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São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 2003

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CRÉDITO OFICIAL

Recursos vão financiar a produção de veículos para exportação; banco classifica operações de "experimentações"

BNDES libera mais R$ 1,4 bi a montadoras

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) aprovou nas últimas semanas, em operações pouco usuais, US$ 495 milhões (cerca de R$ 1,43 bilhão) em financiamentos para a produção de veículos destinados a exportações. As beneficiárias foram as montadoras multinacionais Volkswagen, Ford, Fiat, General Motors e DaimlerChrysler.
O diretor da área de Planejamento do banco estatal, Maurício Lemos, classificou as operações como "experimentações". Normalmente, o financiamento à produção do BNDES é destinado a pequenas e médias empresas, embora as políticas do banco não descriminem as grandes.
Nessa modalidade, o banco fornece capital de giro à indústria para que ela fabrique bens sob o compromisso de exportá-los em período pré-determinado.
"A orientação do governo federal é para ajudarmos ao máximo as exportações. Como alguns setores têm reclamado da taxa de câmbio, estamos fazendo algumas experimentações", afirmou Lemos. "A Ford e a Volkswagen [as duas operações anunciadas por Lemos] certamente tinham alternativas de financiamento, mas, como o banco está em processo de experimentação, decidimos fazer", acrescentou.
O dinheiro para os empréstimos sairá do orçamento normal do banco. A principal fonte de recursos do BNDES é o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), de cuja arrecadação anual tem direito a 40%, só precisando devolver, salvo em situação excepcional, os juros gerados. As outras fontes são o retorno dos investimentos feitos, empréstimos externos e venda de ações da sua carteira.
De acordo com a assessoria do BNDES, os valores das operações foram de US$ 200 milhões para a Volkswagen, US$ 175 milhões para a Ford, US$ 60 milhões para a DaimlerChrysler, US$ 40 milhões para a GM e US$ 20 milhões para a Fiat. Em entrevista anterior, Lemos havia dito que as operações da Ford e da Volkswagen ultrapassavam R$ 1 bilhão cada uma.
As condições dos financiamentos não foram fornecidas. No pré-embarque para grandes empresas o banco costuma cobrar TJLP (taxa de juros de longo prazo), hoje em 11% ao ano, ou a variação de uma cesta de moedas estrangeiras ou as duas combinadas. À taxa básica é acrescentada uma sobretaxa para o BNDES (até 3% ao ano) e uma sobretaxa do banco repassador dos recursos. O prazo máximo é de 18 meses. No financiamento ao pré-embarque, segundo o BNDES, a empresa não está obrigada a informar no primeiro momento o destino das exportações, mas se as vendas não foram feitas no período previsto ela é punida com multa pesada.
Empréstimos do BNDES a montadoras foram objeto de controvérsia nos dois governos FHC (95-2002). De 98 a outubro de 2000 o banco emprestou montadoras R$ 3,478 bilhões (em reais da época de cada operação).
O caso mais polêmico, de 99, foi o financiamento de cerca de R$ 912 milhões à Ford para que ela instalasse na Bahia uma fábrica que seria construída no Rio Grande do Sul.
Embora a política da direção do BNDES seja priorizar a empresa de capital nacional, o presidente do banco, Carlos Lessa, já disse que não discriminaria as empresas de capital estrangeiro, inclusive às montadoras.


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