São Paulo, domingo, 13 de dezembro de 1998

Texto Anterior | Índice

INDÚSTRIA
Resultado é 14% superior, mas continua abaixo dos anos 80
Venda de máquinas agrícolas cresce menos que o esperado

ARTHUR PEREIRA FILHO
da Reportagem Local

Os fabricantes de máquinas agrícolas vão terminar 98 com 24 mil unidades vendidas, resultado 14% superior ao do ano passado.
Apesar de ser o melhor desempenho do setor desde 94, a indústria não dá sinais de grande otimismo. Isso porque as vendas deste ano representam pouco mais da metade do total de máquinas comercializadas há quatro anos (46 mil).
"O início do ano foi bom, mas o segundo semestre foi bastante prejudicado pela crise russa, que afetou a economia mundial", diz Pérsio Pastre, vice-presidente da Anfavea (associação das montadoras de veículos e máquinas agrícolas).
No primeiro semestre deste ano, a venda de tratores cresceu 32,5% em relação a igual período de 97. O mercado para as colheitadeiras aumentou ainda mais: 63,8%.
Mas o segundo semestre foi decepcionante, diz Pastre. Os resultados até novembro indicam crescimento de apenas 2% a 3% na venda de tratores e de 12% a 14% em colheitadeiras, na comparação com o segundo semestre de 97.
Segundo Pastre, não há falta de linhas de crédito para a compra das máquinas e houve redução de juros para o setor. "O problema é que o agricultor já está muito endividado e com medo dos efeitos do pacote fiscal", diz.
A crise internacional também provocou queda nas exportações das máquinas. No ano passado, o faturamento com as exportações atingiu US$ 760 milhões, recorde histórico. Este ano não passará dos US$ 700 milhões, 8% a menos.
Segundo Pastre, o setor está conseguindo vender apenas 50% das máquinas de que o mercado precisa. É que, segundo números da indústria, o país tem 500 mil tratores, dos quais 125 mil (25%) têm entre 15 e 28 anos de uso e deveriam ser substituídos. "São equipamentos obsoletos. É como continuar usando hoje um computador XT."
²
Isenção Os fabricantes prevêem 10% de crescimento no ano que vem. Pastre não considera o índice otimista, apesar das previsões de crescimento zero da economia em 99. Se a meta for atingida, conta, o setor vai vender cerca de 26.500 máquinas no mercado interno, bem abaixo da média dos anos 70 e 80.
Esse número pode ser menor se o governo suspender a atual isenção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para as máquinas agrícolas, em vigor até 31 de dezembro. Caso a lei de 97 não seja prorrogada, a indústria terá de pagar 5% de IPI a partir de janeiro.
Pastre considera "remoto" o fim da isenção. Conta que a lei somente estabeleceu prazo até o final de 98 porque havia a perspectiva de aprovação da reforma tributária.



Texto Anterior | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.