São Paulo, domingo, 13 de outubro de 2002

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Paulinho reassume presidência e racha sindicato dos metalúrgicos

DA REPORTAGEM LOCAL

A volta de Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, para a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo (ele também reassume amanhã a presidência da Força Sindical) provocou um racha na diretoria da entidade.
Paulinho, licenciado da presidência do sindicato desde 2000, volta para cuidar de assuntos políticos e da campanha salarial. Ramiro de Jesus Pinto, até agora presidente do sindicato, passa a ser responsável pela área administrativa da entidade, como primeiro vice, cargo para o qual foi eleito.
"Voltei porque a atuação política do sindicato estava muito capenga", diz Paulinho.
"O cargo pertence de fato e de direito a ele, que foi eleito pelos trabalhadores. Há dois anos, Paulinho se afastou porque não conseguia acumular as duas presidências", afirma Jesus Pinto.

Pressão
A Folha apurou que Paulinho voltou ao sindicato por pressão de uma ala de sindicalistas ligados à Força que não gosta da atuação de Jesus Pinto. O recado foi o seguinte: ou Paulinho voltava para a presidência ou seria formada uma chapa de oposição à atual diretoria na disputa do próximo mandato, que se inicia em 2004.
Nesta semana, alguns sindicalistas levantaram a hipótese de que Paulinho não poderia voltar ao cargo. Isso porque o artigo 48 (item b) do estatuto do sindicato diz que os membros da diretoria, do conselho fiscal e delegados do conselho de representantes da federação (Federação Estadual dos Metalúrgicos da Força Sindical de São Paulo) perderão seus mandatos se houver "aceitação de função ou de transferência que obrigue o afastamento do exercício do cargo, definitivo ou temporário".
Sindicalistas ligados a Paulinho, entretanto, dizem que podem ocorrer mudanças na atual diretoria, com troca de cargos, como estabelece o estatuto. Na análise deles, o sindicato perdeu força política.

Mudanças
A troca de funções depende de decisão da diretoria, não precisa ser referendada em assembléia dos trabalhadores. Com isso, o primeiro vice pode ser substituído. Os prováveis candidatos seriam Elza Costa Pereira, mulher de Paulinho, que ocupa o cargo de segunda vice-presidente, Miguel Torres, atual terceiro vice-presidente, ou Eleno Bezerra da Silva, que ocupa o cargo de secretário-geral do sindicato.
O retorno de Paulinho para o sindicato dos metalúrgicos, segundo a Folha ouviu de vários dirigentes, também tem outro motivo: na função de presidente, Paulinho volta a ficar em evidência depois da derrota como vice na chapa de Ciro Gomes (PPS).
Outro motivo: o sindicato está negociando com a Caixa o pagamento de ação já ganha na Justiça pelos metalúrgicos de Mogi das Cruzes para repor as perdas do plano Collor 1. São 60 mil trabalhadores com direito a receber R$ 12 milhões. Também espera que essa decisão seja estendida para outros 350 mil metalúrgicos de São Paulo, uma vez que o sindicato de Mogi se uniu ao de São Paulo. E quem estiver na liderança do sindicato será certamente lembrado por isso. (CR e FF)


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