São Paulo, terça-feira, 14 de janeiro de 2003

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Cresce a concentração do sistema bancário

DA REPORTAGEM LOCAL

O sistema bancário brasileiro está cada vez menos competitivo. Dados da Austin Asis mostram que, entre 1994 e 2002, o percentual de ativos concentrados nas mãos dos dez maiores bancos aumentou de 63,7% para 74,7%.
Com isso, diminuem as perspectivas de redução de tarifas e do chamado "spread" bancário (diferença entre o que uma instituição paga para captar e para emprestar recursos).
"Essa concentração cada vez maior não facilita o barateamento dos preços dos serviços", diz o economista Fernando Cardim, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Segundo Cardim, a forma de solucionar esse problema seria uma regulação maior do mercado por parte do Banco Central.
Ele faz a ressalva que essa concentração do sistema nas mãos dos grandes bancos privados também tem um lado positivo.
"Isso diminuiu o risco sistêmico. As instituições maiores que ficam cada vez mais fortes, ao contrário dos bancos estrangeiros, dificilmente sairão do mercado por conta de crises", afirma Cardim.
Com a aquisição do BBV Banco, o Bradesco se distanciou ainda mais do seu maior competidor, o Itaú. Com a conclusão da operação, o Bradesco continuará como o segundo maior banco do país, atrás apenas do Banco do Brasil, e a maior instituição privada.
Segundo Bruno Pereira, analista do UBS Warburg, a transação torna mais difícil para o Itaú se aproximar do Bradesco e ameaçar a sua posição de líder no ranking das instituições brasileiras.
Com as recentes aquisições do BBA e do Banco Fiat, o Itaú havia chegado um pouco mais perto do Bradesco. "Ao mesmo tempo, as instituições estão sempre em busca de boas oportunidades no mercado, na tentativa de se expandir e ganhar escala, desde que o preço valha a pena", disse Pereira.
Por outro lado, as operações do BBV Banco no Brasil eram vistas como pouco rentáveis em relação a outros investimentos na América Latina. Além disso, o banco não era visto por muitos como apto a competir em um mercado com juros menores, em que seria necessária uma eficiência operacional maior do que a observada nos últimos anos.
(ÉRICA FRAGA E GEORGIA CARAPETKOV)


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