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São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 2003

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EUA defendem corte na oferta de aço

ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A embaixadora dos EUA, Donna Hrinak, afirmou que a salvaguarda imposta pelo seu país no ano passado contra a importação de aço, considerada ilegal nesta semana pela OMC (Organização Mundial do Comércio), faz parte da estratégia americana de pressionar as indústrias siderúrgicas espalhadas pelo mundo a reduzirem a produção.
"Parte da decisão [de impor a salvaguarda] foi para começar o diálogo com todos os produtores do mundo para racionalizar a produção", afirmou Hrinak, durante audiência no Congresso.
A salvaguarda a que a embaixadora se refere foi adotada em março de 2002. Hrinak confirmou ontem que o seu país ainda não decidiu se eliminará a medida, apesar da condenação na OMC. Segundo Hrinak, há alguns aspectos da decisão que favorecem os EUA. Não citou nenhum.
Os EUA terão de eliminar a salvaguarda, que é uma sobretaxa sobre a importação de alguns produtos de aço, ou poderão sofrer retaliações dos países prejudicados pela medida. O Brasil faz parte dos grupo que teve prejuízos.
O diálogo para a racionalização da produção mundial, que na prática significa a redução da capacidade instalada no mundo, começou no âmbito da OCDE (Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico) no início de 2002. O Brasil faz parte do grupo que discute uma forma de regular melhor o mercado siderúrgico mundial.
A avaliação inicial do grupo, segundo o vice-presidente executivo do IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia), Marco Polo de Mello Lopes, é que existe uma produção excedente de até 340 milhões de toneladas no mundo, ou seja, cerca de 35% da produção mundial total de aço.
Essa produção excedente só existe, afirmam os EUA e o Brasil, devido a subsídios para a produção e implementação de novas fábricas. A maior parte das fábrica consideradas obsoletas, segundo Lopes, estão no Leste Europeu, na Rússia, no Japão e nos EUA.
A minuta de um acordo, resultado de sete reuniões do grupo, prevê a proibição de qualquer tipo de subsídio para indústrias siderúrgicas.
Há problemas para fechar o acordo, embora haja coincidência no diagnóstico do problema. O Brasil considera que sua indústria já fez por conta própria os ajustes necessários e que ela não sobrevive com base em subsídios. Portanto, o país não está disposto a cortar nenhuma tonelada de produção.
Lopes afirma, sem citar nominalmente os EUA, que existe um corrente no grupo que quer limitar a capacidade de países em desenvolvimento, como China, Brasil e Índia, de expandirem sua produção.


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