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Cresce a concentração do sistema bancário
DA REPORTAGEM LOCAL
O sistema bancário brasileiro
está cada vez menos competitivo.
Dados da Austin Asis mostram
que, entre 1994 e 2002, o percentual de ativos concentrados nas
mãos dos dez maiores bancos aumentou de 63,7% para 74,7%.
Com isso, diminuem as perspectivas de redução de tarifas e do
chamado "spread" bancário (diferença entre o que uma instituição paga para captar e para emprestar recursos).
"Essa concentração cada vez
maior não facilita o barateamento
dos preços dos serviços", diz o
economista Fernando Cardim,
professor da UFRJ (Universidade
Federal do Rio de Janeiro).
Segundo Cardim, a forma de solucionar esse problema seria uma
regulação maior do mercado por
parte do Banco Central.
Ele faz a ressalva que essa concentração do sistema nas mãos
dos grandes bancos privados
também tem um lado positivo.
"Isso diminuiu o risco sistêmico. As instituições maiores que ficam cada vez mais fortes, ao contrário dos bancos estrangeiros, dificilmente sairão do mercado por
conta de crises", afirma Cardim.
Com a aquisição do BBV Banco,
o Bradesco se distanciou ainda
mais do seu maior competidor, o
Itaú. Com a conclusão da operação, o Bradesco continuará como
o segundo maior banco do país,
atrás apenas do Banco do Brasil, e
a maior instituição privada.
Segundo Bruno Pereira, analista
do UBS Warburg, a transação torna mais difícil para o Itaú se aproximar do Bradesco e ameaçar a
sua posição de líder no ranking
das instituições brasileiras.
Com as recentes aquisições do
BBA e do Banco Fiat, o Itaú havia
chegado um pouco mais perto do
Bradesco. "Ao mesmo tempo, as
instituições estão sempre em busca de boas oportunidades no mercado, na tentativa de se expandir e
ganhar escala, desde que o preço
valha a pena", disse Pereira.
Por outro lado, as operações do
BBV Banco no Brasil eram vistas
como pouco rentáveis em relação
a outros investimentos na América Latina. Além disso, o banco
não era visto por muitos como
apto a competir em um mercado
com juros menores, em que seria
necessária uma eficiência operacional maior do que a observada
nos últimos anos.
(ÉRICA FRAGA E GEORGIA CARAPETKOV)
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