os resultados.
A boa notícia é que por conta do
aumento da competição na área
de crédito o "spread" bancário
caiu. Segundo a ABM Consulting,
a taxa média de "spread" dos quatro bancos recuou de 71% no primeiro semestre do ano passado
para 49% em junho deste ano.
"Spread" é a diferença entre o que
os bancos pagam para captar recursos no mercado e o que cobram nos empréstimos.
Os grandes bancos também se
beneficiaram do aumento de receitas de serviços (tarifas): em junho de 2003 elas totalizavam R$
6,3 bilhões e, neste ano, chegaram
a R$ 7,6 bilhões.
Texto Anterior: Luís Nassif: É a política, estúpido Próximo Texto: Resultado da CEF cai 27% com Selic menor Índice
|