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Shoppings com produtos ilegais proliferam
Proximidade do Natal e dólar barato animam o comércio popular mesmo em regiões nobres de SP, como a avenida Paulista
Cópias de grifes famosas e
produtos eletroeletrônicos
importados de forma ilegal
estão entre as opções
oferecidas ao consumidor
Adriano Vizoni/Folha Imagem
![](../images/b1312200901.jpg) |
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Entrada do shopping Boulevard Monti Mare, na av. Paulista
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A 12 dias do Natal, as vendas
de réplicas de grifes famosas e
de eletroeletrônicos importados de forma ilegal estão "bombando" em shoppings populares na avenida Paulista e no
centro de São Paulo.
Camisa polo Lacoste e Ralph
Lauren por R$ 30, carteira Dolce&Gabbana por R$ 10, relógio
Tag Heuer por R$ 300, cueca
Versace por R$ 10, iPhone (celular da Apple que navega pela
internet) por R$ 200 e câmera
fotográfica Sony Cyber Shot
por R$ 380 são algumas das opções de mercadorias falsificadas ou descaminhadas (importadas sem pagamento de impostos) oferecidas a clientes
-de executivos que trabalham
na região a turistas.
"Se um shopping é fechado,
em seguida outro é aberto. E o
dólar barato estimula ainda
mais a oferta de produtos "look
like" [em inglês, parecido
com]", afirma Marcel Solimeo,
economista da Associação Comercial de São Paulo.
A Folha visitou na última semana os centros de compras
Paulista Center, Shopping Veneza e Boulevard Monti Mare,
na av. Paulista, e o Shopping 25
de Março, no centro, e constatou que as réplicas estão mais
diversificadas e as vendas são
feitas sem emissão de notas fiscais. Nos quatro centros, os lojistas esperam faturar até 30%
mais neste mês sobre dezembro do ano passado.
"A partir da próxima semana, as mercadorias deverão subir R$ 5, em média, porque o
movimento aumentou", diz
uma vendedora de relógios pirateados no shopping 25 de
Março.
Enquanto o comércio irregular prevê alta de até 30% nas
vendas, o regular estima faturar 12% mais neste mês sobre
igual período de 2008, segundo
cálculo do Fecomercio SP.
"Não há como mensurar a
perda de receita com o comércio irregular. Mas é fato que os
comerciantes sofrem muito
com a concorrência desleal. É
um problema social grave porque eles [os comerciantes que
trabalham na informalidade]
não pagam PIS, Cofins, Imposto de Renda, 13º para os funcionários, que não são registrados.
Quem trabalha de forma legal
se sente um verdadeiro trouxa", afirma Fabio Pina, economista da Fecomercio SP.
Everardo Maciel, ex-secretário da Receita, diz que o comércio de produtos ilegais não é um
problema só do Brasil nem algo
simples de resolver. "Em Nova
York, na Itália e em Paris, também há produtos falsificados.
Para resolver isso, é indispensável uma cooperação internacional entre os países. Os chineses entendem que as réplicas
são uma homenagem às marcas
famosas, e não pirataria."
Para ele, as operações para
fechar esses centros são "bobagem". "É o mesmo que enxugar
o chão com a torneira aberta. Se
não houver acordo internacional, o esforço será enorme com
resultado pífio."
Boa parte dos produtos falsificados entra no Brasil, segundo Maciel, pela fronteira seca,
com cerca de 16 mil quilômetros. "São muitas as pessoas e as
empresas que trazem essas
mercadorias para o Brasil. Por
isso é muito difícil o combate."
Na tentativa de coibir a prática, o Conselho Nacional de
Combate à Pirataria, órgão do
Ministério da Justiça, lançou o
programa "Cidade Livre de Pirataria e do Comércio Ilegal"
-para envolver os municípios.
São Paulo e Curitiba (PR) foram as primeiras a aderir ao
programa, que será estendido a
Brasília, Rio e Ribeirão Preto.
"Não vamos reprimir a ação
de camelôs, mas sim a venda de
mercadorias ilegais. Para isso, é
importante o envolvimento dos
municípios. A pirataria está a
serviço do crime organizado, tira emprego e traz prejuízos à
economia", diz Luiz Paulo Barreto, secretário-executivo do
Ministério da Justiça e presidente do conselho.
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