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VIZINHO EM CRISE
Para ministro, real fraco cria problemas
Domingo Cavallo critica Brasil por desvalorizar salários "em dólares"
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O ministro da Economia da Argentina, Domingo Cavallo, fez
fortes críticas ao que define como
redução salarial brasileira ""em
dólares" ocorrida, segundo ele,
com a desvalorização do real. Falou na importância de equiparar
os valores dos salários entre Brasil
e Argentina e assegurou que o governo argentino não admitiria
percorrer o mesmo caminho adotado pelos brasileiros, de baixos
salários.
O ministro argentino fez essas
declarações em entrevista ao jornal uruguaio "El País", publicada
anteontem.
Cavallo disse que seu país adotou medidas prejudiciais aos uruguaios em alguns setores pontuais e que isso ocorre devido ""à
desvalorização do real".
""Sim, é verdade, existem algumas restrições comerciais que tivemos de aplicar, mas na verdade
elas se justificam pelo que ocorreu
no Brasil. Esses temas serão conversados e solucionados", disse o
ministro argentino da Economia,
para completar.
Diferenças
Ao ser questionado sobre eventuais diferenças existentes entre
os países do Mercosul, Cavallo
disse que, ""com o Uruguai, não há
praticamente problemas, em geral é uma economia que não nos
cria problemas".
""No caso do Brasil, o grande
problema é a desvalorização do
real, que significa diminuição dos
salários em dólares nesse país.
Obviamente, esse tema vai ter que
encontrar uma solução. Vamos
ter de insistir em uma política de
salários que não seja muito diferente entre Brasil e Argentina,
porque, se não fizermos isso, teremos de nos resignar a fazer as
mesmas reduções salariais que fez
o Brasil ao desvalorizar o real. Isso
não é aceitável para os argentinos", disse.
Moeda única
Sobre a adoção de uma moeda
única no bloco econômico sul-americano, Cavallo afirmou que é
um tema a ser discutido ""quando
estiverem equilibrados os termos
da relação monetária entre Argentina e Brasil".
O ministro da Economia da Argentina volta a pregar a aproximação entre o Mercosul e os mercados europeu e norte-americano, definindo como positiva a
abertura desses mercados.
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