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EUA defendem corte na oferta de aço
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A embaixadora dos EUA, Donna Hrinak, afirmou que a salvaguarda imposta pelo seu país no
ano passado contra a importação
de aço, considerada ilegal nesta
semana pela OMC (Organização
Mundial do Comércio), faz parte
da estratégia americana de pressionar as indústrias siderúrgicas
espalhadas pelo mundo a reduzirem a produção.
"Parte da decisão [de impor a
salvaguarda] foi para começar o
diálogo com todos os produtores
do mundo para racionalizar a
produção", afirmou Hrinak, durante audiência no Congresso.
A salvaguarda a que a embaixadora se refere foi adotada em
março de 2002. Hrinak confirmou ontem que o seu país ainda
não decidiu se eliminará a medida, apesar da condenação na
OMC. Segundo Hrinak, há alguns
aspectos da decisão que favorecem os EUA. Não citou nenhum.
Os EUA terão de eliminar a salvaguarda, que é uma sobretaxa
sobre a importação de alguns produtos de aço, ou poderão sofrer
retaliações dos países prejudicados pela medida. O Brasil faz parte dos grupo que teve prejuízos.
O diálogo para a racionalização
da produção mundial, que na
prática significa a redução da capacidade instalada no mundo, começou no âmbito da OCDE (Organização de Cooperação para o
Desenvolvimento Econômico) no
início de 2002. O Brasil faz parte
do grupo que discute uma forma
de regular melhor o mercado siderúrgico mundial.
A avaliação inicial do grupo, segundo o vice-presidente executivo do IBS (Instituto Brasileiro de
Siderurgia), Marco Polo de Mello
Lopes, é que existe uma produção
excedente de até 340 milhões de
toneladas no mundo, ou seja, cerca de 35% da produção mundial
total de aço.
Essa produção excedente só
existe, afirmam os EUA e o Brasil,
devido a subsídios para a produção e implementação de novas fábricas. A maior parte das fábrica
consideradas obsoletas, segundo
Lopes, estão no Leste Europeu, na
Rússia, no Japão e nos EUA.
A minuta de um acordo, resultado de sete reuniões do grupo,
prevê a proibição de qualquer tipo de subsídio para indústrias siderúrgicas.
Há problemas para fechar o
acordo, embora haja coincidência
no diagnóstico do problema. O
Brasil considera que sua indústria
já fez por conta própria os ajustes
necessários e que ela não sobrevive com base em subsídios. Portanto, o país não está disposto a
cortar nenhuma tonelada de produção.
Lopes afirma, sem citar nominalmente os EUA, que existe um
corrente no grupo que quer limitar a capacidade de países em desenvolvimento, como China, Brasil e Índia, de expandirem sua
produção.
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