São Paulo, sexta, 13 de novembro de 1998

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MONTADORAS
Sindicato do ABC elabora proposta para um programa de estímulo à troca de veículos usados por novos
Metalúrgicos querem renovação da frota

MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (CUT) apresenta hoje ao governo do Estado e às montadoras proposta de incentivo à renovação da frota de automóveis.
A medida é uma tentativa da entidade para evitar demissões em massa no setor automotivo em 99.
Programas de renovação da frota já foram adotados com sucesso na França, Espanha, Itália e Argentina, segundo o sindicato.
As montadoras também defendem um plano para a renovação da frota e elaboram em conjunto uma proposta sobre um programa a ser apresentado ao governo.
Os metalúrgicos querem criar um programa de estímulo à troca de automóveis com mais de 15 anos, que somam 5,5 milhões de unidades -quase um terço do total existente no país.
Esse estímulo seria uma redução de 30% nos preços dos carros populares, caminhões e ônibus.
O sindicato propõe que o governo abra mão de parte dos impostos incidentes sobre os veículos (IPI, ICMS e IPVA). Montadoras e trabalhadores negociariam a redução das margens de lucro e custos.
Os carros usados seria destinados a centros de reciclagem, onde seriam desmontados e aproveitados pelas montadoras.
A proposta dos metalúrgicos não define quem arcaria com os custos operacionais desses centros.
No caso dos demais automóveis, o desconto não seria de 30%, mas de R$ 3.500 a cada veículo novo.
A expectativa dos metalúrgicos é que a proposta crie uma demanda para 400 mil carros novos por ano.
Segundo o presidente do sindicato, Luiz Marinho, isso seria quase suficiente para manter os níveis de produção em 99 semelhantes aos registrados em 97.
Naquele ano, as montadoras chegaram a produzir cerca de 2 milhões de veículos. Em 99, o total deve cair a 1,45 milhão.
O sindicato dos metalúrgicos, entretanto, quer impor duas condições na proposta.
A primeira é a de que qualquer acordo com as montadoras e governo envolva formalização da manutenção do nível de emprego nas fábricas.
A segunda é a de que os carros novos envolvidos na troca tenham um índice de 85% de componentes nacionais, contra os 60% atuais.
A proposta de renovação da frota será feita na mesma semana em que o sindicato iniciou negociações com a Volkswagen para garantir empregos.
A empresa quer adotar uma jornada semanal de quatro dias e cortar o décimo terceiro, abono e participação nos lucros.
O sindicato não aceita abrir mão de conquistas e quer discutir formas de reativar a economia.



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