São Paulo, sexta, 13 de novembro de 1998

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INVESTIMENTOS
Corte gradual dos juros já se reflete nos fundos, mas, com inflação zerada, a rentabilidade ainda é alta
Aplicações começam a render menos

VANESSA ADACHI
da Reportagem Local

Enquanto o cliente de banco dependente de empréstimos não sentirá efeito algum da redução do juro básico da economia, os investidores serão afetados pela queda.
O rendimento de quem aplica em renda fixa cai quase imediatamente.
Ontem, o governo reduziu a Selic -taxa usada nas operações diárias do BC com o mercado financeiro- de 42,75% para 39,5% ao ano.
Atualmente, é a Selic que serve de referência para a formação de todas as outras taxas de juro do mercado bancário. O governo já sinalizou queda de 0,5 ponto percentual a cada dia para a Selic.
"A partir de agora, as aplicações em renda fixa começam a pagar menos. Ainda assim, é a maior rentabilidade do mundo", diz Marcelo Maneo, diretor da Lloyds Asset Management.
Projeções feitas pelo BankBoston mostram a tendência de rendimento menor. Um fundo DI (que acompanha a variação do Certificado de Depósito Interbancário) do banco que rendeu 2,8% brutos em outubro deverá pagar 2,44% em novembro e 2,24% em dezembro.
"São projeções que podem se alterar dependendo da velocidade de queda dos juros", diz Dilma Barbosa Lima, diretora de fundos do BankBoston.
Na poupança o efeito é semelhante. "A TR, que remunera a caderneta, é formada pelas taxas de mercado. A remuneração da poupança vai cair também", diz Fernando Cruz, diretor de poupança do BankBoston.
Enquanto as cadernetas que venceram ontem pagaram 1,46%, Fernando Cruz estima que as aplicações feitas ontem renderão apenas 1,18% (até 12 de dezembro).
Para tentar prolongar os efeitos das taxas que vigoravam até o início da semana, alguns investidores têm mudado suas aplicações.
A idéia é deixar fundos DI, que acompanham o movimento diário dos juros. A alternativa são fundos que têm títulos prefixados em carteira, ou operações no mercado futuro que simulam os efeitos de uma taxa prefixada.
Quando o fundo remunera o cliente por uma taxa prefixada, ou seja, fixada no início, o rendimento inicial é mantido mesmo quando os juros caem no período.
Mas, na avaliação de especialistas, essa não é uma estratégia amplamente recomendável. "Os fundos prefixados embutem um risco maior. Caso o governo volte a aumentar os juros, haverá uma perda. O fundo DI protege de outra alta eventual", diz Maneo.



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