São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 2002

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REVISÃO DO ACORDO

Horst Köhler deve se encontrar com equipe de transição e fazer consultas sobre meta de superávit

Nš 1 do FMI vem ao Brasil em dezembro

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Horst Köhler, virá ao Brasil no começo de dezembro para reuniões com a equipe econômica do atual governo. Provavelmente, ele terá também encontros com a equipe de transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
Köhler acertou sua vinda ontem, numa ligação para o Ministério da Fazenda, em Brasília. Ele vai aproveitar um giro que fará por países da América do Sul no próximo mês.
A expectativa é que, nessa viagem, o diretor-gerente faça algumas consultas com a equipe de transição sobre como ficarão as metas do acordo do governo brasileiro com o Fundo.
Ontem, ocorreu a primeira reunião dos técnicos do FMI com o ministro Pedro Malan (Fazenda) e sua equipe. Hoje, haverá reuniões nos ministérios da Previdência Social e do Planejamento. Está previsto para amanhã encontro com o presidente do Banco Central, Armínio Fraga.
A reunião da missão com o coordenador da equipe petista de transição, Antônio Palocci Filho, será na próxima semana. Ontem, disse que a missão do FMI tem o objetivo de fazer uma "avaliação" do acordo entre o país e o organismo, não uma "revisão" do acordo fechado em agosto.
Palocci, que deve representar Lula nas discussões com o Fundo, é contra a elevação das metas fiscais estipuladas no acordo. O PT diz que as negociações deste mês serão de exclusiva responsabilidade do atual governo -o partido, se convidado, se limitará a "dialogar" com a missão.
A missão ao país, liderada pela primeira vez pelo argentino Jorge Marquez-Ruarte, é a mais numerosa dos últimos anos. Além de Ruarte, vieram o ex-chefe da missão brasileira Lorenzo Perez e outros 11 técnicos do Fundo.
Depois de passar por São Paulo, onde conversaram com executivos do mercado financeiro, os técnicos do FMI chegaram a Brasília incumbidos de analisar o comportamento dos números da economia brasileira desde que o acordo foi fechado.
Apesar de vários indicadores terem piorado de lá para cá -dólar e juros subiram, a inflação aumentou e a relação dívida/PIB cresceu-, a revisão, no entanto, não deve ocorrer agora e deve ficar para depois que tiver sido indicada a equipe econômica do próximo governo.

Discussões para 2003
Tanto o atual governo quanto a equipe do presidente eleito já declararam que preferem que as discussões sobre eventual elevação da meta de superávit primário (economia de receita para o pagamento de juros da dívida) fiquem para fevereiro de 2003.
Segundo a Folha apurou, o próprio FMI já admite deixar para o ano que vem as negociações em torno do superávit.
Assim, a segunda parcela -de US$ 3 bilhões- do empréstimo de US$ 30 bilhões acertado com o país deverá ser liberada sem maiores complicações no mês que vem. Do total do empréstimo, US$ 24 bilhões serão sacados somente ao longo de 2003, já na administração do futuro presidente.
Na semana passada, Malan afirmou que não seriam discutidas alterações na meta de superávit primário nos dias em que a missão estivesse no Brasil.
A meta para 2003 foi estabelecida em 3,75% do PIB. O governo e os petistas argumentam que, até fevereiro, a situação econômica poderá melhorar.


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