|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRÉDITO OFICIAL
Recursos vão financiar a produção de veículos para exportação; banco classifica operações de "experimentações"
BNDES libera mais R$ 1,4 bi a montadoras
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) aprovou nas últimas semanas, em operações pouco
usuais, US$ 495 milhões (cerca de
R$ 1,43 bilhão) em financiamentos para a produção de veículos
destinados a exportações. As beneficiárias foram as montadoras
multinacionais Volkswagen,
Ford, Fiat, General Motors e
DaimlerChrysler.
O diretor da área de Planejamento do banco estatal, Maurício
Lemos, classificou as operações
como "experimentações". Normalmente, o financiamento à
produção do BNDES é destinado
a pequenas e médias empresas,
embora as políticas do banco não
descriminem as grandes.
Nessa modalidade, o banco fornece capital de giro à indústria para que ela fabrique bens sob o
compromisso de exportá-los em
período pré-determinado.
"A orientação do governo federal é para ajudarmos ao máximo
as exportações. Como alguns setores têm reclamado da taxa de
câmbio, estamos fazendo algumas experimentações", afirmou
Lemos. "A Ford e a Volkswagen
[as duas operações anunciadas
por Lemos] certamente tinham
alternativas de financiamento,
mas, como o banco está em processo de experimentação, decidimos fazer", acrescentou.
O dinheiro para os empréstimos sairá do orçamento normal
do banco. A principal fonte de recursos do BNDES é o FAT (Fundo
de Amparo ao Trabalhador), de
cuja arrecadação anual tem direito a 40%, só precisando devolver,
salvo em situação excepcional, os
juros gerados. As outras fontes
são o retorno dos investimentos
feitos, empréstimos externos e
venda de ações da sua carteira.
De acordo com a assessoria do
BNDES, os valores das operações
foram de US$ 200 milhões para a
Volkswagen, US$ 175 milhões para a Ford, US$ 60 milhões para a
DaimlerChrysler, US$ 40 milhões
para a GM e US$ 20 milhões para
a Fiat. Em entrevista anterior, Lemos havia dito que as operações
da Ford e da Volkswagen ultrapassavam R$ 1 bilhão cada uma.
As condições dos financiamentos não foram fornecidas. No pré-embarque para grandes empresas
o banco costuma cobrar TJLP (taxa de juros de longo prazo), hoje
em 11% ao ano, ou a variação de
uma cesta de moedas estrangeiras
ou as duas combinadas. À taxa
básica é acrescentada uma sobretaxa para o BNDES (até 3% ao
ano) e uma sobretaxa do banco
repassador dos recursos. O prazo
máximo é de 18 meses. No financiamento ao pré-embarque, segundo o BNDES, a empresa não
está obrigada a informar no primeiro momento o destino das exportações, mas se as vendas não
foram feitas no período previsto
ela é punida com multa pesada.
Empréstimos do BNDES a
montadoras foram objeto de controvérsia nos dois governos FHC
(95-2002). De 98 a outubro de
2000 o banco emprestou montadoras R$ 3,478 bilhões (em reais
da época de cada operação).
O caso mais polêmico, de 99, foi
o financiamento de cerca de R$
912 milhões à Ford para que ela
instalasse na Bahia uma fábrica
que seria construída no Rio Grande do Sul.
Embora a política da direção do
BNDES seja priorizar a empresa
de capital nacional, o presidente
do banco, Carlos Lessa, já disse
que não discriminaria as empresas de capital estrangeiro, inclusive às montadoras.
Texto Anterior: Resultado Próximo Texto: Setor recebeu R$ 900 mi para investimentos Índice
|