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CONCORRÊNCIA
Empresa estaria impondo restrições aos concorrentes no uso de sua ferrovia, a Vitória-Minas
SDE abre dois processos contra a Vale
da Sucursal de Brasília
O secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça,
Ruy Coutinho, abriu dois processos administrativos contra a
Companhia Vale do Rio Doce para apurar supostas práticas anticoncorrência.
A SDE também elaborou um
parecer que propõe que a Vale do
Rio Doce seja obrigada a escolher
entre suas participações na CSN
(Companhia Siderúrgica Nacional) e na Usiminas.
O ponto central dos processos
administrativos são os serviços de
transporte prestados a terceiros
pela ferrovia Vitória-Minas, vinculada à Vale.
Segundo a SDE, há indícios de
prática de preços discriminatórios. Os serviços ferroviários prestados para a própria Vale seriam
mais baratos que os oferecidos a
outras empresas.
A chefe do Departamento de
Proteção e Defesa Econômica da
SDE, Eliane Trompson Flores,
disse que a Vale também estaria
impondo restrições para prestar
serviços de transporte ferroviário
a terceiros.
A empresa que contrata os serviços ferroviários da Vale estaria
impedida de exportar produtos
para França, Inglaterra e Itália.
Despacho da SDE publicado
ontem no "Diário Oficial" da
União afirma que "há suficiência
de indícios de infração à ordem
econômica".
Outras supostas infrações são
apontadas, como dificultar o desenvolvimento de empresa concorrente e regular mercados de
bens e serviços, estabelecendo
acordos para controlar a produção de bens.
Segundo Eliane Trompson, boa
parte dos problemas decorre do
não-atendimento de uma das
cláusulas incluídas no edital de
privatização, que previa a segregação do transporte ferroviário
das demais atividades da Vale.
Ela afirma que o edital de privatização determinava a separação
contábil e jurídica. "A Vale deveria ser, formalmente, apenas uma
cliente das ferrovias, como outro.
Aí não teríamos problemas."
A Vale foi privatizada em 1997.
A aquisição será julgada pelo Cade (Conselho Administrativo de
Defesa Econômica).
A SDE identificou potencial restrição à concorrência na intrincada relação de participações acionárias da Vale na siderurgia. Assim, propôs que a empresa escolha a CSN ou a Usiminas. "Ou
mantém a CSN ou mantém a Usiminas", disse Eliane Trompson.
A decisão final sobre o assunto
caberá ao Cade. A SDE também
recomendou ao Cade a aplicação
de multa, que pode chegar a R$
1,5 bilhão.
A Folha procurou a Vale do Rio
Doce, mas sua assessoria de imprensa informou que a empresa
não se pronunciaria ontem sobre
o assunto.
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