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São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 2003

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TRABALHO

No mês passado, foram criadas 7,7 mil vagas; Fiesp vê retomada da atividade, mas diz que consumo é incógnita

Indústria de SP contrata pelo 2º mês seguido

Juca Varella - 23.out.03/Folha Imagem
Linha de montagem em indústria de calçados, em Franca (SP), que tem sido beneficiada pela demanda


ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O nível de emprego da indústria paulista aumentou 0,51% em outubro passado em relação a setembro. A alta, pelo segundo mês consecutivo, marcou o melhor desempenho já verificado para outubro desde 1994, ano de implantação do Plano Real.
Foram criadas 7.731 vagas, o suficiente para fazer com que o saldo de novos postos de trabalho acumulado no ano atingisse 5.538, voltando a ficar positivo depois de quatro meses.
O resultado de outubro foi considerado "acima do esperado e do comportamento histórico para esse mês" por Clarice Messer, diretora da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que divulga o indicador. Por isso, além da oscilação normal do período (sazonalidade), a Fiesp já fala, pela primeira vez desde 2000, em início de ciclo de crescimento.
"Estamos vivendo, de fato, um momento de feliz coincidência, que combina a sazonalidade do fim de ano com o início de recuperação econômica", diz Messer.
Segundo ela, as exportações continuam contribuindo para a melhoria do emprego na indústria de transformação. Mas também já há indícios de recuperação do mercado interno.
Um sinal disso foi o crescimento do emprego, em outubro, em segmentos como o de aparelhos elétricos, eletrônicos e similares (0,65%) e o de doces e conservas alimentícias (0,94%).
Além disso, a desova de estoques acumulados durante a crise dos últimos anos pelo setor varejista fez com que as novas encomendas acontecessem mais tarde neste ano. Isso, segundo Messer, contribuiu para que a recuperação do emprego na indústria se concentrasse em setembro e outubro: "Normalmente, isso teria ocorrido antes ou se diluído".

Consumo
Apesar do saldo positivo do emprego industrial, o próximo bimestre deverá ser decisivo para constatar se a recente retomada é para valer. Fundamental para isso, ressalta Messer, será o comportamento do consumo.
"Por enquanto, sabemos que o varejo está fazendo encomendas e que a indústria está produzindo para atender a essa demanda. Agora, é preciso ver o comportamento das vendas no varejo".
Em pontos percentuais, o forte desempenho do emprego na indústria em outubro se aproxima da expansão recorde de 0,68% registrada no mesmo mês em 1994. Apesar disso, o número de postos criados agora está muito aquém dos daquele período.
Na esteira do boom do consumo provocado pelo Plano Real, implementado em julho de 1994, foram criadas 14.800 vagas em outubro daquele ano. Quase o dobro das 7.731 novas contratações do mês passado.
"Nem dá para comparar. Desde aquela época, o nível de emprego da indústria se afunilou muito", afirma Messer.
Apesar do resultado positivo de outubro -que, no ano, só perde para março, quando o nível de emprego havia aumentado 0,56%- ,a indústria paulista deverá fechar o ano no vermelho.
A Fiesp decidiu não rever, por enquanto, sua estimativa para 2003. A entidade prevê a redução de cerca de 6.000 vagas na indústria de transformação no ano, porque dezembro costuma ser um mês de fortes demissões.
Segundo Messer, tudo depende da expectativa dos empresários: "Se o sentimento empresarial for ruim, as vagas temporárias poderão ser eliminadas no fim do ano".


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