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PREÇOS
Queda de 0,22% na primeira quadrissemana do mês surpreende a Fipe, que agora já espera menos 1% para 98
Economia 'parada' traz deflação de volta
MAURO ZAFALON
da Redação
Quando se esperava que as taxas
de deflação ficassem ausentes dos
índices que medem preços neste
último bimestre de 98, elas reaparecem com ímpeto ainda maior do
que antes. É o que mostram os dados divulgados ontem pela Fipe
(Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas).
Após fechar outubro com pequeno aumento de 0,02%, os preços
voltaram a cair fortemente na primeira quadrissemana deste mês
no município de São Paulo. A queda foi de 0,22% e surpreendeu até o
coordenador do Índice de Preços
ao Consumidor da instituição, Heron do Carmo, que esperava taxa
positiva de pelo menos 0,15% para
o período.
A queda foi generalizada (exceção feita a saúde e educação) e o
que aconteceu está totalmente fora
da tendência esperada, diz Heron
do Carmo. Segundo ele, esses dados preocupam muito.
Os índices de preços são sempre
mais ágeis para captar as tendências da situação econômica, explica o economista. Se eles já estão refletindo um quadro de retração
econômica, é possível prever quedas ainda maiores da atividade e
do emprego neste final de ano.
Novo cenário
Essa taxa de deflação dá um novo
cenário para os próximos meses. A
Fipe, que esperava taxa de inflação
(alta de preços) de 0,4% para este
mês, agora não descarta uma nova
taxa de deflação (queda de preços).
Heron do Carmo refez também
sua previsão de taxa para 98, que
antes era de queda de 0,5%. Agora,
o economista prevê redução de pelo menos 1% neste ano.
Quanto aos juros, Heron do Carmo diz que o Banco Central foi
conservador na redução da Tban
(Taxa de Assistência do BC), mas
que o importante serão as novas
taxas do overnight. Se o over não
refletir redução maior, as dificuldades econômicas tendem a se
aprofundar, mesmo com a assinatura do acordo com o FMI, diz ele.
A taxa negativa de 0,22% da primeira quadrissemana deste mês
registrou várias surpresas, que refletem bem o arrocho monetário,
diz o economista da Fipe. Uma delas foi a volta das quedas de preços
no setor de vestuário, contrariando todas as tendências para este
período do ano.
Nos últimos 30 dias até 7 deste
mês, os preços de vestuário recuaram 0,43%. Em outubro, após 12
semanas em queda, o setor tinha
voltado a registrar alta (0,17%).
Alimentos industrializados e bens
duráveis de consumo também caíram além da expectativa, puxando
o índice para baixo.
Outro fator importante para a taxa de deflação foram os combustíveis, que estão em queda no índice
da Fipe há 18 semanas.
Para Heron do Carmo, essas quedas contínuas de preços refletem a
forte desova de estoque pelas empresas e a acirrada concorrência
por que passa a economia.
Os dois setores que vêm registrando pequenas altas de preços
em São Paulo são saúde e educação, com 0,17% e 0,15%, respectivamente.
No caso da saúde, o aumento é
devido aos remédios e produtos
farmacêuticos, uma vez que as
consultas médicas estão em queda.
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