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POLÍTICA MONETÁRIA
Taxa praticada no over cai de 42,75% para 39,50% ontem e 39% hoje; previsão é de queda gradual
BC mostra cautela ao baixar os juros
CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local
Um dia após ter baixado o teto
dos juros, o Banco Central atuou
ontem de maneira cautelosa e, na
prática, reduziu a taxa para um nível mais elevado do que o antecipado pelo mercado financeiro.
No over, o mercado por um dia, a
taxa ficou em 39,50% ao ano (anteontem, o BC havia tomado dinheiro emprestado a 42,75%). A
taxa sinalizada para hoje é de 39%.
Na interpretação do mercado, o
BC vai reduzir a taxa Selic, média
dos juros do over nos negócios
com títulos públicos, em 0,5 ponto
percentual ao dia.
"O BC fez a opção conservadora.
Os juros básicos vão cair, mas aos
poucos", diz André Penalva, do
Banco Patrimônio. Ao cortar os juros gradualmente, o BC evita ter de
passar pelo constrangimento de
subir as taxas de novo neste ano.
Se o governo tiver problemas
com a aprovação das medidas do
ajuste fiscal no Congresso, se o cenário externo piorar, se os dólares
voltarem a sair com força do país
ou se o acordo com o FMI atrasar,
o BC ainda tem a opção de segurar
os juros do over.
A maior parte dos investidores
apostava que o BC cortaria os juros
Selic de forma brusca, para patamares entre 35% e 38% ao ano. Anteontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) baixou a Tban, o
teto dos juros do over, de 49,75%
ao ano para 42,25% ao ano.
Quando o BC atuou no over pegando emprestado a taxas de 40%
ao ano, às 9h15 de ontem, o nervosismo tomou conta do mercado financeiro. Às 9h43, a mesa do BC
atuou no over novamente e pegou
empréstimo dos bancos a 39,50%.
Às 9h57, o BC fez outra operação
semelhante, tomadora de recursos, a taxas de 39,50% ao ano.
O mercado só se acalmou quando o BC realizou uma operação a
termo, para hoje, emprestando aos
bancos a 39% ao ano.
Mesmo assim, na Bolsa de Mercadorias & Futuros, os mercados
passaram a projetar taxas de
37,80% ao ano para novembro,
contra 35,75% anteontem. Para
dezembro, no entanto, as taxas
projetadas caíram, de 31,25% ao
ano para 30,24%.
Se o governo mantiver o ritmo de
queda nos juros, as taxas Selic do
over passarão para os patamares
de 33,5% a 34% no final do mês. Na
próxima reunião do Copom, no
dia 16 de dezembro, passam para
28% ao ano.
Também para subir os juros do
over até 42,75%, o BC foi praticando altas graduais, de 0,1 ponto percentual ao dia. O BC elevou as taxas para conter a fuga de dólares
por causa da crise de credibilidade
decorrente da moratória russa, em
meados de agosto.
Nas operações de crédito, os juros estavam elevadíssimos, mesmo antes da crise russa, e não devem cair tão já. As taxas embutem
uma folga para cobrir perdas com
a inadimplência.
Empréstimos para capital de giro
de empresas custam, em média,
cerca de 70% ao ano. Cheque especial e cartão de crédito têm, tradicionalmente, os juros mais altos do
mercado, acima de 200% ao ano.
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