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INDÚSTRIA
Resultado é 14% superior, mas continua abaixo dos anos 80
Venda de máquinas agrícolas cresce menos que o esperado
ARTHUR PEREIRA FILHO
da Reportagem Local
Os fabricantes de máquinas agrícolas vão terminar 98 com 24 mil
unidades vendidas, resultado 14%
superior ao do ano passado.
Apesar de ser o melhor desempenho do setor desde 94, a indústria
não dá sinais de grande otimismo.
Isso porque as vendas deste ano representam pouco mais da metade
do total de máquinas comercializadas há quatro anos (46 mil).
"O início do ano foi bom, mas o
segundo semestre foi bastante prejudicado pela crise russa, que afetou a economia mundial", diz Pérsio Pastre, vice-presidente da Anfavea (associação das montadoras
de veículos e máquinas agrícolas).
No primeiro semestre deste ano,
a venda de tratores cresceu 32,5%
em relação a igual período de 97. O
mercado para as colheitadeiras aumentou ainda mais: 63,8%.
Mas o segundo semestre foi decepcionante, diz Pastre. Os resultados até novembro indicam crescimento de apenas 2% a 3% na
venda de tratores e de 12% a 14%
em colheitadeiras, na comparação
com o segundo semestre de 97.
Segundo Pastre, não há falta de
linhas de crédito para a compra
das máquinas e houve redução de
juros para o setor. "O problema é
que o agricultor já está muito endividado e com medo dos efeitos do
pacote fiscal", diz.
A crise internacional também
provocou queda nas exportações
das máquinas. No ano passado, o
faturamento com as exportações
atingiu US$ 760 milhões, recorde
histórico. Este ano não passará dos
US$ 700 milhões, 8% a menos.
Segundo Pastre, o setor está conseguindo vender apenas 50% das
máquinas de que o mercado precisa. É que, segundo números da indústria, o país tem 500 mil tratores,
dos quais 125 mil (25%) têm entre
15 e 28 anos de uso e deveriam ser
substituídos. "São equipamentos
obsoletos. É como continuar usando hoje um computador XT."
²
Isenção
Os fabricantes prevêem 10% de
crescimento no ano que vem. Pastre não considera o índice otimista, apesar das previsões de crescimento zero da economia em 99. Se
a meta for atingida, conta, o setor
vai vender cerca de 26.500 máquinas no mercado interno, bem abaixo da média dos anos 70 e 80.
Esse número pode ser menor se o
governo suspender a atual isenção
do IPI (Imposto sobre Produtos
Industrializados) para as máquinas agrícolas, em vigor até 31 de
dezembro. Caso a lei de 97 não seja
prorrogada, a indústria terá de pagar 5% de IPI a partir de janeiro.
Pastre considera "remoto" o fim
da isenção. Conta que a lei somente estabeleceu prazo até o final de
98 porque havia a perspectiva de
aprovação da reforma tributária.
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