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Indústria aponta necessidade de ampliar nível de investimentos
Aumento no uso da capacidade instalada pressiona setor a investir em ampliação
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Embora tenha ficado estável
no segundo trimestre, o nível
de investimentos deve começar
a aumentar agora, estimulado
pela ampliação do uso da capacidade instalada na indústria.
A tendência é que esse fator
tenha nos próximos meses participação maior no crescimento do PIB (Produto Interno
Bruto), puxado no segundo trimestre especialmente pelo
consumo das famílias e pelo setor de serviços.
Segundo Flávio Castelo
Branco, gerente-executivo da
Unidade de Política Econômica
da CNI (Confederação Nacional da Indústria), a indústria já
utiliza em média 80% de sua
capacidade -antes da crise, o
percentual chegava a 83%.
Com a oferta crescente, o nível de utilização já está chegando a um patamar "justo". "A
previsão de alta na demanda
obriga as empresas a investir
em sua ampliação para não perder espaço no mercado", disse
Castelo Branco. "Começa a se
aproximar a hora em que as
empresas precisarão realizar
novos investimentos."
A CNI considera que a crise
não está "inteiramente superada", já que a queda de 1,2% do
PIB (Produto Interno Bruto)
em relação ao mesmo período
do ano passado "explicita os danos ainda existentes".
O ambiente, porém, está
mais favorável para as empresas investirem, afirma Paulo
Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos
Econômicos da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo).
"A dose de temor já diminuiu, e as empresas já incorporaram a sensação de que a crise
aguda passou."
Para Francini, a ação do governo por meio do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)
para financiar os investimentos trouxe um estímulo para a
indústria investir mais.
"Vamos colher esses frutos
no final do ano. Não sabemos
em que intensidade, mas sabemos que haverá retorno no nível de investimentos."
Para a compra de máquinas e
equipamentos, o BNDES baixou a taxa anual de juros para
4,5% e alongou o prazo de financiamento para até dez anos,
com dois de carência. O benefício vale até o fim deste ano.
A Fiesp considera que, apesar do retorno dos investimentos, a "verdadeira recuperação
da atividade industrial ocorrerá apenas em 2010".
Segundo Julio Gomes de Almeida, professor da Unicamp e
ex-secretário de Política Econômica, os investimentos já
"caíram o que tinham que cair".
Para ele, a tendência agora é de
alta, mas o patamar pré-crise
poderá ser alcançado apenas
dentro de um ano. "Isso porque
o tombo foi muito grande. Demora para recuperar."
(PAULO DE ARAUJO)
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