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"RISCO-MENSALÃO"
Especialistas afirmam que cenário relatado por Lula em discurso é real e crêem na manutenção do crescimento
Lula acerta na economia, dizem analistas
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva insistiu no sucesso econômico de sua gestão na primeira
parte de seu discurso ontem.
Crescimento, criação de emprego
e os resultados fiscal e das contas
externas realmente foram melhores do que nos anos anteriores ao
mandato de Lula e, dizem analistas consultados pela Folha, a despeito da crise política, a economia
deve seguir crescendo pelo menos
até o primeiro semestre de 2006.
"Do ponto de vista do crescimento, deve haver uma aceleração a partir do momento em que
os juros começarem a cair", diz
Fabio Silveira, da MS Consult. Para o economista, pelo menos o
"discurso econômico" foi verossímil. "É inegável que, do ponto de
vista dos fundamentos econômicos, o que temos é um cenário
muito favorável", afirma.
Heron do Carmo, presidente do
Conselho Regional de Economia
de São Paulo (Corecon-SP), concorda. "A inflação, que em abril
rondava os 8%, já caiu para níveis
inferiores a 5,5%, e a economia,
ao que tudo indica, deve crescer
até um pouco mais do que se esperava há alguns meses."
O setor externo, também mencionado pelo presidente, não pára
de surpreender os analistas. Silveira acaba de revisar sua previsão para o saldo da balança comercial. Ele espera um saldo de
R$ 42 bilhões, contra uma previsão anterior de R$ 38 bilhões.
Júlio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi (Instituto de
Estudos para o Desenvolvimento
Industrial), ressalta que o desempenho externo é um dos créditos
positivos que devem ser atribuídos à gestão econômica do atual
governo. "Nos quesitos segurança
e sustentabilidade, estamos muito
melhor do que no passado. A economia desenvolveu anticorpos
contra as crises que nos atingiram
de forma constante nos anos 90 e
no início desta década", diz ele.
Roberto Padovani, da consultoria Tendências, lembra que não é
à toa que Lula escolheu a economia para iniciar seu discurso.
"Com raras exceções, como o momento atual, que tem todo esse
ruído dos escândalos, a evolução
da renda real e da confiança do
consumidor explica parte importante da popularidade do presidente", diz, argumentando que é
justamente o desempenho econômico que pode dar alguma sustentabilidade política ao governo.
Almeida diz que o desempenho
é positivo, mas lembra que poderia ser melhor.
"O mundo está abrindo oportunidade para que os países em desenvolvimento cresçam. Com o
cenário externo atual, o Brasil poderia fazer o dobro do que está
conseguindo. O mundo em desenvolvimento cresce 6%, enquanto devemos crescer entre
3,0% e 3,5%", diz ele.
Silveira concorda, ao dizer que,
não fosse o "fundamentalismo"
da equipe econômica, os juros
não precisariam estar "excessivamente" altos e, assim, o país poderia crescer um pouco mais.
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