São Paulo, sábado, 13 de setembro de 2008

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Importação vai continuar forte, prevê governo

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

A valorização do dólar nas últimas semanas não deve conter as importações feitas pelo país, na avaliação de Welber Barral, secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento.
"Cerca de 20% das compras referem-se a bens de consumo e 80% são de bens de capital e insumos", explica ele. "No caso das máquinas, os contratos foram firmados há bastante tempo. Quanto aos insumos, fica difícil trocar o fornecedor de uma hora para outra."
Os produtos de consumo são mais afetados por variações cambiais; porém, a maioria dos pedidos já foi fechada, embora o pico da importação dessas mercadorias se dê no segundo semestre, por conta das festividades do final de ano. "Talvez haja uma pequena redução nas compras de bens caros, mas isso não vai gerar um impacto substancial na balança."
Os especialistas da área concordam com Barral. "Até porque a alta da moeda americana ainda é pequena para fazer alguma diferença, até R$ 2 continua vantajoso trazer produtos de fora", comenta José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
Desde 1º de agosto, quando chegou a valer R$ 1,559, o dólar já subiu 14,2%, fechando ontem a R$ 1,781. As importações cresceram, neste ano, 53% em relação a 2007, para US$ 118,2 bilhões.
De sua parte, os exportadores também não têm motivos para comemorar. "O reflexo da apreciação, em 2008, será zero", diz Castro. "O câmbio em nada afeta os preços das commodities, os quais são definidos pelo mercado internacional. E, para os fabricantes de manufaturados, que respondem por cerca de 35% das exportações e levam seis meses entre vender e embarcar, o ano acabou." De janeiro à primeira semana de setembro, as exportações avançaram 22%, para US$ 135,4 bilhões.
Na opinião do representante da AEB, o cenário só mudaria se o dólar ultrapassasse os R$ 2. "O ideal seria um dólar a R$ 2,20 para aumentar a competitividade dos produtos brasileiros."
Barral afirma esperar, como o ministro Guido Mantega, que a moeda americana suba mais. "Talvez, dependendo de uma combinação de fatores -uma eventual recuperação da economia dos EUA, uma queda dos preços das commodities, uma redução da taxa de juros brasileira- as cotações se estabilizem no patamar de R$ 1,80."


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