São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 2002

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EXUBERÂNCIA

Instituições tiveram ganho de R$ 9,7 bi nos primeiros seis meses do ano contra R$ 6,69 bi no mesmo período de 2001

Lucro dos bancos cresce 45% no semestre

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os bancos que operam no Brasil tiveram um lucro de R$ 9,7 bilhões no primeiro semestre deste ano, um crescimento de 45% em relação ao desempenho registrado nos primeiros seis meses do ano passado.
Os números constam de levantamento feito pelo Banco Central a partir das demonstrações financeiras de 167 das 171 instituições financeiras que atuam no país. A Caixa Econômica Federal, o banco carioca BRJ e os bancos estaduais do Pará e do Maranhão não foram incluídos no resultado do segundo trimestre deste ano porque ainda não entregaram seus balanços ao BC.
No primeiro semestre de 2001, os bancos que operam no país lucraram R$ 6,69 bilhões, também segundo o BC. Não estão incluídos nesse número os resultados da Caixa Econômica Federal e do Santander, que tiveram prejuízos excepcionais -R$ 4,39 bilhões e R$ 6,96 bilhões, respectivamente- devido a reestruturações feitas no ano passado.
Os números mostram que o aumento na lucratividade não se concentrou em bancos de grande porte, como o Itaú e o Bradesco, e sim em instituições menores. O ganho apurado pelo Sudameris, por exemplo, passou de R$ 50,8 milhões para R$ 139,9 milhões. O BBV registrou comportamento semelhante: seu lucro passou de R$ 14,3 milhões para R$ 56,4 milhões entre 2001 e 2002.
Além disso, os bancos federais registraram resultados melhores depois do Proef, programa criado pelo governo no ano passado e que teve por objetivo socorrer Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia. Após o Proef, o lucro do BB, por exemplo, passou de R$ 304 milhões, no primeiro semestre de 2001, para R$ 823 milhões neste ano.

Juros
O maior ganho apurado pelos bancos neste ano reflete a alta do dólar e as elevadas taxas de juros pagas pelo setor público para poder rolar sua dívida. As instituições financeiras possuíam, em junho, R$ 229 bilhões em títulos emitidos pelo governo federal, o que representa aproximadamente um terço do total de papéis em circulação no mercado.
A maioria desses títulos é corrigida pelos juros básicos da economia -a taxa Selic- e pela variação do câmbio. No primeiro semestre, tanto os juros como o dólar registraram altas expressivas quando comparados com 2001.
A taxa Selic acumulada entre janeiro e junho deste ano ficou em 8,14%, contra 7,5% no primeiro semestre de 2001. Já o dólar, cuja cotação oscilava em torno de R$ 2 no início do ano passado, era negociado a mais de R$ 2,50 em junho passado.
Com o aumento da rentabilidade oferecida pelos títulos públicos, a concessão de empréstimos para empresas e pessoas físicas acabou ficando em segundo plano. Em junho de 2001, os financiamentos oferecidos pelas instituições financeiras a seus clientes somavam R$ 184,4 bilhões, segundo o BC. Em junho deste ano, esse número havia subido 13,6% e chegado a R$ 209,5 bilhões.

Inflação
Grande parte desse aumento, porém, é consequência da inflação. Entre junho de 2001 e junho de 2001, o IGP-M, medido pela Fundação Getúlio Vargas, acumulou alta de 9,48%.
As receitas obtidas pelos bancos em suas operações de crédito também se mantiveram relativamente estáveis. No primeiro semestre do ano passado, essas operações renderam R$ 26,6 bilhões às instituições, o que representou 13,93% de suas receitas totais.
Nos primeiros seis meses deste ano, a receita obtida nos empréstimos concedidos a seus clientes ficou em R$ 33 bilhões, o que equivale a 14,39% das receitas totais obtidas pelos bancos no período. Os juros cobrados pelos bancos nessas operações de crédito passou de 55,6% ao ano, em junho de 2001, para 59,6% ao ano em junho deste ano.


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