|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MERCADO ACIONÁRIO
No mundo todo, apesar da crise, houve valorização de US$ 1,7 trilhão até novembro, segundo a Sobeet
Só Bolsas emergentes perdem neste ano
ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local
Apesar da turbulência financeira
internacional dos últimos 12 meses, causada pela crise asiática e
pela moratória russa, as Bolsas de
Valores mundiais ganharam US$
1,7 trilhão em 1998, de acordo com
estudo inédito da Sobeet (Sociedade Brasileira para o Estudos de
Empresas Transnacionais e da
Globalização Econômica).
Octavio de Barros, diretor técnico da Sobeet, diz que as perdas observadas nas Bolsas mundiais em
agosto e setembro já foram significativamente recuperadas nos países desenvolvidos, mas o quadro
ainda é negativo nos emergentes.
O estudo compara os valores de
mercado das Bolsas mundiais em
duas datas -31 de dezembro de
1997 e 17 de novembro de 1998-,
usando dados do "IFC-Emerging
Markets Factbook", de 1998, e da
agência de notícias financeiras
"Bloomberg".
A comparação mostra que o valor de mercado de todas as Bolsas
do mundo passou de US$ 23,5 trilhões no fim de 1997 para US$ 25,2
trilhões em menos de 12 meses.
Houve, porém, um descompasso
na recuperação das Bolsas nos países desenvolvidos e nos países em
desenvolvimento entre dezembro
de 1997 e novembro de 1998.
Enquanto os desenvolvidos tiveram um ganho no valor de mercado de suas ações de aproximadamente US$ 2,3 trilhões, um aumento de 10,6% no período analisado, os emergentes sofreram uma
perda de quase US$ 600 bilhões,
uma queda de 25,2%.
Mas nem todos os países desenvolvidos tiveram ganhos: o valor
de mercado das empresas do Japão, Ásia e Oceania teve um recuo
médio de 4,5%, segundo o estudo,
cuja versão integral estará na próxima "Carta da Sobeet".
Com uma valorização de 16,2%,
as Bolsas da Europa tiveram o melhor desempenho no período, superior ao observado nos EUA, onde o ganho médio foi de 13,5%.
A participação relativa do valor
de mercado das empresas dos países emergentes no valor total das
Bolsas mundiais caiu acentuadamente, de 9,47% em 1997 para
6,61% em 1998, o que significa uma
volta aos níveis de 1991 (6,53%).
"Essa participação, que é a metade do recorde de 12,58%, alcançado em 1994, parece demasiadamente aquém do valor potencial
das empresas dos países emergentes", afirma Barros.
Para o economista, dois fatores
são responsáveis pela queda: a fuga
em massa de investidores estrangeiros das Bolsas emergentes, na
esteira da moratória russa, e a onda de desvalorizações cambiais.
Mas ele acha que o valor de mercado nesses países deverá retornar ao
nível de 1994 nos próximos anos.
Há quatro razões para isso. A primeira é que o peso dos países em
desenvolvimento no PIB (Produto
Interno Bruto) mundial é de quase
20%. A segunda é a modernização
das Bolsas emergentes e sua crescente integração no mundo.
A terceira é o desenvolvimento
tecnológico das empresas dos países emergentes, o que reduz a distância de valores em relação aos
países desenvolvidos. E, finalmente, o esgotamento do ciclo de acentuadas desvalorizações cambiais
nos países emergentes.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|