São Paulo, sexta, 13 de novembro de 1998

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BID pode ajudar área social

JOÃO BATISTA NATALI
enviado especial a Washington

O Brasil poderá utilizar recursos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para manter os investimentos em projeto de interesse social que foram mutilados pelo ajuste fiscal.
Foi o que declarou ontem à Folha o presidente do BID, Enrique Iglesias, ao comentar as possibilidades de aplicação dos US$ 3,4 bilhões que o governo brasileiro poderá sacar daquela instituição nos próximos meses, como parte do pacote de financiamento que está para ser fechado nas próximas horas com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
O BID entrará com US$ 4,5 bilhões dos estimados US$ 42 bilhões que o Brasil estará incorporando a suas reservas cambiais. Desse montante inicial, US$ 1,1 bilhão já está comprometido com empréstimo feito ao BNDES para programas de estímulo à pequena e média empresa.
É sobre os US$ 3,4 bilhões restantes que Iglesias demonstrou disposição em conversar com o governo brasileiro.
A Folha informou na terça-feira que, em razão do ajuste fiscal, o governo previa que 40,5% dos cortes do Orçamento atingiriam as áreas da saúde, educação, habitação ou saneamento básico, comprometendo ainda alguns projetos do programa "Brasil em Ação".
Na prática, o que o BID sugere é que, em lugar de desacelerar certos programas, o Brasil os mantenha e financie com dinheiro do Tesouro apenas a metade. Seria a contrapartida necessária para que o BID entre com o resto.
Segundo Iglesias, tudo depende da disposição de o governo brasileiro aceitar as condições dos empréstimos -reembolso em cinco anos, e juros de 4% acima da "libor", a taxa de referência do mercado financeiro britânico.
Esses contratos de crédito são bem menos vantajosos do que os de caráter humanitário (prazo de 40 anos, com 1% de juro anual) que o banco está fechando com os países da América Central vitimados pelo furacão Mitch. São mais baratos, no entanto, do que recente contrato superior a US$ 3 bilhões, negociado pela Argentina.



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