São Paulo, domingo, 13 de dezembro de 1998

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INDÚSTRIA
Trabalhadores do setor de autopeças têm benefícios diferentes conforme a central sindical em atuação
Operário da Força custa mais que o da CUT

da Reportagem Local

As diferentes estratégias de negociação das duas principais centrais do país, CUT e Força Sindical, fizeram com que o custo da mão-de-obra das empresas de autopeças variasse conforme a bandeira do sindicato.
Após o fechamento da campanha salarial deste ano, na qual o reajuste obtido pelos trabalhadores foi o mesmo para as duas centrais, o funcionário da base da Força Sindical continuava com direito a mais benefícios do que o trabalhador da base da CUT, isto é, continuava custando mais para as empresas do setor.
A diferença no custo da folha de pagamento é de no mínimo 3%, dependendo da quantidade de horas extras e de trabalho noturno, segundo avaliação do negociador trabalhista do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), Drausio Rangel.
A entidade representa cerca de 650 empresas, a grande maioria em São Paulo.
Do número total de trabalhadores -aproximadamente 175 mil- , 63% estão na base de atuação da Força Sindical.
A base da CUT tem os 37% restantes, mas fica com a maioria das grandes indústrias do setor.
Enquanto a Força Sindical privilegiou as horas adicionais, a CUT deu preferência por garantir melhor remuneração na jornada regular de trabalho.
O adicional noturno para os trabalhadores da base da Força, que era de 50%, ficou em 35% após a negociação da convenção coletiva deste ano (o novo valor será aplicado somente para os trabalhadores que ingressarem no setor).
Para os funcionários da base da CUT, o adicional noturno continua sendo de 30%.
A hora extra no acordo com a Força vai de 50% a 60%, conforme o número de horas trabalhadas.
No caso da CUT, é de 50% nos dias de semana e sábados e de 100% aos domingos e feriados.
Pelo menos uma empresa do setor, a Mahle Metal Leve, que tem fábricas tanto na base da Força Sindical quanto na base da CUT, confirma que há diferença nos custos do trabalhador entre as duas centrais.
Segundo o presidente da empresa, Peter Grunow, apesar de pequena, essa diferença torna o trabalhador de São Paulo (Força Sindical) um pouco mais caro que o funcionários do ABC (CUT).
No entanto, ressalta o executivo, a diferença é gritante quando existe a comparação entre o custo do trabalhador na Grande São Paulo e no interior do Estado.
"A diferença chega a 40%", afirma o presidente da Mahle.
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Questão de estratégia O presidente da Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT, Paulo Sérgio Ribeiro Alves, que negocia com as empresas de autopeças, diz que a central deu preferência por valorizar a hora normal de trabalho, que ficou mais cara do que na base da Força Sindical.
"Não apostamos em ter mais remuneração por adicional noturno porque as empresas muitas vezes deixam de produzir à noite em momentos de baixa atividade", afirma o dirigente.
Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, que negocia com as indústrias de autopeças pela Força Sindical, a estratégia de privilegiar a garantia de benefícios maiores pode fazer com que os trabalhadores de sua base recebam até 30% a mais em alguns momentos.
O negociador do Sindipeças, Drausio Rangel, acredita que, a partir das duas últimas negociações coletivas, a tendência será de equalização entre os custos por trabalhador de cada central.
(MAURICIO ESPOSITO)



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