São Paulo, sábado, 13 de agosto de 2005

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"RISCO-MENSALÃO"

Especialistas afirmam que cenário relatado por Lula em discurso é real e crêem na manutenção do crescimento

Lula acerta na economia, dizem analistas

MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva insistiu no sucesso econômico de sua gestão na primeira parte de seu discurso ontem. Crescimento, criação de emprego e os resultados fiscal e das contas externas realmente foram melhores do que nos anos anteriores ao mandato de Lula e, dizem analistas consultados pela Folha, a despeito da crise política, a economia deve seguir crescendo pelo menos até o primeiro semestre de 2006.
"Do ponto de vista do crescimento, deve haver uma aceleração a partir do momento em que os juros começarem a cair", diz Fabio Silveira, da MS Consult. Para o economista, pelo menos o "discurso econômico" foi verossímil. "É inegável que, do ponto de vista dos fundamentos econômicos, o que temos é um cenário muito favorável", afirma.
Heron do Carmo, presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), concorda. "A inflação, que em abril rondava os 8%, já caiu para níveis inferiores a 5,5%, e a economia, ao que tudo indica, deve crescer até um pouco mais do que se esperava há alguns meses."
O setor externo, também mencionado pelo presidente, não pára de surpreender os analistas. Silveira acaba de revisar sua previsão para o saldo da balança comercial. Ele espera um saldo de R$ 42 bilhões, contra uma previsão anterior de R$ 38 bilhões.
Júlio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), ressalta que o desempenho externo é um dos créditos positivos que devem ser atribuídos à gestão econômica do atual governo. "Nos quesitos segurança e sustentabilidade, estamos muito melhor do que no passado. A economia desenvolveu anticorpos contra as crises que nos atingiram de forma constante nos anos 90 e no início desta década", diz ele.
Roberto Padovani, da consultoria Tendências, lembra que não é à toa que Lula escolheu a economia para iniciar seu discurso. "Com raras exceções, como o momento atual, que tem todo esse ruído dos escândalos, a evolução da renda real e da confiança do consumidor explica parte importante da popularidade do presidente", diz, argumentando que é justamente o desempenho econômico que pode dar alguma sustentabilidade política ao governo.
Almeida diz que o desempenho é positivo, mas lembra que poderia ser melhor.
"O mundo está abrindo oportunidade para que os países em desenvolvimento cresçam. Com o cenário externo atual, o Brasil poderia fazer o dobro do que está conseguindo. O mundo em desenvolvimento cresce 6%, enquanto devemos crescer entre 3,0% e 3,5%", diz ele.
Silveira concorda, ao dizer que, não fosse o "fundamentalismo" da equipe econômica, os juros não precisariam estar "excessivamente" altos e, assim, o país poderia crescer um pouco mais.


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