São Paulo, domingo, 13 de dezembro de 1998

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MERCADO ACIONÁRIO
No mundo todo, apesar da crise, houve valorização de US$ 1,7 trilhão até novembro, segundo a Sobeet
Só Bolsas emergentes perdem neste ano

ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local

Apesar da turbulência financeira internacional dos últimos 12 meses, causada pela crise asiática e pela moratória russa, as Bolsas de Valores mundiais ganharam US$ 1,7 trilhão em 1998, de acordo com estudo inédito da Sobeet (Sociedade Brasileira para o Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica).
Octavio de Barros, diretor técnico da Sobeet, diz que as perdas observadas nas Bolsas mundiais em agosto e setembro já foram significativamente recuperadas nos países desenvolvidos, mas o quadro ainda é negativo nos emergentes.
O estudo compara os valores de mercado das Bolsas mundiais em duas datas -31 de dezembro de 1997 e 17 de novembro de 1998-, usando dados do "IFC-Emerging Markets Factbook", de 1998, e da agência de notícias financeiras "Bloomberg".
A comparação mostra que o valor de mercado de todas as Bolsas do mundo passou de US$ 23,5 trilhões no fim de 1997 para US$ 25,2 trilhões em menos de 12 meses.
Houve, porém, um descompasso na recuperação das Bolsas nos países desenvolvidos e nos países em desenvolvimento entre dezembro de 1997 e novembro de 1998.
Enquanto os desenvolvidos tiveram um ganho no valor de mercado de suas ações de aproximadamente US$ 2,3 trilhões, um aumento de 10,6% no período analisado, os emergentes sofreram uma perda de quase US$ 600 bilhões, uma queda de 25,2%.
Mas nem todos os países desenvolvidos tiveram ganhos: o valor de mercado das empresas do Japão, Ásia e Oceania teve um recuo médio de 4,5%, segundo o estudo, cuja versão integral estará na próxima "Carta da Sobeet".
Com uma valorização de 16,2%, as Bolsas da Europa tiveram o melhor desempenho no período, superior ao observado nos EUA, onde o ganho médio foi de 13,5%.
A participação relativa do valor de mercado das empresas dos países emergentes no valor total das Bolsas mundiais caiu acentuadamente, de 9,47% em 1997 para 6,61% em 1998, o que significa uma volta aos níveis de 1991 (6,53%).
"Essa participação, que é a metade do recorde de 12,58%, alcançado em 1994, parece demasiadamente aquém do valor potencial das empresas dos países emergentes", afirma Barros.
Para o economista, dois fatores são responsáveis pela queda: a fuga em massa de investidores estrangeiros das Bolsas emergentes, na esteira da moratória russa, e a onda de desvalorizações cambiais. Mas ele acha que o valor de mercado nesses países deverá retornar ao nível de 1994 nos próximos anos.
Há quatro razões para isso. A primeira é que o peso dos países em desenvolvimento no PIB (Produto Interno Bruto) mundial é de quase 20%. A segunda é a modernização das Bolsas emergentes e sua crescente integração no mundo.
A terceira é o desenvolvimento tecnológico das empresas dos países emergentes, o que reduz a distância de valores em relação aos países desenvolvidos. E, finalmente, o esgotamento do ciclo de acentuadas desvalorizações cambiais nos países emergentes.



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