UOL


São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DEPOIS DO APAGÃO

Estatal assina contrato com empresas privadas para retomar obras paralisadas no setor de energia

Eletrobrás fecha parceria para investir mais

DA REPORTAGEM LOCAL

A Eletrobrás deu ontem o pontapé inicial para tirar da gaveta 32 projetos de construção de hidrelétricas, dos 49 previstos desde o governo passado. A estatal, por meio de sua subsidiária Furnas, assinou contrato com a EDP Brasil para concluir as obras da hidrelétrica de Peixe Angical, no rio Tocantins, que estavam paralisadas havia um ano.
O contrato prevê investimentos de R$ 1,38 bilhão. Do total, R$ 710 milhões serão aportados pelos sócios do empreendimento: 59% pelo grupo português EDP, 40% por Furnas e 1% pelo grupo Rede. Os restantes R$ 670 milhões virão de um "pool" de bancos liderado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). "Estamos inaugurando, na prática, a PPP [Parceria Público-Privada]", disse Luiz Pinguelli Rosa, presidente da Eletrobrás.
Pinguelli afirmou que quer repetir esse modelo em outros projetos com a iniciativa privada, para retomar as obras no setor de geração de energia. "Apesar de o PPP ainda não estar aprovado pelo Congresso, a lei nš 10.438 permite que a Eletrobrás faça essas parcerias", observou.
Na verdade, o acordo EDP/Telebrás nada tem a ver com o projeto encaminhado pelo governo ao Congresso. "A PPP virou um termo genérico para qualquer associação entre o setor público e privado", disse José Augusto Marques, presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e da Indústria de Base).
Marques lembra que o projeto de Parceira Público-Privada visa transferir para o setor privado a atribuição de contrair o financiamento necessário à execução de obras públicas para as quais o governo não tem dinheiro.
A empresa só começará a receber do poder público pela obra que realizou depois que ela estiver concluída. O governo também se compromete a, no futuro, complementar a receita da empresa até que o empreendimento comece a dar retorno. "O governo não entra com dinheiro na hora de investir, como está fazendo a Eletrobrás. A PPP é um modelo totalmente diferente", diz Marques.

Usina
A usina Peixe Angical é uma das três hidrelétricas cujas obras estavam paradas por falta de recursos, desde o ano passado. Há outras 29 que nunca saíram do papel.
Segundo Jorge Godinho, presidente do conselho da EDP Brasil, no projeto original da Peixe Angical a EDP responderia por 95% dos investimentos e o grupo Rede pelo restante.
Os empreendedores buscaram financiamento externo para o projeto, mas não conseguiram - as portas do mercado estavam fechadas para o país em 2002. "Diante das dificuldades de financiamento e da dúvida sobre sua rentabilidade suspendemos a obra há um ano," disse Godinho.
Em agosto a EDP começou a negociar com a Eletrobrás uma associação no projeto. "Agora, vamos investir menos do que na situação anterior quando a obra seria financiada só com capitais próprios", diz Antônio Martins da Costa, presidente da EDP. (SANDRA BALBI)


Texto Anterior: Leão atua na fronteira: Cresce fiscalização a sacoleiros
Próximo Texto: Imprevidência: Governo baixa decreto para criar conselho municipal de previdência
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.