São Paulo, quinta-feira, 13 de setembro de 2001

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VIZINHO EM CRISE

Para ministro, real fraco cria problemas

Domingo Cavallo critica Brasil por desvalorizar salários "em dólares"

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O ministro da Economia da Argentina, Domingo Cavallo, fez fortes críticas ao que define como redução salarial brasileira ""em dólares" ocorrida, segundo ele, com a desvalorização do real. Falou na importância de equiparar os valores dos salários entre Brasil e Argentina e assegurou que o governo argentino não admitiria percorrer o mesmo caminho adotado pelos brasileiros, de baixos salários.
O ministro argentino fez essas declarações em entrevista ao jornal uruguaio "El País", publicada anteontem.
Cavallo disse que seu país adotou medidas prejudiciais aos uruguaios em alguns setores pontuais e que isso ocorre devido ""à desvalorização do real".
""Sim, é verdade, existem algumas restrições comerciais que tivemos de aplicar, mas na verdade elas se justificam pelo que ocorreu no Brasil. Esses temas serão conversados e solucionados", disse o ministro argentino da Economia, para completar.

Diferenças
Ao ser questionado sobre eventuais diferenças existentes entre os países do Mercosul, Cavallo disse que, ""com o Uruguai, não há praticamente problemas, em geral é uma economia que não nos cria problemas".
""No caso do Brasil, o grande problema é a desvalorização do real, que significa diminuição dos salários em dólares nesse país. Obviamente, esse tema vai ter que encontrar uma solução. Vamos ter de insistir em uma política de salários que não seja muito diferente entre Brasil e Argentina, porque, se não fizermos isso, teremos de nos resignar a fazer as mesmas reduções salariais que fez o Brasil ao desvalorizar o real. Isso não é aceitável para os argentinos", disse.

Moeda única
Sobre a adoção de uma moeda única no bloco econômico sul-americano, Cavallo afirmou que é um tema a ser discutido ""quando estiverem equilibrados os termos da relação monetária entre Argentina e Brasil".
O ministro da Economia da Argentina volta a pregar a aproximação entre o Mercosul e os mercados europeu e norte-americano, definindo como positiva a abertura desses mercados.


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