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INDÚSTRIA
Trabalhadores do setor de autopeças têm benefícios diferentes conforme a central sindical em atuação
Operário da Força custa mais que o da CUT
da Reportagem Local
As diferentes estratégias de negociação das duas principais centrais do país, CUT e Força Sindical,
fizeram com que o custo da mão-de-obra das empresas de autopeças variasse conforme a bandeira
do sindicato.
Após o fechamento da campanha salarial deste ano, na qual o
reajuste obtido pelos trabalhadores foi o mesmo para as duas centrais, o funcionário da base da Força Sindical continuava com direito
a mais benefícios do que o trabalhador da base da CUT, isto é, continuava custando mais para as empresas do setor.
A diferença no custo da folha de
pagamento é de no mínimo 3%,
dependendo da quantidade de horas extras e de trabalho noturno,
segundo avaliação do negociador
trabalhista do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), Drausio Rangel.
A entidade representa cerca de
650 empresas, a grande maioria
em São Paulo.
Do número total de trabalhadores -aproximadamente 175 mil-
, 63% estão na base de atuação da
Força Sindical.
A base da CUT tem os 37% restantes, mas fica com a maioria das
grandes indústrias do setor.
Enquanto a Força Sindical privilegiou as horas adicionais, a CUT
deu preferência por garantir melhor remuneração na jornada regular de trabalho.
O adicional noturno para os trabalhadores da base da Força, que
era de 50%, ficou em 35% após a
negociação da convenção coletiva
deste ano (o novo valor será aplicado somente para os trabalhadores
que ingressarem no setor).
Para os funcionários da base da
CUT, o adicional noturno continua sendo de 30%.
A hora extra no acordo com a
Força vai de 50% a 60%, conforme
o número de horas trabalhadas.
No caso da CUT, é de 50% nos
dias de semana e sábados e de
100% aos domingos e feriados.
Pelo menos uma empresa do setor, a Mahle Metal Leve, que tem
fábricas tanto na base da Força
Sindical quanto na base da CUT,
confirma que há diferença nos custos do trabalhador entre as duas
centrais.
Segundo o presidente da empresa, Peter Grunow, apesar de pequena, essa diferença torna o trabalhador de São Paulo (Força Sindical) um pouco mais caro que o
funcionários do ABC (CUT).
No entanto, ressalta o executivo,
a diferença é gritante quando existe a comparação entre o custo do
trabalhador na Grande São Paulo e
no interior do Estado.
"A diferença chega a 40%", afirma o presidente da Mahle.
²
Questão de estratégia
O presidente da Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT,
Paulo Sérgio Ribeiro Alves, que
negocia com as empresas de autopeças, diz que a central deu preferência por valorizar a hora normal
de trabalho, que ficou mais cara do
que na base da Força Sindical.
"Não apostamos em ter mais remuneração por adicional noturno
porque as empresas muitas vezes
deixam de produzir à noite em
momentos de baixa atividade",
afirma o dirigente.
Para o presidente do Sindicato
dos Metalúrgicos de São Paulo,
Paulo Pereira da Silva, o Paulinho,
que negocia com as indústrias de
autopeças pela Força Sindical, a estratégia de privilegiar a garantia de
benefícios maiores pode fazer com
que os trabalhadores de sua base
recebam até 30% a mais em alguns
momentos.
O negociador do Sindipeças,
Drausio Rangel, acredita que, a
partir das duas últimas negociações coletivas, a tendência será de
equalização entre os custos por
trabalhador de cada central.
(MAURICIO ESPOSITO)
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