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PACOTE
Projeto enviado à Câmara permite que presidente demita funcionários e suspenda processos judiciais
Lei amplia poder do governo argentino
de Buenos Aires
O presidente argentino, Fernando de la Rúa, enviou ao Congresso, na noite de quarta-feira, uma
Lei de Emergência Econômica
elaborada pelo ministro da Economia argentino, José Luis Machinea, que inclui uma série de reformas que pretendem melhorar
as contas públicas e o desempenho econômico do país. O projeto
concede poderes extraordinários
ao Executivo para demitir funcionários e suspender processos judiciais contra o próprio governo.
O projeto de lei, que deve começar a ser analisado pelo Comissão
de Orçamento e Fazenda da Câmara Baixa (deputados) na próxima semana, declara um estado de
emergência pelo prazo de um
ano, prorrogável por mais um
ano. Vários pontos são polêmicos, como os que contemplam a
flexibilização de regras trabalhistas. Não se sabe quanto tempo o
pacote levará para ser aprovado.
O pacote foi anunciado por De
la Rúa em sua mensagem de Natal, mas só agora está pronto o
projeto. Segundo o presidente,
trata-se de um complemento ao já
aprovado pacote fiscal.
A lei de emergência tem duas
frentes principais. Uma pretende
melhorar as contas do governo
via combate à evasão, reformas
administrativas e bloqueio de
ações movidas contra o governo.
A outra visa dar um impulso ao
mercado de trabalho para reduzir
o desemprego, que está em 13,8%.
Se aprovada, a nova lei permitirá a De la Rúa revisar e, se for o caso, rescindir contratos de fornecimento ao Estado assinados no último ano do governo de Carlos
Menem. O presidente também
poderá demitir ou remanejar funcionários que ganharam estabilidade em 1999. Segundo o diário
"Clarín", poderia chegar a 6.000 o
número de demitidos. Tirando
polícia e Forças Armadas, há 85
mil servidores públicos nacionais.
A Aliança, coalizão de oposição
que elegeu De la Rúa, já havia advertido que medidas de última
hora tomadas por Menem haviam piorado as contas públicas e
que seria necessário revisá-las. Os
contratos de empresas privatizadas ficaram de fora da lei e não
podem ser modificados.
Outro ponto que promete ser
polêmico por também mexer
com direitos adquiridos é a suspensão por seis meses de processos judiciais em curso ou já ganhos contra o Estado. As demandas totais contra o governo argentino chegam a US$ 19 bilhões, em
350 mil causas. O projeto também
prevê a emissão de bônus de 16
anos para pagar dívidas.
No capítulo trabalhista, a lei
pretende aumentar de um para
seis meses o período de experiência de novos funcionários da iniciativa privada, para estimular as
empresas a contratar, e acabar
com as negociações coletivas por
categoria.
(VANESSA ADACHI)
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