São Paulo, domingo, 13 de outubro de 2002

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Nacionalização é maior em bem intermediário

MARIANA MAINENTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O fenômeno da substituição de importações é mais claro no setor de bens intermediários. Um relatório elaborado pelo Ministério do Desenvolvimento sobre o tema mostra que, enquanto a queda da produção brasileira de bens intermediários foi de 1,7% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, as importações do segmento caíram 20,1%.
O secretário-adjunto de política econômica do Ministério da Fazenda, Roberto Iglesias, diz que esse "descolamento" entre as importações e a produção evidencia uma migração para os produtos nacionais.
"A produção da indústria da transformação está descolando das importações de intermediários, que incluem de trigo a partes e peças e bens para atualização industrial. As importações estão recuando, mas, se a produção não cai de forma acentuada, é sinal de que há demanda, que está sendo atendida pelo produto nacional."
Mas o que preocupa é que, em outros setores, em que não há indícios de substituição claros, as importações estejam caindo em ritmo tão acentuado. No setor de bens de consumo duráveis, por exemplo, há queda de 33,5% até setembro, o que indica que há, sim, retração no consumo.
Esse é um dos fatores que mostram que, ainda que tenha havido substituição de produtos estrangeiros por nacionais, a queda nas importações de 17,7% no ano foi fortemente influenciada pela redução do nível de atividade econômica do país.
Com a disparada do dólar, esse fenômeno tende a se acentuar porque para muitos compradores torna-se inviável a aquisição de bens importados. Mas o mesmo motivo lança dúvidas sobre a longevidade do fenômeno.
"Por conta da aceleração do dólar, pode estar havendo uma substituição oportunista. O comprador transfere algumas aquisições para indústrias locais e depois volta a importar", acredita o analista da Funcex (Fundação Centro Escola de Comércio Exterior), Fernando Ribeiro.
Mas Iglesias acha que o processo de substituição de importações vai continuar porque tem como base novos investimentos realizados no país.
"Houve a partir de meados de 1999 decisões de investimento de produzir aqui dentro itens que eram produzidos lá fora. Isso porque o ambiente econômico favorecia. O Brasil mudou o regime de câmbio, mas continuou a ter uma economia estável. Em meados de 2001 começaram a ficar prontos esses projetos e o resultado é essa substituição de importações que estamos vendo agora", disse.



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